Artigo
Crianças e natureza: um estudo sobre representações de infância
contemporânea
Children and nature: an study about representations of contemporary childhood
Niños y naturaleza: un estudio de las representaciones contemporáneas de la infancia.
Carolina da Silva Severo - Universidade Luterana do Brasil | PPGEDU/ULBRA | Canoas | RS | Brasil.
E-mail: carolinasev@gmail.com
Bianca Salazar Guizzo - Universidade Luterana do Brasil | PPGEDU/ULBRA | Canoas | RS | Brasil. E-
mail: bguizzo_1@hotmail.com
Resumo: O artigo tem como objetivo principal problematizar as representações infantis, vinculadas ao que nomeamos de
infância verde, postas em circulação a partir de publicações do site Catraquinha que é endereçado a pais, mães,
responsáveis e educadoras/es. Para empreender as análises foram selecionadas 91 matérias publicadas entre
junho e dezembro de 2016, cujos títulos continham as palavras infância(s) e ou criança(s). A partir do campo
teórico dos Estudos Culturais em Educação, de viés pós-estruturalista, as análises centraram-se na discussão a
respeito do forte apelo em estabelecer relação entre crianças e natureza, com o intuito de produzir sujeitos
consumidores de uma ideia “verde”: como o uso de tecnologias sustentáveis, produtos orgknicos e uma vida
saudável.
Palavras-chave: Infância verde. Pedagogia cultural. Representação.
Abstract: The main goal of the article is to problematize the children's representations, linked to what we call green
childhood, put into circulation from the website Catraquinha which is addressed to parents, mothers, caregivers
and educators. In order to undertake the analyzes, 91 articles were published between June and December 2016,
whose titles contained the words childhood(s) and/or child(ren). From the theoretical field of Cultural Studies in
Education, with a post-structuralist bias, the analyzes centered on the discussion about the strong appeal to
establish a relationship between children and nature, with the aim of producing subjects consumers of a "green"
idea : such as the use of sustainable technologies, organic products and a healthy life.
Keywords: Green childhood. Cultural pedagogy. Representation.
Resumen: El artículo tiene como principal objetivo problematizar las representaciones infantiles vinculadas con lo que
llamamos «infancia verde», las cuales fueron difundidas en publicaciones del sitio web Catraquinha, dirigido a
padres, madres, responsables y educadoras/es. Para comenzar los análisis, se seleccionaron
91 artículos
publicados entre junio y diciembre de 2016, cuyos títulos contenían las palabras infancia(s) o niño(s). A partir
del campo teórico de los Estudios Culturales en Educación, de carácter posestructuralista, los análisis se
centraron en la discusión sobre la necesidad de establecer una relación entre los niños y la naturaleza, con el
propósito de generar individuos consumidores de una idea «verde»: como el uso de tecnologías sustentables, el
consumo de productos orgánicos y el goce de una vida sana.
Palabras clave: Infancia verde, Pedagogía cultural, Representación.
• Recebido em 25 de fevereiro de 2019 • Aprovado em 14 de agosto de 2019 • e-ISSN: 2177-5796
DOI: http://dx.doi.org/10.22483/2177-5796.2019v21n3p791-806
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SEVERO, Carolina da Silva; GUIZZO, Bianca Salazar. Crianças e natureza: um estudo sobre representações de infância
contemporânea.
Introdução
Uma incursão aos anúncios de publicidade nas redes sociais, aos comerciais televisivos e
aos sites que divulgam as novidades e a programação de espaços de lazer e entretenimento nos
conduz a pensar que estamos vivendo um tempo em que as pessoas estão mais atentas à
sustentabilidade e a outras questões ambientais. O conceito de sustentabilidade foi introduzido e
cunhado por Lester Brown seguindo a ideia de comunidade sustentável de Fritjof Capra (2003).
Cabe mencionar também que a Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e
o Clube de Roma engajaram-se na formalização de tal conceito. De modo simplificado,
sustentabilidade pode ser compreendida como vinculada às ações dos seres humanos que
tenham como principal objetivo suprir suas necessidades sem reduzir as oportunidades das
gerações futuras.
