DOI: http://dx.doi.org/10.22483/2177-5796.2017v19n2p307-327
Os parques infantis de Ribeirão Preto: um pouco de sua história contada por
relatos e documentos
Sergio César da Fonseca
Débora Menengotti Ferreira
Gabriela Campos Darahem
Resumo: A história dos parques infantis em Ribeirão Preto remonta a um modelo originado em São Paulo nos anos
1930. Na década de 1980, os parques infantis de Ribeirão Preto foram incorporados à sua rede municipal,
deixando poucos sinais de sua existência. Para reconstruir tal história, este artigo utiliza documentos
oficiais para apontar a origem dos parques da cidade e entrevistas com professoras para conhecer o início, a
organização e o cotidiano das atividades parqueanas. Os parques de Ribeirão Preto tiveram seu projeto
orientado pelo Departamento de Educação Física de São Paulo, e por isso estruturavam sua pedagogia a
partir de jogos, recreação e educação física. Particularmente, também levavam o atendimento pediátrico,
odontológico e cuidados básicos de saúde a crianças das classes populares.
Palavras-chave: Parques infantis. Memórias. Ribeirão Preto.
The children playgrounds in Ribeirão Preto: a little of its history told by
reports and documents
Abstract: The story of the children playgrounds in Ribeirão Preto comes from a model originated in São Paulo in
1930. In the 1980s, the children playgrounds of Ribeirão Preto were incorporated into your local network,
leaving few signs of its existence. To reconstruct this history, this article uses official documents to point
the origin of the city's children playgrounds and interviews with teachers to know the beginning, the
organization and the daily lives of playground activities. The Ribeirão Preto playground had their project
directed by the Department of Physical Education of São Paulo, and therefore structured their pedagogy
from games, recreation and physical education. Particularly, also took the pediatric care, dental care and
basic health care to children of the working classes.
Keywords: Children playgrounds. Memoirs. Ribeirão Preto.
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 19, n. 2, p. 307-327, ago. 2017.
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FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
Ribeirão Preto: um pouco de sua história contada por relatos e documentos.
Introdução
Desde o final da década de 1940 a história dos parques infantis em Ribeirão Preto tem
ligações com o legado dos parques originados na cidade de São Paulo durante os anos 19301, cujo
modelo, de tão expressivo de certa política de educação infantil, tornou-se referência a ponto de
inspirar projetos difundidos pelo interior do estado durante as décadas de
1940 e 1950.
Justamente nessa época, o projeto de parques infantis em processo de implantação em Ribeirão
Preto foi orientado por um órgão do governo estadual, o Departamento de Educação Física de
São Paulo. As plantas, as atividades e os elementos físicos e educativos definidos pelo DEFESP
modelaram - entre as décadas de 1950 e 1960 - os parques infantis de Ribeirão Preto que, com o
passar do tempo, incorporou esse tipo peculiar de escola à sua rede própria.
Entre
1951 e 1977 os parques infantis foram assumidos, ora mais, ora menos por
sucessivas administrações municipais e, à medida que foram instalados em diferentes regiões, se
incluíram entre as escolas e serviços públicos destinados à infância e estabelecidos nos bairros
ribeirão-pretanos. Passado esse ciclo de mais de duas décadas, no entanto, a partir do início da
década de 1980, os parques infantis foram desaparecendo, subsumidos na rede municipal de
ensino até o ponto de deixarem poucos sinais de sua existência, embora tenham sido marca de
políticas municipais de assistência e de atenção à infância em Ribeirão Preto. A impressão é que
a memória dos parques infantis evanesceu.
Considerando essa questão dois caminhos foram trilhados neste artigo para reconstituir a
história dos parques infantis em Ribeirão Preto: os documentos e as fontes orais. No caso dos
documentos, as fontes produzidas por instituições oficiais foram tomadas a fim de apontar a
origem desse projeto, bem como de delinear qual o modelo aplicado na cidade. Quanto às fontes
orais, as entrevistas com professoras que atuaram entre as décadas de 1950 e 1980 permitem
conhecer como foram os primeiros anos de atividade dos parques, como se organizavam e como
era o seu cotidiano.
1 Os parques infantis paulistanos, criados em São Paulo a partir de 1935, durante a gestão de Mario de Andrade à
frente do Departamento de Cultura do município, devido à conjugação inovadora entre a ênfase na cultura
brasileira como conteúdo do processo educativo e a opção pelo brincar enquanto meio para apropriação dos
espaços abertos e livres da cidade, são experimentos únicos até fins da década de 1930 no que se refere à
concepção de equipamentos públicos voltados para crianças em idade pré-escolar. Por sua vez, no final da mesma
dpcada, a nomenclatura “parque infantil” e a associação entre espaço aberto, amplo, como local de suporte para o
estabelecimento de uma instituição educativa sui generis para crianças passou por mudanças que introduziram a
educação física, os jogos aproximados do esporte e o playground como marcas da nova geração de parques,
doravante, capitaneados pelo Departamento de Educação Física do Estado de São Paulo.
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Os primeiros movimentos até a criação dos parques infantis em Ribeirão Preto
A partir dos anos 1940 o Departamento de Educação Física do Estado de São Paulo fez
chegar a várias cidades do interior paulista, bem como a vários bairros da capital, um tipo de
equipamento público de caráter educativo para crianças fortemente centrado nos jogos, na
recreação e na educação física como motes de sua pedagogia. O parque infantil tornou-se um dos
projetos que marcaram a atuação do Departamento de Educação Física junto a municípios e
prefeituras do estado e fez com que fosse levado às cidades por onde se estabeleceu um tipo
peculiar de estabelecimento educativo público, diferente do que havia em termos de pré-escola
(como é o caso dos jardins de infância e creches) e escola primária à época.
