DOI: http://dx.doi.org/10.22483/2177-5796.2017v19n1p111-126
Conhecendo a licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRPE: aspectos da
formação de professores
Ramofly Bicalho Santos
Ozias Henrique Santos
Resumo: Nossa intenção com este trabalho é conhecer os aspectos históricos da formação de professores na L.A -
Licenciatura em Ciências Agrícolas da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), através da
leitura crítica do Projeto Político Pedagógico. Nosso objetivo principal foi conhecer as bases históricas da
formação de professores do ensino agrícola na UFRPE e as concepções dos atores envolvidos nesse
processo. Desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica e documental utilizando fontes de investigação,
legislações, portarias, decretos e referenciais teóricos produzidos sobre tal temática no Brasil. Neste
trabalho conhecemos as bases históricas da educação agrícola na UFRPE, em especial, a formação de
professores, a constituição da Licenciatura em Ciências Agrícolas e suas demandas de atendimento às
Escolas Agrícolas do nordeste brasileiro. Concluímos que a L.A pode estimular a produção de leituras e
reflexões que contemplem a formação de educadores/as, respeito às diferenças, valorização da identidade
cultural dos sujeitos, individuais e coletivos, através de uma educação inclusiva, questionadora e
democrática.
Palavras-chave: Formação docente. Licenciatura em Ciências Agrícolas. Projeto político pedagógico.
Knowing the degree in Agricultural Sciences of UFRPE: from history to
teacher training
Abstract: Our intention with this work is to know the historical aspects of teacher education in the A - BA in
Agricultural Sciences of Federal Rural University of Pernambuco (UFRPE), through a critical reading of
the Political Pedagogical Project. Our main objective was to know the historical bases of the training of
teachers of agricultural education in UFRPE and the conceptions of the actors involved in this process. We
developed a bibliographical and documentary research, using sources of investigation, laws, ordinances,
decrees and theoretical references produced on this subject in Brazil. In this work we know the historical
bases of agricultural education in UFRPE, in particular, teacher training, the establishment of the Degree in
Agricultural Sciences and its demands of attendance to Agricultural Schools of northeastern Brazil. We
conclude that L.A can stimulate the production of readings and reflections that contemplate the formation
of educators, respect for differences, and valorization of the cultural identity of individual and collective
subjects, through an inclusive, questioning and democratic education.
Keywords: Teacher education. Degree in Agricultural Sciences. Pedagogical political project.
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SANTOS, Ramofly Bicalho; SANTOS, Ozias Henrique. Conhecendo a licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRPE:
aspectos da formação de professores.
Introdução
O objetivo principal deste artigo é conhecer os aspectos históricos da formação de
professores do ensino agrícola na L.A - Licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRPE -
Universidade Federal Rural de Pernambuco, atrelados aos fatores culturais, políticos e sociais que
influenciam as diferentes etapas e processos históricos da produção crítica do conhecimento.
Entendemos que a formação docente e as transformações educacionais na primeira década do
século XXI podem ser vistas como possibilidades de expressão da gestão democrática e
emancipatória. Ela incorpora debates e processos de ensino-aprendizagens autônomos na
consolidação das escolas agrícolas do nordeste brasileiro, tendo como preocupação o respeito às
diferenças sociais, culturais e religiosas.
Este texto mostra ainda os primeiros resultados da Dissertação de Mestrado em Educação
defendida no PPGEA - Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola da UFRRJ -
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Uma das nossas preocupações foi conhecer os
princípios políticos e pedagógicos da Licenciatura em Ciências Agrícolas na UFRPE, suas
bandeiras de lutas e projetos emancipadores, considerando os seguintes desafios: formação
política dos educadores e educandos, trabalho coletivo, valorização das histórias de vida e as
possíveis articulações entre saberes históricos e educação popular.
O Ensino Agrícola no Brasil foi iniciado no Centro de Pesquisas Jardim Botânico,
também conhecido como Horto Real. No entanto, aparece com mais ênfase através da
implantação do curso de agricultura, no Estado da Bahia, em 25 de junho de 1812, a pedido de D.