A crescente oferta de feiras de produtos orgânicos nos espaços dos grandes shoppings
centers, o surgimento das lavagens de carros a seco, o aumento de marcas de roupas com tecidos
biodegradáveis, a emergência dos grupos de trocas de roupas infantis e de brinquedos, novos
produtos de higiene e limpeza que não agridem tanto o meio ambiente, as campanhas em
diferentes países pelo não uso de canudinhos de plástico, a produção de cosméticos que não
fazem testes em animais no seu processo de fabricação são alguns exemplos de iniciativas que
revelam que estamos, de certo modo, caminhando para o alinhamento com esses conceitos, bem
como mostram que o mundo dos negócios também está voltado para a elaboração de produtos e
estratégias para atingir esse próspero público.
Nesse cenário de ordem pela boa alimentação, pelo consumo consciente, pelos bons
hábitos em relação ao planeta, as crianças ocupam um papel de destaque como consumidores e
cidadãos do futuro. Assim, diversas marcas têm focado no público infantil para passar esta ideia
de sustentabilidade e consumo verde, tal como a propaganda da fabricante de sabão em pó OMO
que conta com a presença de crianças em brincadeiras com água, com barro e em meio ao verde,
cujo slogan tem a frase “Porque se sujar faz bem!”. Apela
O conceito de sustentabilidade foi introduzido e cunhado por Lester Brown seguindo a ideia de
comunidade sustentável de Fritjof Capra (2003). Cabe mencionar também que Comissão Mundial
Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e o Clube de Roma engajaram-se na formalização de
tal conceito. De modo simplificado sustentabilidade pode ser compreendida como vinculada às
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ações dos seres humanos que tenham como principal objetivo suprir suas necessidades sem
reduzir as oportunidades das gerações futuras1 produção de materiais escolares, também apostou
em produto que une sustentabilidade x infância, o EcoLápis, que se diferencia dos outros
exemplares já existentes no mercado, pelo desenvolvimento de um ciclo sustentável na produção
do artefato. A fabricante ainda desenvolveu aplicativo para telefone celular que tem por objetivo
conectar as crianças à natureza, ao aproximar o celular de um Eco Lápis Faber-Castell2, a criança
vê pela tela do aparelho o objeto se transformando em um animal em realidade aumentada e por
meio de locução recebe informações sobre animais que voltaram a habitar a floresta onde a
madeira para a produção dos lápis é plantada e, por essa razão, recebe o nome de “Floresta sem
fim”.
Em decorrência da importância que a relação crianças x natureza tem ganhado na
contemporaneidade, o principal objetivo deste artigo é problematizar as representações infantis,
vinculadas ao que nomeamos de "infância verde", postas em circulação a partir de 91 notícias e
matérias do site Catraquinha3, publicadas entre junho e dezembro de
2016, cujos títulos
continham as palavras infância(s) e ou criança(s).
O site ora em análise surgiu de uma parceria entre o Instituto Alanae o site Catraca Livre4.
Desde o ano de 2014, o site Catraquinha reúne publicações do Brasil e do mundo sobre
diferentes temáticas, que podem ir desde a divulgação de programação de eventos culturais a
matérias sobre projetos transformadores envolvendo a infância. Com apenas três anos5 de
existência o site obteve um alcance significativo de público e aponta mais de 1,4 milhão de
visitantes por mês, com idades variadas entre 18 e 44 anos. As mulheres são o maior público que
1 OMO é uma marca de sabão presente no Brasil desde 1957 e as letras são a abreviatura da expressão inglesa “Old
Mother Owl” (velha mãe coruja). A ave foi estampada nas caixas do sabão em pó na Inglaterra, no início do spculo
XX, mas nunca foi estampada nas embalagens brasileiras.
2 Uma empresa produtora de material de escritório alemã, fundada em 1761. Atualmente a fábrica brasileira
localizada em São Carlos, no Estado de São Paulo, é a maior produtora mundial de lápis de cor
(com
aproximadamente 1,5 bilhão ao ano).
3 Atualmente o Catraquinha passou-se a chamar Portal Lunetas, uma vez que não tem mais a parceria do Catraca
Livre, apenas a do Instituto Alana. No Facebook apenas alteraram o nome, mantiveram a página que já existia e os
seguidores/curtidas.