Até alcançar a década de 1940, no entanto, o Departamento de Educação Física levou
algum tempo para assumir os parques infantis como sua política. Os propósitos originais da razão
de existir desse departamento visavam a constituir no aparelho estatal um órgão capaz de
fomentar a prática da educação física nas escolas públicas
(nas particulares também), de
supervisionar sua aplicação, além de promover exibições abertas de ginástica e de variados
esportes, bem como organizar uma escola para formar professores nessa especialidade, o que era
uma de suas mais elevadas tarefas. Essas eram algumas das incumbências institucionais do
Departamento, conforme definia o decreto que o retirou do limbo em 1934, pois ele fora
originalmente fundado em 1931, extinto em 1933 e retomado no ano seguinte, desta feita como
anexo da Secretaria de Educação e Saúde Pública do estado (FERREIRA, 2016). Somente em
1938 as feições mais duradouras do Departamento foram definidas, quando de sua reformulação
pelo Decreto nº 9.605 (SÃO PAULO, 1978), que instituiu uma nova forma de organização do
currículo dos estabelecimentos de ensino paulistas em cumprimento à Constituição de 1937, de
sorte que, a partir de então, o Departamento de Educação Física do Estado tornou-se responsável
por “dirigir, orientar e fiscalizar” as atividades de educação física não apenas na capital, mas
igualmente nas cidades do interior.
Progressivamente, desde sua remodelação, entre 1938 e 1939, o DEFESP (acrônimo com
o qual esse departamento timbrava os seus impressos) foi se consolidando enquanto mobilizador
de gestões municipais em prol da instalação de parques infantis. O Relatório de Atividades do
Departamento de Educação Física de São Paulo, em 1942, projetava o próprio departamento
como executor dessa política:
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O Departamento de Educação Física do Estado de São Paulo tem procurado por todos os
meios intensificar o movimento de construção de parques infantis no Interior do Estado.
Aproximando-se a época da entrega dos orçamentos municipais, este Serviço enviou a
todas as prefeituras uma publicação sobre o serviço e utilidades dos Parques Infantis,
Colônia de Férias e Escola de Aplicação ao Ar Livre, acompanhada por uma circular
sugerindo aos prefeitos a inclusão de uma verba destinada aos parques infantis. Muitos
prefeitos apressaram-se a responder pedindo sugestões e informações a respeito do
assunto. Além disso, através de sua Inspetoria, o DEF procura estar em contato com as
Prefeituras a-fim-de interessa-las nessa iniciativa. Para as cidades onde já funcionam
parques infantis, tem sido solicitadas publicações sobre Educação Infantil ou outras de
interesse da criança (SÃO PAULO, 1942, p. 25).
Considerando essa linha de ação o caso de Ribeirão Preto é bastante ilustrativo sobre
como o DEFESP se tornou o artífice e executor da política de parques infantis em São Paulo. Por
ser frequente e relativo à combinação entre um ente administrativo e braço estatal-estadual de
execução de politicas públicas e, outro, político-administrativo, pois representado pela prefeitura
de cada município alcançado pelo DEFESP, o relacionamento com as prefeituras era a via de
entrada e de passagem aos municípios do modelo parqueano do citado departamento. Em
Ribeirão Preto, por exemplo, a ingerência desse departamento na implantação de parques infantis
na cidade é nítida, conforme pudemos apurar no estudo dos documentos no Fundo Prefeitura
Municipal, “Correspondências”, guardados no Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto.
Numa série de correspondências trocadas entre o DEFESP e a prefeitura, durante 1947,
constam os primeiros registros de tratativas para implantar um parque infantil na cidade, sendo
que todo o processo começou pela indução de demanda pelo DEFESP, como se pode ler numa
sequência de cartas e ofícios trocados entre 29 de junho e 24 de outubro de 1947. Tão logo a ideia
foi se instalando no correr de 1947, como sinalizava a aparente disposição do prefeito Rubem
Aloysio Monteiro Moreira em assumir o projeto, os passos seguintes aventados pelo DEFESP
seriam o envio de uma técnica especialista no assunto à cidade e, em seguida, a elaboração do
modelo de planta adaptada às condições do terreno oferecido pela prefeitura. Em setembro desse
ano, por meio de ofício, o DEFESP colocou à disposição da prefeitura a técnica de educação,
Regina Maria da Silva, pertencente aos seus quadros, a quem caberia “colaborar com a prefeitura
nos estudos para a constituição de parques infantis na cidade” (RIBEIRÃO PRETO. ARQUIVO
PÚBLICO E HISTÓRICO DE RIBEIRÃO PRETO, [1940]). Logo depois, em 24 de outubro, o
DEFESP enviou duas plantas de parques infantis ao prefeito.
Apesar de o processo de implantação dos parques na cidade dar sinais de avanço, cerca de
um ano após a primeira rodada de correspondências, sem maiores explicações, nada aconteceu. A
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pausa na interlocução motivou uma nova carta do DEFESP demandando resposta acerca da
apreciação dos projetos enviados no ano anterior. Passado o período de troca de prefeitos entre
1947 e 1948 - o que fez parar circunstancialmente as negociações - as tratativas foram retomadas
pelo prefeito José de Magalhães, que em 15 de julho de 1948, respondeu ao DEFESP avisando:
“Cumpre-me informar a V.S. que de fato o projeto para o pavilhão a ser construído nesta cidade
se encontra na prefeitura desde outubro de 1947; no entanto, somente agora tomei conhecimento
do mesmo” (RIBEIRÃO PRETO. ARQUIVO PÚBLICO E HISTÓRICO DE RIBEIRÃO
PRETO, [1940]).