João. Todavia, é com a promulgação do Decreto 8.319 de outubro de 1910 que o ensino agrícola
é organizado e várias instituições são criadas para tal feito. A Escola Superior de Agricultura e
Veterinária localizada no Rio de Janeiro é a mais conhecida. Já em Pernambuco, os primeiros
passos do Ensino Agrícola foi com a implantação do “Orphanato Izabel” em 1874, no município
de Palmares, criado pelo Barão de Lucena. Este estabelecimento tinha como objetivo recolher
jovens abandonados e dar-lhes os conhecimentos agrícolas. Foi o primeiro estabelecimento a
oferecer ensino prático de agricultura no Estado de Pernambuco. Em 1894 o “Orphanato Izabel”
foi transformado em Escola Industrial Agrícola Frei Caneca, oferecendo dois cursos: um
preliminar de estudos preparatórios em três anos e o outro profissional com ênfase em estudos
técnicos e duração de cinco anos.
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aspectos da formação de professores.
Além das Instituições acima citadas, em 1911 foi criada, em Pernambuco, a Escola Média
de Agricultura no município de Jaboatão, com o intuito de formar profissionais capazes de
administrar, organizar e explorar estabelecimentos agrícolas. Os estudos superiores ficaram sob a
responsabilidade da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária de São Bento -
ESAMVSB, fundada no dia 03 de novembro de 1912, em Olinda. Esta instituição, após inúmeras
mudanças ao longo de sua história, deu origem à atual Universidade Federal Rural de
Pernambuco (ARAÚJO, 2013).
Neste artigo, utilizamos a metodologia da pesquisa qualitativa, dialogando com os
princípios defendidos por (MINAYO, 1994). Nosso campo exploratório teve como principal
finalidade a estreita aproximação com a realidade, combinando teoria, dados e aprofundamento
de conceitos, a partir de levantamento bibliográfico, documental e realização de entrevistas não
padronizadas
(GIL,
1999). Nessa conjuntura, procuramos conhecer historicamente a
Universidade Federal Rural de Pernambuco, em especial, a formação de professores agrícolas e a
Licenciatura em Ciências Agrícolas, segundo o Projeto Político Pedagógico do curso.
Contextualizando a pesquisa: a Universidade Federal Rural de Pernambuco
A Universidade Federal Rural de Pernambuco tem como instituição de origem a Escola
Superior de Agricultura e Medicina Veterinária de São Bento - ESAMVSB, fundada no dia 03 de
novembro de 1912, em Olinda, mais especificamente, no Mosteiro de São Bento. As primeiras
aulas iniciaram apenas no dia 01 de fevereiro de 1914, contemplando o ensino agrícola e
veterinário. Os monges beneditinos, responsáveis pela administração das aulas, foram, inclusive,
enviados para Europa, com o intuito de se especializarem no magistério superior em agricultura e
veterinária. No entanto, neste momento inicial de formação, muitos alemães especialistas nas
Ciências Agrárias foram contratados por um período de três anos.
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Figura 1 - Hospital Veterinário da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária de São Bento
Fonte: LEÃO, R. S. C. (Org.). Memorial fotográfico da UFRPE - o livro dos 100 anos. Pernambuco:
UFRPE, 2013.
Observando algumas dificuldades iniciais de funcionamento em relação às atividades
práticas dos alunos, os beneditinos responsáveis pela ESAMVSB resolveram transferir a Escola
de Agricultura para o Engenho São Bento, localizado a oito quilômetros da Estação Tapera,
Estrada de Ferro Central de Pernambuco, município de São Lourenço da Mata. Essa transferência
foi realizada no dia 07 de janeiro de 1917 e as aulas iniciaram no dia 03 de março do mesmo ano.