4 O Instituto Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em projetos que buscam a
garantia de condições para a vivência plena da infância. O Catraca Livre é um site de comunicação criado,
inicialmente, com o intuito de divulgar agenda cultural gratuita, iniciativa que dá nome à página.
5 Pesquisa realizada pelo site Catraquinha em março de 2017.
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pesquisa, que se entretém e se informa com/no site, sendo elas as responsáveis por 86% dos
acessos e os outros 14% são realizados por homens. Já a localização dos usuários da página, em
sua maioria, é dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Por meio de suas
publicações diárias, o site busca disseminar informações que visam orientar adultos
(responsáveis, professores/as e educadores/as) que convivem ou trabalham com crianças.
Para dar conta do objetivo proposto, este artigo está estruturado da seguinte forma: 1)
discutimos o modo como entendemos os conceitos que dão sustentação teórica ao artigo, quais
sejam: pedagogia cultural e representação; 2) apresentamos os resultados analíticos na seção
"Crianças do brincar livre, do silêncio e do contato com a natureza;
3) traçamos algumas
considerações finais.
Pedagogia Cultural e representação como conceitos analíticos
Nos Estudos Culturais, campo teórico ao qual este artigo se vincula, variadas são as
instâncias a partir das quais os sujeitos aprendem e são constituídos. O site Catraquinha pode ser
compreendido como uma dessas instâncias, uma vez que se apresenta como um espaço destinado
a apontar como deve ser a educação das crianças, orientar sobre os cuidados com recém-nascidos,
recomendar sobre a escolha da melhor escola para filhos e filhas, oferecer dicas sobre a
alimentação adequada, dentre outros temas que interpelam responsáveis, educadores/as e público
em geral que têm acesso ao site. Dessa forma, é possível problematizá-lo como uma Pedagogia
Cultural. Segundo Andrade e Costa (2015, p. 55), o conceito de Pedagogia Cultural
[...] é uma ferramenta que permite mostrar quais e como outros espaços, para além da
escola, produzem ações no sujeito, o subjetivam e o conduzem; um processo também
entendido como educativo, mas cujos objetivos são distintos daqueles da educação
promovida mediante o desenvolvimento de experiências curriculares na escola.
Tal conceito é produtivo por nos permitir compreender que a educação não ocorre
somente em instituições como a escola, família e igreja, mas que outros espaços como os
desenhos, filmes, documentos, novelas, jogos, revistas e sites são também lugares pedagógicos
que educam e produzem efeitos nos sujeitos. As Pedagogias Culturais atuam “na constituição de
sujeitos, na composição de identidades, na disseminação de práticas e condutas, enfim, no
delineamento de formas de ser e viver na contemporaneidade” (ANDRADE; COSTA, 2015, p.
61).
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A partir das suas publicações, dos títulos das matérias e das imagens, o Catraquinha
convoca responsáveis, educadores/as e cuidadores/as a pensarem e informarem-se sobre temas
relacionados à infância, conduzindo e moldando as formas desses sujeitos estabelecerem suas
relações com tudo aquilo que diz respeito a essa etapa da vida, tornando-se desta forma um
espaço que educa e ensina. Como consequência, carrega nessas publicações representações de
infância que contribuem para a forma como compreendemos e educamos as crianças nos dias de
hoje, bem como trabalha auxiliando na constituição de identidades infantis contemporâneas.
Em função de que analisaremos as representações de infância propagadas pelo site, cabe
situar o modo como o conceito de representação é entendido neste estudo. Segundo Silva (2001,
p. 32), a Representação pode ser definida “como inscrição, marca, traço, significante e não como
processo mental — é a face material, visível, palpável, do conhecimento”. Assim, podemos
afirmar que a Representação consiste no modo como os diferentes grupos sociais e culturais são
apresentados nas mais variadas instâncias culturais, como neste caso nos enunciados, nos textos e
nas imagens disponibilizados pelo site (HALL, 2006).
Por esta razão, torna-se relevante buscarmos compreender quais os mecanismos utilizados
nos modos como são produzidas e apresentadas as representações que temos disponíveis
atualmente em nossa cultura, pois Wortmann (2002, p. 26), ao apropriar-se de texto de Stuart
Hall, afirma que “as coisas não significam: construímos o significado das coisas utilizando
sistemas de representação — conceitos e signos”.