O prefeito José Magalhães solicitou o orçamento do modelo de parque e demonstrou
interesse na continuidade do projeto. Em 1950 ele mandou criar uma comissão para estudar a
proposta de construção do primeiro parque e, doravante, o turno de correspondências que seguiu,
novamente entre o DEFESP e a prefeitura, manteve a rotina de envio de documentos, entre os
quais a planta standard daquele que em pouco tempo seria o primeiro parque infantil ribeirão-
pretano, instalado em 1951. Acompanhava a planta também um memorial com detalhamento
sobre a previsão das despesas mensais e anuais, sobre os materiais que deveriam ser comprados e
adotados pelo parque e as funções que deveriam ser exercidas pelas professoras e pela diretora.
Sobre essa última recomendação o DEFESP não transigia acerca de quem deveria estar nesses
postos, o que afirma o caráter de gênero das funções: os cargos de professor e de direção seriam
ocupados por mulheres (FERREIRA, 2016).
Em termos protocolares, à diretora caberia a assistência técnica e educacional nos dois
períodos (o propósito era ter um turno da manhã e outro da tarde para receber crianças que no
horário oposto estavam na escola primária), a criação, estímulo e orientação em atividades que
tornassem o parque útil e atraente, com indicações a respeito do desenvolvimento de propostas
para a prefeitura trabalhar no aprimoramento da instituição e na preparação mensal e anual de
documentos para o DEFESP. Às professoras caberia a responsabilidade sobre as atividades
recreativas, a colaboração com a diretora, a anotação das atividades e as aulas de Educação Física
(RIBEIRÃO PRETO. ARQUIVO PÚBLICO E HISTÓRICO DE RIBEIRÃO PRETO, [1940]).
Sob as orientações do DEFESP, o primeiro parque infantil de Ribeirão Preto foi
inaugurado em 8 de janeiro de 1951. Nesse período, segundo o Almanaque Ilustrado de Ribeirão
Preto, publicado em 1951 (RIBEIRÃO PRETO. ARQUIVO PÚBLICO E HISTÓRICO, 1951), a
cidade já contava com onze Grupos Escolares (que atendiam crianças de sete a onze anos), bem
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como havia na cidade várias escolas onde se formavam professores, a começar pela Escola
Normal Oficial (sediada na Escola Estadual Otoniel Mota), secundada pelas normais livres:
Escola Normal Nossa Senhora Auxiliadora, Escola Normal Santa Úrsula, Escola Normal Sinhá
Junqueira, Escola Normal de Ribeirão Preto, Escola Normal da Associação de Ensino - todas
inspecionadas pela delegacia de ensino da cidade.
Quadro 1 - Parques infantis de Ribeirão Preto
Parque infantil
Inauguração
Bairro/Distrito
Peixe Abbade
1951
Ipiranga
Amélia Junqueira
1953
Bosque Municipal (entre o centro e os Campos Elíseos)
Anita Procópio Junqueira
1954
Vila Tibério
Dona Iria Junqueira
1954
Bonfim Paulista (distrito)
Dumont
1956
Dumont (distrito à época)
Guatapará
1956
Guatapará (distrito à época)
Santa Maria Goretti
1959
Vila Virgínia
Dos Bandeirantes
1963
Vila Recreio
Ana dos Santos Gabarra
1965
Santa Cruz
Padre Emílio Jarbinet
1967
Lapa
Áurea Aparecida Braghetto Machado
1970
Jardim Antártica
Euclides Castilhano
1975
Guatapará (distrito à época)
José Pedro Moreira
1977
Parque Ribeirão
Campos Elíseos
Anos 1970
Campos Elíseos
Fonte: PRANDI, Maria Beatriz Ribeiro. A construção da imagem dos parques infantis de Ribeirão Preto das
décadas de 1950 e 1960. 2015. 168 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015. p. 56.
Entre 1951 e 1956 os parques chegaram a bairros populares e povoados pela classe
trabalhadora, a começar pelo antigo bairro do Barração (atual Ipiranga), onde havia o Parque
Infantil Peixe Abbade, seguido pelo Parque Infantil do Bosque, que atendia crianças das regiões
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circunvizinhas, pois estava num bosque situado entre o centro e os Campos Elísios; os parques
instalados na Vila Tibério e Vila Virgínia completaram o conjunto pioneiro2.
Ao se tornarem o total quatorze que a cidade possuiu, até que o último deles fosse
inaugurado no final dos anos 1970 (PRANDI, 2015), os parques foram se territorializando nos
bairros, por sua vez incrustados em regiões da cidade, tanto no centro quanto em vilas e áreas
com população operária e, na maior parte pobre, ou se muito, de classe média baixa.
Quadro 2 - Escolas municipais de educação infantil originadas dos parques infantis
Escolas municipais originadas dos parques infantis
Parques Infantis
EMEI Amélia Junqueira
Parque Infantil do Bosque
EMEI Anita Procópio Junqueira
Parque Infantil da Vila Tibério
EMEI Dona Iria Junqueira
Parque Infantil do Quarto Centenário
EMEI Santa Maria Goretti
Parque Infantil da Vila Virgínia
EMEI Marlene Jorge dos Reis
Parque Infantil dos Bandeirantes
EMEI Ana dos Santos Gabarra
Parque Infantil Ana dos Santos Gabarra
EMEI Padre Emílio Jarbinet
Parque Infantil Padre Emílio Jarbinet
Fonte: DARAHEM, Gabriela Campos. Contribuição para a história da educação infantil em Ribeirão Preto:
experiências de funcionários e professoras das Escolas Municipais de Educação infantil (EMEIs). 2011.
Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2011. p. 46.
A estrutura física adotada pelos parques, como estipulado pelo DEFESP, contemplava no
máximo duas salas de aula, um refeitório, cozinha, uma sala para os professores, consultório
médico e odontológico e bastante área livre com brinquedos ao estilo playground (PRANDI,
2015; FERREIRA, 2016). Em alguns dos parques, como no do Bosque, e o do Barracão (Peixe
Abbade) havia também piscina. Tal estrutura evidencia que a intenção para com os parques não
2 Atualmente, o Bairro da Vila Tibério se caracteriza pelo grande número de moradores aposentados em boa parte de
seu espaço, além de famílias que moram na área há duas ou até três gerações; o Ipiranga, antes denominado
Barracão, foi formado por imigrantes italianos que vinham para o Brasil trabalhar na lavoura - atualmente, é um
bairro residencial com características tanto da tradicional vila de cidade do interior quanto de periferia, com áreas
de ocupação irregular e algumas favelas nas partes mais distantes em relação ao centro; o bairro dos Campos
Elísios é um dos mais populosos da cidade - no passado, foi predominantemente residencial e atualmente apresenta
uma área comercial bastante significativa. Bonfim Paulista é um distrito de Ribeirão Preto, com pouco mais de 17
mil habitantes. Dumont, se emancipou em 1964 e hoje é município com 9.325 habitantes.
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era ser uma etapa preparatória, ou uma extensão da escola: tanto no projeto como nas construções
dos edifícios havia uma sala de uso variado, mas, que a rigor não funcionava como uma sala de
aula stricto senso. Embora fosse oferecido reforço escolar para os alunos que frequentavam o
parque no período oposto à escola, apenas estas atividades eram pautadas pelo conteúdo
pedagógico do primário. O parque era lugar de recreação, educação física através de jogos e de
cuidados higiênicos e com a saúde das crianças que o frequentavam.
Ademais, os parques faziam parte de uma proto-rede municipal de educação (conforme o
quadro 2), pois ainda em formação nas décadas de 1950 e 1970 e consubstanciada em outro tipo
de equipamento público quando os mesmos parques foram legal e pedagogicamente transmutados
em outro tipo de escola, conforme a Lei Municipal 3.839, de 1980:
ARTIGO 3º - As Escolas Básicas de 1º Grau de que trata esta lei atuarão em três faixas
etárias e áreas de ensino, de maneira simultânea e permanente, respeitadas as
características pedagógicas e didáticas próprias, a saber:
I - Na faixa etária dos 03 aos 04 anos completos, com as classes de recreação infantil.
II - Na faixa etária dos 05 aos 06 anos completos, com classes de pré-alfabetização.
III - Na faixa etária dos 07 aos 11 anos completos, com classe de 1º grau, inclusive
classe de complementação de 1º Grau (RIBEIRÃO PRETO, 2012, p. 1).
A partir de então a Lei Municipal 3.839 (RIBEIRÃO PRETO, 2012) instituiu mudanças
estruturais e burocráticas que encerraram o formato originário dos anos 1950, de sorte que os
antigos parques infantis encorparam a rede municipal na forma de escolas de primeiro grau e de
escolas de educação infantil.
Os parques infantis e o início de carreira de um grupo de ex-professoras
Uma vez reconstituídos os movimentos do processo institucional de criação dos parques
infantis em Ribeirão Preto, é importante retomar as razões que justificam a escolha por essa
organização escolar num estudo como este. Em primeiro lugar, os parques infantis foram um
misto de pré-escola e de organização educativa paralela à escola em Ribeirão Preto, porquanto
tinham entre seu contingente de alunos crianças abaixo de seis anos (iniciando em três anos) e
também meninos e meninas que frequentavam a escola primária em outro período (FERREIRA,
2016). Em consonância com essa característica e aliado ao fato de estarem distribuídos por
variadas regiões da cidade, os parques serviram ao incremento da rede municipal de pré-escolas
de Ribeirão Preto até 1980, quando passaram à condição de escolas básicas de primeiro grau.
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Ademais, entre 2010 e 2016, os parques infantis foram tomados como objeto de estudo
por pesquisas realizadas tanto no programa de pós-graduação em Psicologia quanto no programa
de pós-graduação em Educação, ambos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto, da Universidade de São Paulo, além de ser tema de um projeto de pesquisa desenvolvido
com recursos da Pró-Reitoria de Graduação da USP. Em comum, além do tema, todos os
trabalhos partiram do exame das fontes documentais e, dois deles, além da pesquisa documental,
realizaram entrevistas com professoras que atuaram nos parques infantis num período entre as
décadas de 1950 e 1980. Os trabalhos de Ferreira (2010) e Darahem (2011) tem a importância de
dar voz a quem participou do cotidiano dos parques infantis ribeirão-pretanos. Os estudos de
Prandi (2015) e Ferreira (2016) analisam o processo de implantação e o quanto os parques
infantis foram impactantes no cenário escolar e político da cidade, a ponto de serem utilizados
pelas administrações municipais, entre as décadas de 1950 e 1960, para a construção de uma
imagem pública convincente acerca dos benefícios que legavam para a educação da infância das
classes populares em Ribeirão Preto. A partir desse acúmulo propiciado pela citada série de
estudos há o ensejo para alguns recortes, entre os quais a escolha pela combinação entre fontes
documentais e depoimentos a fim de compreender a origem dos parques infantis na cidade e
como era seu cotidiano e alguns aspectos de seu funcionamento. Desse modo, entre o grupo de
entrevistadas nos estudos de Ferreira (2010) e Darahem (2011), com trajetórias coincidentes com
a história dos parques infantis, foram selecionadas quatro professoras cujas entrevistas tomamos
como material de estudo neste artigo, visto que o início de carreira de três delas aconteceu nos
parques infantis de Ribeirão Preto entre o final da década de 1950 e o início dos anos 1960,
enquanto uma delas trabalhou como professora no parque infantil a partir de 1981.