Foi também em 1917 que a ESAMVSB conferiu os primeiros graus de médicos veterinários e
engenheiros agrônomos. O farmacêutico Dionisyo Meili, formado na Faculdade de Medicina da
Bahia, entrou como portador de diploma, obtendo dispensa em várias disciplinas no curso de
Medicina Veterinária. Ele foi o primeiro aluno a concluir um curso na ESAMVSB e o primeiro
médico veterinário formado e diplomado no país, em 13 de novembro de 1915. No dia 11 de
janeiro de 1917 formou-se a primeira turma de médicos veterinários do Estado de Pernambuco.
Em 1918, a instituição conseguiu seu registro perante o Ministério da Agricultura. Do ano de
1914 até 1923 a Escola de Agricultura diplomou 23 engenheiros agrônomos. A Escola de
Medicina Veterinária, 18 médicos veterinários. No entanto, a Escola de Medicina Veterinária,
após a transferência da Escola de Agricultura para o município de São Lourenço da Mata, teve
sua procura bastante reduzida e acabou fechando no dia 29 de janeiro de 1926.
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Em 1936, a Escola Superior de Agricultura de São Bento, em função do processo de
estadualização, passou a se chamar Escola Superior de Agricultura de Pernambuco. O ensino
superior agrícola em Pernambuco, após 25 anos dirigidos pelos beneditinos, seria organizado
pelo governo do Estado. Em 1938, a Escola Superior de Agricultura de Pernambuco, em
funcionamento no Engenho de São Bento, foi transferida para a localidade de Pedra Mole, atual
bairro Dois Irmãos, município do Recife, enquadrando-se nos dispositivos legais propostos pelo
Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Após uma série de equiparações, a Escola
Superior de Agricultura de Pernambuco passou a se chamar Universidade Rural de Pernambuco,
em 24 de julho de 1947. No ano de 1955 a instituição é federalizada através da lei nº. 2.524. Em
1967, a partir do decreto federal de nº. 60.731, oficialmente, ganha o nome de Universidade
Federal Rural de Pernambuco (ARAÚJO, 2013).
A formação docente e a educação agrícola na UFRPE: contexto histórico
A formação docente agrícola na UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco
teve início em 19 de novembro de 1965 num convênio com a SUDENE - Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste e o Ministério da Agricultura, criando, inclusive, o Centro
Regional de Educação Técnico-Agrícola - CRETA. O CRETA desenvolvia várias atividades,
com destaque para o encontro de diretores dos Colégios Agrícolas do Nordeste. Tais encontros
tinham a intenção de dialogar acerca da formação de professores do ensino agrícola.
Em 1969 a UFRPE vivenciou um processo de reestruturação e o CRETA passou a se
chamar CFTPA - Centro de Formação e Treinamento de Professores Agrícolas. Em 1975, a partir
de uma nova reestruturação, foi substituído pelo Departamento de Educação. Em 1971 foi
elaborado o primeiro curso de formação pedagógica para Licenciatura em Ciências Agrícolas, em
parceria com a SUDENE, tendo como base o Parecer 111/71 e a Resolução 09/69. O objetivo
principal desse curso era habilitar e qualificar professores agrícolas em exercício nas Escolas
Agrotécnicas do Nordeste.
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Figura 2 - Participantes do Primeiro Encontro de Diretores dos Colégios
Agrícolas do Nordeste. UFRPE. 27-31/03/1967.
Nota: Texto publicado na Revista da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior em 1991 e
atualizado em 2005.
Fonte: TAVARES, C. A. A formação de professores agrícolas na Universidade Federal Rural de
Pernambuco: histórico, realidade e perspectivas. Anais da Academia Pernambucana de Ciência
Agronômica, Recife, v. 2, p. 32-41, 2005.