Como signos podemos considerar palavras, sons e imagens que incutem e expressam
sentido e são organizados em linguagens, considerando a amplitude desse termo. As linguagens
presentes no material publicado pelo site Catraquinha delimitam, definem, determinam quais
condutas, posturas e comportamentos são compatíveis com o ser criança, construindo, assim,
significados e funcionando como um sistema de representação.
Ao propor analisar as representações de crianças e de infâncias a partir do que é veiculado
sobre elas em sua articulação com a natureza, na seção a seguir discutimos o modo como o
material empírico coloca em evidência representações de uma "infância verde", ou seja, uma
infância cujos sujeitos que a vivenciam são incentivados a explorar e a estar próximo da natureza,
a fazer uso de tecnologias sustentáveis, a consumir produtos orgânicos e a ter uma vida saudável.
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Crianças do brincar livre, do silêncio e do contato com a natureza
Estamos vivendo em um mundo em constante aceleração, regido pela efemeridade e pelos
processos cada vez mais rápidos e velozes. As grandes cidades cada dia mais verticalizadas, com
pessoas enclausuradas pelo trânsito, encarceradas em suas residências por causa da violência,
com intensas rotinas de trabalho e estudo que consomem boa parte das horas do dia, caracterizam
o estilo de vida atual nestes espaços e são circunstâncias históricas, sociais e culturais que
modificam e impactam no modo de ser criança na contemporaneidade.
Para muitas crianças, em especial aquelas oriundas de classes sociais privilegiadas, muitas
brincadeiras e relações hoje são constituídas virtualmente, os esportes são mais assistidos pela
televisão do que praticados em espaços ao ar livre, as casas tornaram-se uma espécie de
confinamento onde passam boa parte do tempo conectadas à internet, as ruas não são mais pontos
de encontro entre seus pares, essas entre outras práticas comuns a uma parcela da população
infantil acabaram distanciando muitas crianças da natureza.
Frente a esse cenário, muitas pessoas têm buscado outras possibilidades que vêm numa
proposta de configurarem-se como linhas de fuga para minimizar ou romper com esse modo de
viver acelerado, sobrecarregado e fugaz. Vinculados a essa proposta estão: a busca por
alimentação orgânica e saudável, a opção por experiências de turismo e/ou outras atividades de
lazer e entretenimento que ampliem o contato com a natureza, a preferência pelo consumo de
produtos de empresas que tenham projetos voltados a questões ambientais e uso de medicamentos
menos invasivos (HONORÉ, 2005).
Essa aparente inquietação e aspiração em buscar tais alternativas têm como consequência
o surgimento de consumidores de uma ideia “verde” e ecologicamente responsáveis e, assim,
automaticamente contribuem para a criação de uma gama de produtos e serviços a fim de atender
essa nova lacuna de público adepta dessa tendência e desse estilo de vida posto em voga
atualmente.
Representar essa "infância verde" como uma possibilidade de ser criança e de vivenciar
essa etapa da vida de forma tida como mais adequada e mais acertada, faz com que desde cedo se
formate e se incuta nos futuros consumidores essa preferência por usufruir, buscar e comprar
mercadorias e serviços atentos à sustentabilidade e também a outras questões ambientais.
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Além de trabalhar a favor da formação de futuros seguidores desse modo de viver que
estarão preocupados em utilizar tecnologia verde e consumir produtos de empresas responsáveis
ecologicamente, também tem o intuito de delegar às crianças a responsabilidade de preservação
do meio ambiente, bem como nos mostra a matpria “Espaço educativo aproxima crianças da
natureza”, da seção Aprender (Figura 1).
Figura 1- Matéria da seção Aprender
Nota: Matéria da seção Aprender, divulga espaço que aproxima crianças da natureza com o objetivo de
conscientização sobre a preservação do ambiente (destaques nossos).
Fonte: HUNGRIA, Camila. Espaço educativo aproxima crianças da natureza. 13 out. 2016. Disponivel em:
https://catraquinha.catracalivre.com.br/geral/aprender/indicacao/espaco-educativo-aproxima-criancas-da-natureza/.