Por sua vez, os anos e as datas de engajamento das professoras nos parques infantis
cobrem o período em que foram fundados, implantados do primeiro ao último e o momento em
que foram incorporados pela rede municipal, passando a serem escolas municipais de educação
infantil e, com isso, deixando de possuir a nomenclatura e a estrutura que mantiveram por quase
quatro décadas, entre 1951 e 1980. Portanto, o grupo de professoras é formado por quatro
mulheres com trajetórias aproximadas devido ao tempo em que iniciaram os estudos na escola
normal, seguindo pelo engajamento pós-formatura em escolas da cidade ou nas conhecidas
escolas rurais, completado pelo ingresso por concurso ou por acúmulo de pontos em razão de
tempo de serviço na rede estadual com a consequente transferência para a capital ou para
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FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
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localidades da região metropolitana de São Paulo. Nos anos finais da carreira ou já aposentadas,
por variadas razões, retornaram a Ribeirão Preto, sendo que três delas continuam em atividade
depois da aposentadoria.
Sobre as idades das entrevistadas3, três delas se formaram e trabalharam exatamente no
mesmo período: Aparecida e Dulce têm 73 anos; Daisy tem 71 anos e Cida, 63 anos. Quanto à
época em que fizeram os estudos no curso normal, Aparecida se formou em 1955 na Escola
Normal do Ginásio do Estado “Otoniel Mota”, e Dulce em 1954, na escola Normal Sinhá
Junqueira, ambas estaduais e públicas, em Ribeirão Preto. Após o curso, Aparecida foi trabalhar
no Parque Infantil Peixe Abbade, enquanto Dulce, no mesmo período, iniciou sua trajetória em
escolas rurais. Só mais tarde - dois anos depois - a trajetória das duas se cruzou, quando Dulce
passou a trabalhar, também, no Parque Infantil Peixe Abbade. As duas acabaram, em 1964,
deixando Ribeirão Preto para lecionarem na rede estadual de ensino que, segundo Aparecida,
“pagava o dobro”; Aparecida foi para Guarulhos e Dulce para a cidade de São Paulo. Daisy
também estudou na Escola Normal do Otoniel Motta, em 1960, e depois trabalhou sete anos no
Parque Infantil Peixe Abbade. A mais jovem delas, Cida, fez o magistério no Colégio
Auxiliadora (particular e confessional), em Ribeirão Preto, concluindo os estudos em 1968.
Daisy, que ingressou nos anos 1960 como professora num parque infantil de Ribeirão
Preto, tem uma história parecida j de Aparecida e Dulce. Ela trabalhou no Parque Infantil “Peixe
Abadde” por sete anos, de 1960 a 1967, onde entrou por indicação da diretora, que era sua
“madrinha de Crisma”, segundo seu depoimento. Daisy conta que começou a trabalhar no
parque infantil dois meses antes de se formar na Escola Normal do Otoniel Motta para substituir
uma professora afastada. Sobre como assumiu essa posição, ela reconhece que foi convidada
porque a diretora a escolheu pensando no ano seguinte para, com isso, segurar a vaga e garantir
sua permanência.
Assim como suas colegas, Daisy saiu do parque infantil municipal para trabalhar em uma
escola estadual, que pagava melhor, lembra. Comparando seus trabalhos na época, o parque em
3 Considera-se aqui a idade informada pelas entrevistadas por Ferreira
(2010) e Darahem (2011) quando da
concessão das entrevistas em 2010 e 2011. Acrescente-se, também, que os nomes originais das entrevistadas foram
mantidos, conforme constam, inclusive dos retro-citados trabalhos nos quais seus relatos foram analisados, como é
o caso de Dulce (CASADIO, 2010) e Daisy (TIRABOSCHI, 2010). A entrevistada Maria Aparecida Paulin Lamas
(2010) p cognominada “Cida” neste artigo, conforme sua preferência durante a entrevista, o que reproduz o mesmo
tratamento dispensado a ela no trabalho de Darahem (2011), sua entrevistadora. Ademais, tal serve para diferenciá-
la da quase homônima Aparecida Melini (2010), aqui nominada por Aparecida.
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FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
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Ribeirão Preto e, depois, o de professora substituta no Estado, Daisy assinala as vantagens
salariais e profissionais do cargo na rede estadual, o que a levou para São Paulo onde foi
professora na segunda e na quarta séries do primeiro grau, a seguir passando a trabalhar em
Osasco como diretora onde se aposentou em 1986.
Cida, se comparada a Dulce, Aparecida e Daisy, é quem trabalhou num período mais
recente no parque infantil, cerca de duas décadas após as demais entrevistadas. Ela fez magistério
no Colégio Auxiliadora, em 1968, e revela que sua primeira experiência em sala de aula não foi
boa. Trabalhou a contragosto, porque não tinha opção. Foi professora substituta da educação de
jovens e adultos no SESI, mas como não era efetiva perdeu o emprego ao engravidar. Diferente
de Dulce, Aparecida e Daisy, que migraram para outras posições na rede estadual fora de
Ribeirão Preto, Cida permaneceu e fez sua carreira na educação pública municipal, tendo
recomeçado como professora no Parque Infantil da Vila Tibério, em 1981 (LAMAS, 2010).