O Ministério da Educação, de acordo com a Portaria Ministerial nº 432/71 que instituiu
duas formas emergenciais para formação de professores das chamadas "disciplinas específicas do
ensino de 2º grau", resolveu ofertar a formação de professores agrícolas em cursos de regimes
intensivos e emergenciais, com a seguinte denominação: Esquemas I - diplomados em ciências
agrárias. Esquemas II - técnicos agrícolas. No período de 1971 a 1982 a UFRPE, em convênio
com a SUDENE, PRODEM - Programa de Desenvolvimento do Ensino Médio, PREMEN -
Programa de Expansão e Melhoria do Ensino, CENAFOR - Centro Nacional de Aperfeiçoamento
de Pessoal para Formação Profissional e COAGRI - Coordenação de Ensino Agropecuário,
formou no Esquema I, 191 professores agrícolas de diversas escolas agrícolas em todo o Brasil,
num currículo que contemplava as disciplinas básicas, técnicas e pedagógicas. No Esquema II
foram habilitados 28 técnicos agrícolas.
Em 1972 a UFRPE apresentou ao Conselho Federal de Educação o projeto referente ao
curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas. Tal projeto foi autorizado pelo Conselho através do
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SANTOS, Ramofly Bicalho; SANTOS, Ozias Henrique. Conhecendo a licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRPE:
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parecer 320/72. No entanto, o curso foi extinto pela UFRPE em 1976 e seus 220 estudantes
transferidos, após um plebiscito, para o curso de Agronomia. Apenas em 1983 a UFRPE aprovou
a Licenciatura em Ciências Agrícolas perante o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, nos
moldes que funciona hoje. Esta Licenciatura é oferecida para estudantes e diplomados dos cursos
de Agronomia, Medicina Veterinária, Engenharia Florestal, Zootecnia, Engenharia de Pesca e
Engenharia Agrícola, desde 1984.
Os principais motivos para oferta deste curso estão descritos, a seguir: 1) Implantação dos
cursos de Engenharia de Pesca e Engenharia Florestal, em 1972. 2) Desejo dos profissionais das
Ciências Agrárias de exercer o magistério. 3) A legislação obrigava a formação de licenciados
para Agrônomos, Veterinários e Técnicos Agrícolas que atuavam nas escolas e colégios
agrícolas, forçando o retorno à UFRPE para tal qualificação. 4) Outro importante motivo foi a
experiência, bem sucedida, nos cursos de habilitação do magistério para Agrônomos e
Veterinários que cursaram a parte pedagógica (TAVARES, 2005). Com esta Licenciatura, a
UFRPE e seus colaboradores, passaram a contribuir, historicamente, com a área educacional
agrícola, o desenvolvimento sustentável do meio rural e a valorização dos sujeitos camponeses.
Passou a ser encarada como instituição formadora de recursos humanos, com capacidade crítica e
emancipadora, atuando em vários espaços do campo brasileiro, em especial, no fortalecimento da
agricultura familiar.
Conhecendo a licenciatura em Ciências Agrícolas
O curso de Licenciatura Plena em Ciências Agrícolas da UFRPE, popularmente
conhecido por L.A, foi criado pela Resolução nº 12/70 do Conselho de Ensino e Pesquisa da
UFRPE e autorizado pelo Conselho Federal de Educação através do Parecer nº 320/72. O
processo seletivo é organizado semestralmente pela coordenação do curso e tem a intenção de
selecionar quarenta estudantes, através da realização de entrevistas, análise curricular e outros
elementos definidos pela coordenação. Ocorre apenas para graduandos que tenham concluído o
quarto período dos cursos de Agronomia, Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia de
Pesca, Engenharia Florestal, Medicina Veterinária, Zootecnia e os diplomados nestes cursos.
De acordo com o Projeto Político Pedagógico - PPP, o curso tem como objetivo geral
formar educadores que contribuam com práticas educativas para ampliar os conhecimentos e o
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estabelecimento da convivência sustentável entre homem e natureza. A formação docente
realizada pela L.A está centrada no compromisso social, visando articulações entre o
conhecimento teórico e prático, colaborando com o contexto rural e a gestão do desenvolvimento
local. Nesta Licenciatura, segundo o PPP, é assegurado o exercício da cidadania, prática social e
formação de valores. Além disso, exalta-se a construção do conhecimento através da educação
popular e a diversidade cultural, formando educadores que atuem como agentes da
transformação.