Acesso em: 14 fev. 2018.
A publicação inicia salientando sobre a importância de proporcionar às crianças
experiências em espaços mais naturais para o bom desenvolvimento delas. Assim, aquilo que é
compreendido como “natural” recebe conotação como algo bom e apropriado. Segundo Amaral
(2000, p. 157), essa mudança na valorização daquilo considerado como natural é “decorrente de
uma alteração nas condições materiais de vida das pessoas em geral; assim, quanto mais a
sociedade se distancia do mundo natural, em função de um maior desenvolvimento tecnológico e
científico, maior importância o natural passará a ter para esta sociedade”.
Conforme a publicação, que apresenta as atividades de espaço destinado à realização de
propostas educativas com as crianças como trilha interpretativa e viveiro de mudas propiciando
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momento de contato com a natureza, ao vivenciar situações mais naturais, as crianças passam a
conscientizar-se sobre a necessidade de proteger a natureza.
A constatação de incentivo de reconectar as crianças com a natureza no intuito de formar
futuros cidadãos mais conscientes e que empregarão esforços para proteger e cuidar do meio
ambiente foi observada tambpm na matpria “Tim Gill: Sair de casa é parte crucial da jornada
da infância”, da seção Família, em que é noticiada a entrevista com o pesquisador britânico em
infância, Tim Gill6. Nesta publicação é possível identificar a utilização da palavra e da opinião
de especialista na tentativa de legitimar o que está sendo colocado aos responsáveis e
educadores que acompanham o site Catraquinha, reforçando que seguir tais opções e tendências
pode ser interessante e adequado.
Em resposta a uma das perguntas feitas, o especialista destaca que existem muitas razões
para o fomento de uma aproximação que incentiva a vida ao ar livre. Tal como fica explícito no
trecho abaixo:
Há a conexão das crianças com o mundo natural que é importante - e nós sabemos que
crianças que se conectam com a natureza são mais propensas a cuidarem do meio
ambiente -, mas também acho que se quisermos que as crianças sintam que são parte de
uma comunidade, que eles não são só um filho ou aluno, mas que eles pertencem à
cidade, que eles têm direito à cidade, que eles têm responsabilidade e conexões com
outras pessoas, se quisermos isso, se quisermos que eles se sintam cidadãos engajados,
temos que garantir a eles a chance de sentir essas conexões (LUNETAS, 2016a).
Segundo o entrevistado, é importante que as crianças sejam colocadas em contato regular
com a natureza ainda na infância, para que se sintam pertencentes àquele espaço e passem a
estabelecer uma relação mais próxima de cuidado e zelo.
Outra questão identificada recorre à natureza colocada como uma instância que favorece o
desenvolvimento das crianças. Assim, ao representar essa "infância verde" o Catraquinha está
também evidenciando uma criança que será mais capaz, mais potente, mais criativa, mais
independente, entre outros atributos que são dispostos para interpelar pais, mães e educadores,
dando credibilidade e seguindo o que é posto pela página com o objetivo de produzir/educar um
sujeito com tais capacidades.
Isso pode ser visto na matéria citada anteriormente, em que a oportunidade de contato
com a natureza estará auxiliando na formação de uma pessoa engajada, ativa e responsável
ecológica e socialmente.
6 Filósofo e psicólogo britânico, considerado um dos maiores especialistas sobre infância.
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Na matpria “O que acontece quando crianças cegas experimentam a natureza?”, da seção
Aprender, isso fica explícito logo no início do texto, conforme trecho a seguir, quando alguns
aspectos são elencados e colocados como benefícios e vantagens no desenvolvimento das
crianças.
A natureza propicia desenvolvimento motor e cognitivo, estimula criatividade,
independência, socialização, entre outras coisas. Se todos esses elementos acontecem
durante a relação de qualquer pessoa com a natureza, imagine a potência de proporcionar
tudo isso a uma criança que não pode enxergar (PENZANI, 2016).