Na sua trajetória há um momento marcante, pois Cida, que entrou no parque da Vila
Tibério, em 1981, viveu a transição dos parques infantis para escolas municipais de educação
infantil (EMEIs), quando em 1980 a Lei Municipal 3.839 (RIBEIRÃO PRETO, 2012) selou essa
mudança. Uma vez instalada essa alteração, ela trabalhou atp se aposentar na EMEI “Anita
Procópio Junqueira”, continuidade escolar do velho Parque Infantil do Bosque.
Um ponto a destacar na biografia das três professoras mais velhas do grupo, em razão do
tempo em que se engajaram nos parques infantis, é a transição da vida junto da família até os
primeiros anos na profissão. O ingresso no curso normal, ao se colocar suas trajetórias em
perspectiva, aparece como momento decisivo, até mesmo época de passagem, para assumirem a
atividade profissional e, assim, adentrarem o mundo do trabalho. Para quase todas as
entrevistadas, se a influência da família não é assumida como de todo decisiva na escolha pelo
magistério, conforme seus relatos, suas constatações a respeito dos níveis de estudo possíveis
para as mulheres até os anos 1950 (tempo em que Aparecida, Dulce e Daisy cursaram a escola
normal) revelam haver uma forte tendência social e cultural estabelecida, ativa o suficiente a
ponto de influenciar no encaminhamento das moças à docência na pré-escola e no ensino
primário. Embora Cida tenha estudado no final dos anos 1960, sua história a partir do curso de
formação de professores até os primeiros anos da docência indica a repercussão dessa tendência:
o magistério primário e na educação infantil como atividade eminentemente feminina.
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 19, n. 2, p. 307-327, ago. 2017.
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FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
Ribeirão Preto: um pouco de sua história contada por relatos e documentos.
Para Vidal e Carvalho (2001), esse é um processo iniciado desde o século XIX, quando já
se constatava a numerosa e continuada presença feminina nos cursos normais. A expansão da
escola pública equivalente ao primário - em que pesem os problemas de suas limitações quanto
ao alcance, insuficiência de vagas ante a população escolarizável e precariedade da estrutura das
escolas, fartamente apontados na historiografia da educação brasileira - se valia correntemente no
século XIX do emprego de mulheres para assumirem as cadeiras de primeiras letras. Ao iniciar o
século XX, época em que se consolida a formação de importantes redes escolares públicas no
Brasil, a constituição do “ensino primário leigo e estatal” contou com o “emprego de mão de obra
do sexo feminino, levando a crer que, nos anos de 1920, houvesse uma maioria de mulheres entre
os docentes das spries iniciais, pelos menos em cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo”,
explicam Vidal e Carvalho (2001, p. 213).
Se tomadas em perspectiva as trajetórias de Dulce, Aparecida e Daisy fazem conjunto
com a geração de mulheres que se engajou no magistério entre os anos 1950 e 1960, na segunda
metade do século XX, portanto, numa época em que o sistema escolar público paulista, por
exemplo, estaria ainda com espaço para expandir, como de fato ocorria (BUFFA; PINTO, 2002).
E, tal como as professoras citadas narram a respeito do seu início de carreira, em especial o
ingresso no trabalho docente formal, Guacira Lopes Louro (2004) explica que essa passagem da
casa da família para o magistério, como forma de entrada para o mundo do trabalho, ao longo do
século XX, no Brasil, é parte de um processo maior e frequente de feminização do magistério
primário. Louro (2004) considera que, seja pela migração dos homens do ensino primário para
outras carreiras mais rendosas e prestigiosas, pelo fato do magistério ser associado à maternidade
e pela possibilidade de transitar para além do universo restrito ao lar e à igreja, o engajamento na
profissão docente abriu perspectivas contraditórias, porém reais de ocupação remunerada e
profissional para as mulheres.
No conteúdo da memória atribuída ao magistério primário e pré-escolar, constam também
imagens como aquela da figura singular da normalista e da professora primária reconhecível entre
as décadas de 1920 a 1960, como se pode notar no consagrado estudo de Ecléia Bosi (1994), em
especial nos depoimentos das professoras Jovina e Brites.
“Normalista” e “professorinha”,
conforme Louro (2004), foram expressões usuais por largo tempo para designar moças na
situação de passagem do curso normal ao trabalho em escola, pois reiteravam a representação do
magistério como atividade feminina desde os cursos de formação.
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 19, n. 2, p. 307-327, ago. 2017.
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FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
Ribeirão Preto: um pouco de sua história contada por relatos e documentos.
Como resposta, segundo Louro
(2004, p.
454), à propalada fragilidade feminina,
“constituída pelo discurso religioso, mpdico, jurídico e educacional”, por sua vez “constituinte de
sua proteção e tutela”, a figura da professora teve de “ser produzida, então, em meio a aparentes
paradoxos, já que ela deve ser, ao mesmo tempo, dirigida e dirigente, profissional e mãe
espiritual, disciplinada e disciplinadora”. A alegada fragilidade feminina, mantida como
argumento ativo e forma de enquadrar o comportamento das mulheres, costumeiramente
emanada de religiosos, moralistas, políticos e literatos, criou uma situação de paradoxo ante o
aumento das redes escolares públicas e da extensão, ainda que insuficiente, da escola primária às
classes populares durante a primeira metade do século XX, fato que demandou por professores e,
considerando a absoluta prevalência numérica de alunas nos cursos normais desde o século XIX,
pavimentou o caminho para mitigar setorialmente o controle masculino sobre o acesso ao
trabalho formal e externo ao lar.