O Licenciado em Ciências Agrícolas tem como campo de atuação os seguintes espaços: 1)
Estabelecimentos de ensino fundamental, médio e de educação profissional. 2) Escolas agrícolas
e/ou agrotécnicas. 3) Agências de desenvolvimento. 4) Organizações não-governamentais. 5)
Cooperativas e associações.
6) Órgãos públicos e privados. Além disso, o profissional de
educação agrícola pode atuar nas seguintes áreas do conhecimento: 1) Ciências Agrárias. 2)
Educação, educação do campo, educação rural. 3) Agricultura familiar. 4) Educação ambiental.
5) Agricultura sustentável. 6) Desenvolvimento local. O trabalho desse educador agrícola não se
limita à sala de aula. Faz-se extremamente necessária a preocupação com pesquisas científicas e
extensão. Seu trabalho repercute no mundo agrícola, construindo conhecimentos necessários ao
agricultor brasileiro de forma diferenciada, considerando as reflexões em relação à ciência,
tecnologia, consciência ambiental e sustentabilidade.
Segundo o Projeto Político Pedagógico, a matriz curricular do curso atende os seguintes
princípios: 1) Articulação dos diferentes âmbitos do conhecimento profissional. 2) Interação,
comunicação e desenvolvimento da autonomia intelectual e profissional. 3) Disciplinaridade e
interdisciplinaridade.
4) Articulação entre formação comum e formação específica.
5)
Articulação dos conhecimentos educacionais e pedagógicos que fundamentam a ação educativa.
Para uma melhor compreensão didática, dividimos a matriz curricular da Licenciatura em
Ciências Agrícolas, em linhas horizontais e linhas verticais. As linhas horizontais apresentam
quatro blocos de disciplinas que compreendem as diversas formações do curso. As linhas
verticais estão divididas em seis períodos, compostas pelas disciplinas que deverão ser cursadas.
Daremos ênfase às linhas horizontais, abordando os blocos de formação. No primeiro bloco
temos as disciplinas de formação profissional específica. Essas disciplinas estão relacionadas à
produção animal e vegetal, cursadas nos cursos de origem e apresentadas à coordenação da L.A,
num total de 1185 horas. Neste bloco, os estudantes de Medicina Veterinária não tem acesso às
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disciplinas de produção vegetal, por não fazer parte do curso de origem. Esta pode ser uma
fragilidade verificada na formação profissional deste licenciando.
O segundo bloco é composto pelas disciplinas de formação profissional pedagógica,
oferecidas no curso de L.A, num total de 630 horas de atividades. Ele é muito importante para
formação crítica e emancipadora dos estudantes, em sua grande maioria, vinculados a cursos
tecnicistas. Esse bloco de formação pedagógica é responsável pelas disciplinas que agregam valor
na formação dos educadores, desenvolvendo a criticidade, o compromisso social e a inserção do
estudante na realidade sócio educacional, apresentando uma formação humanística que fortaleça
os sujeitos do campo.
O terceiro bloco é composto por uma carga horária de 810 horas, diretamente relacionadas
às práticas de ensino e aos estágios supervisionados. As disciplinas são cursadas a partir do
primeiro período e segue a mesma lógica de divisão do primeiro bloco. Os estudantes oriundos
dos cursos de produção animal farão seus estágios e práticas de ensino apenas em ambientes
relacionados a este tipo de produção. O mesmo ocorre para os estudantes dos cursos de produção
vegetal. As práticas de ensino e os estágios curriculares têm a intenção de articular teoria e
prática, desenvolvendo competências profissionais ligadas ao exercício da cidadania e prática
social, descrito no Projeto Político Pedagógico de curso.
Por fim, o quarto bloco, com 210 horas de carga horária, está relacionado às atividades
complementares. Tais atividades compreendem tudo aquilo que o estudante pode fazer fora do
seu programa de disciplina, por exemplo, a participação em eventos, seminários e congressos.