Essa importkncia e valência empregada à natureza p reforçada na matpria “7 livros infantis
para encantar as crianças pela natureza”, da seção Família, em que o movimento de reconexão
das crianças com a natureza é colocado como status de urgência. O texto apresenta a opinião do
pesquisador norte-americano chamado Richard Louv7. No excerto a seguir são mencionadas
algumas opiniões do referido autor sobre a relação entre criança e natureza e sobre a falta que o
contato com esta pode causar na vida de meninos e meninas:
O autor [...] ressaltou a urgência de reconectar crianças e adultos ao mundo natural para
uma vida mais saudável e aprendizagens mais significativas. "As pesquisas sugerem
fortemente que o tempo passado em meio à natureza pode ajudar as crianças a aprender a
ter confiança em si mesmas, acalmá-las e ajudá-las a se concentrar", disse (LUNETAS,
2016b).
Na matéria salienta-se que o entrevistado, conforme mencionado anteriormente, foi quem
cunhou o conceito de Transtorno de Déficit de Natureza (TDN) em 2005. A partir desse conceito,
ele faz uma analogia à terminologia da disfunção neurobiológica que causa desatenção conhecida
por Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Entendemos que tal conceito
surge como fruto das circunstâncias nas quais foram dadas às crianças viverem e em decorrência
de características que configuram a contemporaneidade, além de estabelecer uma espécie de
paralelo entre o termo originário da doença que causa a desconcentração, impulsividade e
inquietude.
Parece que o conceito de TDN vem para apontar que os sintomas que caracterizam o
TDAH são causados pela falta de vivências em espaços ao ar livre, pelo distanciamento de
contato com a natureza, pela ausência de momentos de calma e tranquilidade, pelo excesso da
7 Jornalista e autor de nove livros, incluindo “A última criança na natureza” em 2016, ele é cofundador e presidente
emérito da rede Children & Nature, uma organização que ajuda a construir o movimento internacional para
conectar pessoas e comunidades ao mundo natural.
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presença da tecnologia e aparelhos eletrônicos e pelo descomedimento de zelo e cuidados com a
segurança das crianças.
Na extensa matpria “Natureza que educa: a criança livre e conectada com sua essência”,
da seção Defender
(Figura
2), o que viemos apontando, tanto da natureza como uma
possibilidade para expandir e aprimorar as capacidades das crianças, quanto da ausência de
contato com espaços verdes e naturais, é evidenciado e parece estar sinalizando uma possível
correspondência com as características do TDAH.
Figura 2 - Matéria da seção Defender
Nota: A matéria ressalta a importância do contato com a natureza e seus efeitos para minimizar os sintomas do
TDAH (destaques nossos).
Fonte: HUNGRIA, Camila. Natureza que educa: a criança livre e conectada com sua essência. 02 dez. 2016.
Disponivel em: https://lunetas.com.br/natureza-que-educa-a-crianca-livre-e-conectada-com-sua-essencia/.
Acesso em: 27 fev. 2018.
A imagem que acompanha o início do texto da matéria mostra algumas crianças
brincando em meio a um labirinto verde. A falta de nitidez da imagem de duas delas mostra que
estão correndo pelo espaço e que seus corpos estão em movimento experimentando as sensações
do contato com a natureza e do momento.
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Na mesma publicação, diversas razões para a forte insistência em representar a "infância
verde" são postas, tais como a prevenção de problemas de saúde, melhora significativa no
desempenho das atividades escolares, incentivo à imaginação e à criatividade da criança,
diminuição das chances de desenvolvimento de quadro de obesidade infantil e ampliação da
capacidade de desenvolver a autonomia e de gerenciar os riscos que irá correr (Figura 3).
Figura 3 - Matéria da seção Defender
Nota: A matéria coloca como competência do contato com a natureza como possibilidade de desenvolvimento
da autonomia e capacidade de gerenciar riscos (destaques nossos).
Fonte: HUNGRIA, Camila. Natureza que educa: a criança livre e conectada com sua essência. 02 dez. 2016.
Disponivel em: https://lunetas.com.br/natureza-que-educa-a-crianca-livre-e-conectada-com-sua-essencia/.
Acesso em: 27 fev. 2018.