Memórias “parqueanas” 4
As diferenças de tempo do encontro da história de vida dos entrevistados com o parque
infantil oferecem a possibilidade de assinalar momentos, práticas e relações que singularizam
esse tipo de organização escolar perante outras. Por apresentar elementos de pré-escola, mas,
atuando com vistas à escola primária, porque os meninos e meninas “parqueanos” do ensino de
primeiro grau recebiam reforço escolar, o parque infantil em Ribeirão Preto estava para as
crianças de três a seis anos como pré-escola, ao passo que para as de sete a quatorze anos era uma
escola apoiada numa pauta de atividades retirada da educação física e aberta no contra turno
escolar. Ademais, em Ribeirão Preto, os parques eram dotados de consultórios que, além de
prestarem assistência odontológica às crianças, compunham um conjunto de gabinetes
odontológicos integrados aos serviços de saúde oferecidos à população. No que se refere aos
cuidados com a saúde, havia também atendimento médico frequente para as crianças.
De forma geral, há certo hibridismo nos parques ribeirão-pretanos, uma vez que o
conteúdo de sua pedagogia tem por fonte as preferências do DEFESP, mas, amalgamadas às
4 A palavra “parqueana” p um neologismo forjado na experiência dos parques infantis, pois costumava ser usada, em
geral, por professores, ou, por quem mais pretendia descrever os parques, sua vida educativa, seus jogos, seus
alunos (os “parqueanos”); enfim, trata-se de um termo cujo sentido designa a diferença e a especificidade dessa
organização educativa. Por isso, o uso dessa palavra para definir a singularidade das memórias dos entrevistados.
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 19, n. 2, p. 307-327, ago. 2017.
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FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
Ribeirão Preto: um pouco de sua história contada por relatos e documentos.
possibilidades locais, devido ao fato de a cidade possuir três escolas importantes da área de
saúde, sendo elas de medicina, odontologia e enfermagem. Acrescente-se também, que desde
1937, Ribeirão Preto possuía oficialmente um serviço público de assistência à saúde, e as escolas
de medicina, odontologia e enfermagem acabavam por formar e estabelecer localmente os
profissionais e a expertise à qual se podia recorrer para aplicar à saúde coletiva e pública do
município, razão pela qual formavam a mola propulsora para fazer entrar nos parques infantis
pediatras, dentistas e enfermeiras, ao passo que o espirito corrente à época de fazer da escola uma
ponte e um lócus importante para o estabelecimento de práticas de combate à desnutrição infantil,
de melhora da saúde bucal e propriamente de assistência às crianças pobres, constituía a ideia
força suficiente para justificar a estrutura de consultórios e as ações cotidianas de cuidados com a
escovação bucal, com a prevenção de doenças e, bastante importante, de atenção nutricional e
fornecimento de alimentação, por exemplo
(FONSECA; ALMEIDA, 2016). Em suma: os
parques de Ribeirão Preto estruturavam sua pedagogia a partir dos jogos, da recreação e da
educação física, mas também atendiam ao fim de levarem ao extrato infantil das classes
populares o atendimento pediátrico, odontológico e os cuidados básicos de saúde.
As falas das professoras sobre os parques infantis onde trabalharam também reiteram a
centralidade da recreação em suas atividades, o papel da alimentação como forma de assistência
às crianças pobres atendidas, a composição do corpo funcional parqueano por enfermeiras e o
atendimento periódico de dentistas e médicos, além, é certo, da participação delas mesmas nos
cuidados básicos relativos à higiene e sua atuação no incutir e manter práticas de escovação
bucal. Os recortes que apresentamos adiante são ilustrativos a este respeito e por isso estão
agrupados nas categorias: alimentação, cuidados com a saúde e a higiene e, por último, a
recreação.
A alimentação
A alimentação era uma entre as várias necessidades atendidas pelos parques, com
fornecimento de variada merenda às crianças, conforme destacam as entrevistadas. Uma entre
várias necessidades atendidas, porém, central do ponto de vista de uma política municipal de
assistência à infância pobre pela via de um equipamento público escolar. Tanto que, nos relatos
das entrevistadas, a alimentação é um tema sempre assinalado, reitere-se. Desde a escolha dos
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FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
Ribeirão Preto: um pouco de sua história contada por relatos e documentos.
ingredientes e o preparo, incluindo a montagem do cardápio, até o proveito das refeições pelas
crianças, o processo é narrado como feito para suprir o que as crianças não tinham em casa. E
todo esse processo era assumido pela prefeitura que produzia os insumos (na lembrada horta
existente no Horto Municipal), preparava parte dos alimentos (como na panificação existente na
cozinha municipal) e outra parte era feita nas cozinhas dos parques pelas cozinheiras. Em
comparação com a atualidade, é um processo progressivamente raro em tempos de terceirização e
de merenda entregue por empresas, ao passo que o preparo nas escolas tem sido descartado numa
onda de economia de recursos adotada pelas prefeituras e pelos estados Brasil afora nos últimos
vinte anos, pelo menos.