Para essas atividades o curso desenvolve uma semana de interação conhecida como “Semana de
Culminância”, atendendo alguns princípios presentes na matriz curricular, em especial, a
integração dos conteúdos trabalhados nos semestres, a partir da interdisciplinaridade e trabalho
coletivo desenvolvido nas disciplinas de prática de ensino.
A Semana de Culminância é essencial no desenvolvimento das turmas e estudantes da
Licenciatura em Ciências Agrícolas. As trocas de experiências mútuas enriquecem o evento e a
formação dos sujeitos envolvidos na utilização dos recursos didáticos e metodológicos. A semana
tem suas apresentações realizadas de forma decrescente, por período. O sexto período é o
primeiro a apresentar suas atividades. Em seguida, o quinto, e assim por diante. Tais
apresentações trabalham com diversas linguagens, dentre elas: teatro, música e literatura de
cordel. A seguir, a matriz curricular da Licenciatura em Ciências Agrícolas:
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aspectos da formação de professores.
Figura 3 - Matriz curricular do curso de L.A em 2015.
Fonte: Coordenação do curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRPE.
Verificamos que a Licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRPE mantém suas
particularidades de acesso, organização pedagógica e estrutura curricular. Diferencia-se dos
demais cursos em outras universidades brasileiras e mesmo na UFRPE, ressaltando a organização
em seis períodos e uma carga horária de 2.835 horas, entre formação profissional, pedagógica,
prática de ensino, estágio supervisionado e atividades complementares. Realiza seleção semestral
para entrada de quarenta estudantes diplomados ou cursando até o quarto período de Agronomia,
Engenharia Agrícola e Ambiental, Engenharia de Pesca, Engenharia Florestal, Medicina
Veterinária e Zootecnia. Seu foco está centrado na agricultura familiar, orgânica e agroecológica,
reconstruindo conceitos científicos e práticas abordadas nos cursos de origem. Tais posturas e
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aspectos da formação de professores.
direcionamentos podem contribuir com a formação crítica deste licenciando. As conversas com
os sujeitos do curso dão conta de possíveis reformulações do Projeto Político Pedagógico,
inclusive, com possibilidades de mudanças no processo seletivo e na estrutura curricular da
Licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRPE.
A formação de professores do ensino agrícola: uma breve discussão
A discussão sobre formação de professores do ensino agrícola no Brasil é fortalecida nas
décadas de
1970,
1980 e
1990, a partir da implantação dos cursos de licenciatura. O
desenvolvimento das pesquisas em relação à formação de professores dialogou com o movimento
de profissionalização docente e os debates em relação à escola, garantindo a legitimidade da
profissão (TARDIF, 1999).
No Brasil, em especial, a partir da década de 1990, novos enfoques e paradigmas foram
defendidos para compreender a formação de professores do ensino agrícola, suas práticas
pedagógicas, histórias, memórias e identidades. As pesquisas desenvolvidas destacam a
importância dos educadores, os aspectos históricos e profissionais, a formação crítica e
emancipadora além dos espaços escolares e institucionais. Segundo Perrenoud (2001), numa
época de tantas mudanças, a questão da formação de professores vem assumindo posição de
urgência nos espaços escolares.
Os cursos de formação de professores precisam superar o déficit histórico em relação à
formação pedagógica. Segundo (PEREIRA, 1999) alguns cursos de licenciatura trabalham na
lógica da mera transmissão de conhecimentos. Os conteúdos específicos precedem os
pedagógicos, sem a mínima articulação. No intuito de defender a importância da formação de
professores, em especial, das ciências agrícolas, decidimos apresentar a tabela abaixo, com os
saberes docentes defendidos por (TARDIF, 2004, p. 63):
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aspectos da formação de professores.
Tabela 1 - Saberes docentes
Saberes dos professores
Fontes sociais de aquisição
Modos de integração no
trabalho docente
Saberes pessoais dos professores.