Após a leitura da matéria, a ideia que fica é que esse distanciamento em virtude da
existência de uma visão, tanto da família quanto dos espaços de educação e cuidado, da natureza
como um risco às crianças precisa ser minimizado e a proteção excessiva que pode impedir e
interferir na forma como as crianças brincam deve ser rompida. Para tanto, é preciso deixar que
as crianças explorem o seu corpo, ampliem seus movimentos, circulem por diferentes espaços e
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desenvolvam suas capacidades ao subir em uma árvore e cair e/ou ao tomar banho de chuva e
sujarem-se, por exemplo.
Em “As escolas devem se propor a oferecer o que falta na infkncia”, da seção Defender, é
divulgado o II Seminário Criança e Natureza. A matéria traz também entrevista com Maria Isabel
Barros, pesquisadora sobre infância e consultora do programa que organiza o referido evento.
Na entrevista compartilhada pelo site Catraquinha, Maria Isabel Barros imprime sua
visão daquilo que entende como sendo próprio ao que é ser criança e assinala que considera
adequado a escola e os profissionais que nela atuam oportunizar aquilo que, segundo ela, está
ausente na infância hoje, como, por exemplo, o tempo e o espaço para o brincar livre. Ao ser
questionada sobre o que é ser criança, a entrevistada responde: "Para mim a criança é um ser
potente, autônomo, livre e auto-organizado, que tem sede de vida, de desafios, de se apropriar do
mundo pelo movimento do seu corpo". Na mesma entrevista, ela é questionada sobre o papel da
escola e dos educadores na vida das crianças nessa era da informação, ao que responde:
Eu acredito que as crianças devem ir à escola para estudar e aprender. Mas também acho
que as escolas devem se propor a oferecer o que falta na infância. Nos dias atuais, isso
significa tempo e espaço para brincarem com meninos e meninas de diferentes idades
entregando-se à aventura de fazer a si mesmo (HUNGRIA, 2017).
Em outro trecho da entrevista a questão do tempo livre é trazida novamente e, desta vez,
em contraponto ao tempo disponível, diferenciando o segundo do primeiro.
Acho que precisamos dar pequenos passos, sem ter a expectativa que vamos conseguir
ter um monte de tempo livre de um dia para outro. Lembrar que menos é mais e tentar
cuidar melhor da agenda da família, preservando tempo sem programação, de ócio
mesmo, para todo mundo. E ao mesmo tempo advogar por mais tempo na vida das
crianças, e de todos nós. Onde quer que você exerça influência - nas reuniões da escola,
no grupo de pais, no seu bairro, rua, prédio ou condomínio - peça por mais mobilidade
urbana, por jornadas de trabalho mais equilibradas, por mais tempo livre nas rotinas
escolares (HUNGRIA, 2017).
O ritmo de vida na contemporaneidade é caracterizado pela aceleração, por rotinas
apressadas e agitadas, e o site Catraquinha junto com seus parceiros têm assumido a bandeira de
propor a desaceleração das crianças, o que tem como consequência a representação de uma
infância sem pressa, com o ócio e o tempo livres valorizados e garantidos.
Em tempos em que a vida tornou-se uma corrida à perfeição, em que responsáveis se
vêem preocupados e pressionados a supereducar e bem formar os seus filhos para que se tornem
adultos bem sucedidos (lembrando que neste raciocínio o sucesso está fortemente relacionado a
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aspectos financeiros e aquisição de bens materiais) é que se apresenta esse movimento que busca
distanciar a infância de uma lógica imediatista, de ritmo acelerado e de rotinas sobrecarregadas.
Sob o título “Em entrevista, Renata Meirelles fala sobre brincar livre, silêncio e contato da
criança com a natureza”, da seção Família (Figura 3 e 4), o site Catraquinha publica outra
matéria que coloca em voga a importância do tempo livre na infância, a partir de entrevista com a
idealizadora de diferentes projetos com foco em valorização do brincar.
Figura 3 - Matéria da seção Família
Nota: A matéria destaca a importância do brincar livre, do silêncio e do contato com a natureza (destaques nossos).
Fonte: LUNETAS. Precisamos abandonar o discurso de que adulto não sabe brincar: a pesquisadora Renata
Meirelles fala sobre brincar livre, silêncio e contato da criança com a natureza. 2016. Disponível em:
https://lunetas.com.br/em-entrevista-renata-meirelles-fala-sobre-brincar-livre-silencio-e-contato-da-crianca-com-a-natureza/.