A família, o ambiente de vida, a
Pela história de vida e pela
educação no sentido lato, etc.
socialização primária.
Saberes
provenientes
da
A escola primária e secundária,
Pela
formação
e
pela
formação escolar anterior.
os estudos pré-secundários não
socialização pré-profissionais.
especializados, etc.
Saberes
provenientes
para
Os estabelecimentos de formação
Pela
formação
e
pela
formação profissional para o
de professores, os estágios, os
socialização profissionais nas
magistério.
cursos de reciclagem, etc.
instituições de formação de
professores.
Saberes
provenientes
dos
A utilização de
“ferramentas”
Pela utilização das “ferramentas”
programas e livros didáticos
dos professores: programas,
de trabalho, sua adaptação às
usados no trabalho.
livros didáticos, cadernos de
tarefas.
exercícios, fichas, etc.
Saberes provenientes da sua
A prática do ofício na escola e na
Pela prática do trabalho e pela
própria
experiência
na
sala de aula, a experiência dos
socialização profissional.
profissão, na sala de aula e na
pares, etc.
escola.
Fonte: TARDIF, M.
Los saberes del docente y su desarrollo profesional. Madrid: Narcea, 2004. p. 63.
Nesta tabela, o autor procura abordar os saberes necessários à vida profissional do
professor. A forma diversificada de entender os saberes docentes e as relações entre eles, é
reafirmada por (GAUTHIER, 2006, p. 28): "é muito mais pertinente conceber o ensino como a
mobilização de vários saberes que formam uma espécie de reservatório no qual o professor se
abastece para responder as exigências especificas de sua situação concreta de ensino".
Percebemos o quanto é desafiador para os docentes trabalhar o saber científico com um público
composto por vários segmentos sociais. Não é possível executar as mesmas práticas docentes,
com formas de expressão, crenças, valores, expectativas e contextualização sócio-familiar de
estudantes tão diversificadas
(DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002). Nesse
contexto, concordamos com as atuais pesquisas sobre formação de professores. Elas nos revelam
a importância de analisar a prática pedagógica como algo essencial, contrária às ideias de
separação entre formação teórica e prática, embora reconheça a complexidade da associação entre
práticas educativas e cotidianas. Segundo
(TARDIF; LESSARD; LAHAYE, 1991, p. 219)
“Quanto mais um saber é desenvolvido, formalizado, sistematizado, como acontece com as
ciências e os saberes contemporâneos, mais se revela longo e complexo o processo de
aprendizagem que exige, por sua vez, uma formalização e uma sistematização adequada”.
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SANTOS, Ramofly Bicalho; SANTOS, Ozias Henrique. Conhecendo a licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRPE:
aspectos da formação de professores.
Tardif, Lessard e Lahaye (1991), reconhecem a importância dos saberes cotidianos de
educadores e educandos. Defendem a construção coletiva do conhecimento científico e ações que
envolvem a utilização das tecnologias e práticas pedagógicas em ambientes formais ou informais
de aprendizagens. A produção crítica do conhecimento nos espaços escolares pode estar atrelada
à construção dos valores da convivência social, valorização da realidade de vida dos sujeitos e
suas práticas cotidianas. Para Moreira e Candau (2005, p. 23):
É necessário um destaque a necessidade de se pensar uma formação continuada que
valorize tanto a prática realizada pelos docentes no cotidiano da escola quanto o
conhecimento que provém das pesquisas realizadas na Universidade, de modo a articular
teoria e prática na formação e na construção do conhecimento profissional do professor.
Acreditamos que a Licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRPE atende, em sua maior
parte, a formação de professores para lidar com a prática docente. No entanto, os campos de
trabalho estão cada vez menores e, quando existem, apresentam exigências profissionais que não
contemplam os licenciados. Nesse estudo, verificamos ainda a dificuldade estrutural entre a
formação específica (cursos de origem) e a formação pedagógica (curso de L.A). Educadores e
educandos percebem a necessidade de mudanças na estrutura curricular, com o intuito de
aprimorar a formação de professores na Licenciatura em Ciências Agrícolas. Em relação à tal
formação, importante reafirmar que suas referências consideram as questões individuais e
coletivas desses sujeitos
(NÓVOA, 1992), pautada na produção crítica e emancipadora do
conhecimento, preocupada com o desenvolvimento de ferramentas educativas e novas
metodologias capazes de preparar educadores e educandos para compreensão e transformação da
sociedade (SACRISTÁN; PÉREZ GÓMEZ, 1998).
Considerações finais
Neste artigo, nossa intenção foi conhecer um pouco a história da Universidade Federal
Rural de Pernambuco. Foi possível ainda conhecer as bases históricas da educação agrícola na
UFRPE, em especial, a formação de professores, a constituição da Licenciatura em Ciências
Agrícolas em 1984 e suas demandas de atendimento às Escolas Agrícolas do nordeste brasileiro.
A partir de breve análise do Projeto Político Pedagógico de curso, entrevistas e levantamento
histórico realizado acerca da formação de professores do ensino agrícola, foi possível conhecer a
matriz curricular da L.A. Ele apresenta um caráter extremamente crítico na defesa de cidadãos
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que atuem, em especial, nas instituições de ensino básico e/ou instituições de ensino técnico,
agências de desenvolvimento, órgãos não governamentais, cooperativas e demais espaços
agrícolas.
Importante registrar o empenho dos sujeitos, individuais e coletivos, na defesa de
currículos que dialoguem com a identidade das comunidades camponesas. Essas conquistas
coletivas podem assegurar espaços democráticos e exercícios de autonomia, contribuindo na
contextualização dos educandos e no reconhecimento de suas práticas educativas. Valoriza-se a
produção do saber, considerando as áreas de conhecimentos, rompendo com o processo de
disciplinarização dos conteúdos, de responsabilidade individual dos educadores. Defendemos na
formação dos sujeitos educadores, o compromisso coletivo com a transformação social, sendo
agentes promotores de uma educação popular que permita superar a precariedade dos muitos
espaços campesinos. Urgente ainda: 1) a implementação de políticas de valorização desses
trabalhadores, através do cumprimento da Lei do Piso Nacional para os profissionais do
magistério, 2) enfrentar a altíssima rotatividade dos docentes nas escolas do campo, 3) formação
continuada dos educadores, considerando as especificidades da educação do campo. Concluímos
que a Licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRPE no trabalho com a reconstrução das ideias e
conceitos advindos dos diversos cursos de origem dos licenciados, deve continuar aprofundando
os debates acerca da interdisciplinaridade, a agricultura familiar, orgânica, agroecológica e o
desenvolvimento sustentável.
Por fim, salientamos que a produção do conhecimento pautada nos dados coletados e nas
observações efetuadas não são isentas de valores. A construção crítica e coerente do saber não é
neutra. Assim, a história pessoal dos autores permeou todo o desenvolvimento desse trabalho.
Esperamos, dessa forma, estimular a produção de leituras e reflexões que contemplem a formação
dos educadores/as do campo. Nesse processo de construção histórica prevaleceu o respeito às
diferenças e a valorização da identidade cultural dos sujeitos sociais envolvidos neste trabalho,
propondo uma educação inclusiva, questionadora e democrática, presente em inúmeras escolas do
campo e diversas experiências de educação popular espalhados por esse Brasil afora.
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SANTOS, Ramofly Bicalho; SANTOS, Ozias Henrique. Conhecendo a licenciatura em Ciências Agrícolas da UFRPE:
aspectos da formação de professores.
Ramofly Bicalho Santos - Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro
- UFRRJ. Seropédica
|
RJ
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Brasil. Contato:
ramofly@gmail.com
Ozias Henrique Santos
- Universidade Federal Rural de
Pernambuco
- UFRPE. Carpina
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PE
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Brasil. Contato:
ozias_henrique@hotmail.com
Artigo recebido em: 14 mar. 2016 e
aprovado em: 20 mar. 2017.
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