Acesso em: 28 fev. 2018.
A ideia que se tem a partir dos excertos da matéria apresentada é que o site Catraquinha
busca através das suas publicações distanciar, de certo modo, as crianças dos aparatos
tecnológicos, do excesso de zelo, dos muitos estímulos da mídia e, por essa razão, investe em
representar a infância que não é determinada pela neutralidade do relógio, que merece e precisa
de tempo e espaço para brincar livremente. Aparentemente, busca se instalar como uma
possibilidade de devolver às crianças um modo de viver mais desconectado, sem pressa e sem
tantos estímulos causados pelo afã de contribuir no desenvolvimento dos pequenos e em
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 21, n. 3, p. 791-806, set./dez. 2019.
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consequência do ritmo de vida acelerado, considerado como um dos vilões da
contemporaneidade.
Usamos a expressão “devolver”, por acreditar que esse movimento slow emerge na
tentativa de buscar um retorno a outras épocas em que as crianças não eram vistas como agitadas,
impacientes e hiperativas. No entanto, se as crianças de hoje são caracterizadas dessa forma é,
muito provavelmente, em consequência das condições culturais nas quais vivem e a partir das
quais aprendem sobre o mundo.
Atualmente, percebe-se a quantidade de apetrechos com sons e estímulos que
acompanham os carrinhos de bebês, os brinquedos e os livros infantis com músicas altas. Esses
apetrechos, de certo modo, estão vinculados à ansiedade das famílias para que logo seus bebês
comecem a caminhar, para que — numa etapa posterior — consigam segurar o lápis e escrevam
as primeiras letras. Dito de outro modo, pode-se afirmar que nós, adultos, contribuímos para a
formação de crianças agitadas e aceleradas em função dos superestímulos que a elas
proporcionamos. No entanto, como pode ser percebido a partir do que estamos problematizando,
há o empreendimento impetuoso de esforços na tentativa de reverter esse cenário.
Algumas considerações, ainda que não finais
Importante considerar que o site Catraquinha tem uma (ou várias) intencionalidade(s)
implícita(s). Ressaltamos que não tivemos a pretensão de apontar se o que o site publica e veicula
é correto ou adequado, empregando juízo de valor nas análises. Nossa intenção foi apenas
apontar que, na medida em que ele narra crianças e infâncias, não está livre de intencionalidades.
Pelo contrário, o site Catraquinha acaba trabalhando para determinados fins. Fins esses que
provavelmente buscam atender aos interesses de seus parceiros e colaboradores.
A partir das análises empreendidas pode-se afirmar que uma das intencionalidades do site
Catraquinha é, justamente, ensinar, educar, formar sujeitos proativos e autônomos em suas ações,
responsáveis e engajados com questões ambientais, capazes de solucionar e gerir seus possíveis
contratempos. E essa intencionalidade é que, a partir do referencial teórico que elegemos para
discussão, posiciona o site como uma Pedagogia Cultural. Segundo Costa e Andrade (2015, p.
852):
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 21, n. 3, p. 791-806, set./dez. 2019.
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A compreensão de que diferentes artefatos da cultura são produtivos na formação dos
sujeitos encontrou nos Estudos Culturais e nas discussões e análises sobre pedagogias
culturais fundamentação teórica e empírica pertinente. Com isso, novas e instigantes
discussões sobre esta hibridação entre Educação e Comunicação começaram a ser
produzidas, uma vez que os artefatos da cultura contemporânea provavelmente mais
implicados na formação de sujeitos são midiáticos, como textos televisivos, jornalísticos,
radiofônicos, publicitários, fotográficos, fílmicos, assim como aqueles das assim
chamadas novas mídias, conectadas a world web wide.
Tal como o Catraquinha, contemporaneamente, variadas são as instâncias a partir das
quais podemos identificar as operações pedagógicas processadas na contemporaneidade. Por isso,
o tomamos aqui como um artefato que propaga representações e que tem um caráter produtivo
que consequentemente traz efeitos, nos possibilitando pensá-lo e problematizá-lo como uma
Pedagogia Cultural.
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