Aparecida e Dulce, que trabalharam nos parques durante os anos 1950 até 1964, incluem a
alimentação entre os cuidados dirigidos às crianças junto dos banhos, da limpeza e dos uniformes
que faziam seus alunos pequenos vestirem. Seus relatos enfatizam que não bastava recrear e
educar: era preciso limpar, cuidar da saúde e alimentar, dado o fato de serem crianças pobres a
grande maioria frequentadora dos parques. Aparecida, que trabalhou nos parques infantis Peixe
Abbade, do Bosque e da Vila Virgínia, conta que as refeições eram necessárias tanto porque os
alunos eram pobres e também porque “ali eles passavam o dia”, pois “chegavam de manhã,
tomavam cafp da manhã e depois tinha o almoço”. Para Dulce, o típico aluno dos parques “era
pobre mesmo [...] periferia mesmo”, vindo de bairros como “Campo Aberto, dos Campos
Elíseos, Vila Tibprio”. E, para ressaltar a condição das crianças, pergunta retoricamente: “Rico?
Mas de jeito nenhum! Atp uniforme tinha que dar”. Para compensar, esse aluno pobre, observa
Dulce (CASADIO, , “tinha uma alimentação excelente [...] sim, uma alimentação excelente”.
Daisy trabalhou por quase oito anos em parques infantis, tempo no qual esteve no parque
infantil “Peixe Abbade”, durante a dpcada de 1960, onde se ocupou de crianças mais velhas, com
idades entre dez e treze anos. Desse tempo e dessas crianças ela lembra bem da alimentação
oferecida, quase sempre de qualidade a seu ver e que agradava de funcionários a alunos. Até ela
fazia as refeições no parque. E para as crianças, pobres e muito pobres, atendidas pelo parque
onde Daisy trabalhou, a alimentação na escola podia ser uma das poucas ou a única do dia:
As crianças que eu trabalhava eram de dez a treze anos, eles vinham da escola, que eu era da turma da
uma às cinco. Tinham muitos que almoçavam, porque vinham da escola sem a comida. O lanche sempre
era pão com alguma coisa e chocolate, sempre tinha um lanche bem reforçado. Depois eles jantavam e
iam embora às cinco horas da tarde.
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 19, n. 2, p. 307-327, ago. 2017.
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FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
Ribeirão Preto: um pouco de sua história contada por relatos e documentos.
Cida, que trabalhou no parque infantil no início dos anos 1980, descreve o cardápio do
parque da Vila Tibério e explica que ele estava disposto conforme os turnos, por isso as refeições
das crianças aconteciam em determinados momentos do dia:
A comida na escola sempre foi muito boa, de uma qualidade muito boa. As merendeiras são super
higiênicas, sabe? Têm o prazer de fazer a comida. E a comida, no meu tempo era assim: para as que
vinham de manhã tinha o café. Todas ficavam pra tomar café, porque geralmente elas não tomavam em
casa. Então, quando era dois períodos, período da manhã chegava, quem queria tomar café, leite, tinha
pão com manteiga, tudo, ficava no refeitório, quem não queria já ia pra classe. E depois às dez horas, dez e
meia começava a servir o almoço e era um almoço bem balanceado, uma coisa assim bem feita. E tinha
carne todo dia, fruta no lanche, na sobremesa, ou um doce... Era uma comida boa, não tinha queixa. As
professoras às vezes também comiam na escola e a comida era boa.
Para Cida, mesmo após vinte e cinco anos de serviço, a variedade de alimentos e o
cardápio ainda são lembrados. Até as professoras se serviam no parque, como ela lembra.
Cuidados com a saúde e a higiene
Outras ações das quais se ocupavam os parques infantis em Ribeirão Preto eram a
assistência odontológica e a médica prestadas às crianças, como evidenciado tanto nos
documentos quanto nos relatos das entrevistadas. Para Daisy, o atendimento médico e
odontológico disponível no parque oferecia cuidados e atenção à saúde regulares e de qualidade:
As crianças vinham de caminhão, era uma pobreza danada. Como eram pequenininhos, conforme a idade,
lá eles tinham toda assistência. A enfermeira passava, cuidava, tomava banho pelas serventes, punha a
roupa do parque. Só não deixava ir com a mesma roupa, porque no outro dia não voltava. Então, eles
tinham uma assistência muito boa da parte médica, odontológica. Odontológica não era tratar porque tava
com dor de dente, ele seguia, acompanhava as turmas. E sempre, todos os dias, eles chamavam as crianças
[...].
Dulce, que trabalhou no mesmo parque, o Peixe Abbade, de 1956 a 1964, se recorda que a
pobreza das crianças fazia com que o atendimento médico, o serviço de enfermagem e o trato da
higiene se tornassem indispensáveis:
No parque, era a coisa mais interessante, as crianças vinham tão sujinhas! A gente catava essas crianças,
dava banho, dava uniforme, alimentação. Eram crianças carentes. Tinha enfermeira e médico. Era uma
assistência maravilhosa, viu? Excelente, tinham tudo!
Quanto berne eu e a Matilde, que era enfermeira e já é falecida, tiramos de cabeça de crianças, da barriga.
Então, na convivência com eles, era aquela carência. Porque quando o pai e a mãe trabalhavam tudo bem,
certo? Mas era uma pobreza tremenda, eles não tinham o que comer. Comiam no parque as crianças. Não
era fácil, não.
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 19, n. 2, p. 307-327, ago. 2017.
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FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
Ribeirão Preto: um pouco de sua história contada por relatos e documentos.
Aparecida lembra que essas situações eram comuns no trabalho de professora tanto como
se ocupar da recreação, pois, segundo ela, além do “reforço escolar a gente dava uma esppcie
assim de educação moral, ensinava hábitos higiênicos”.
Em comum, nas falas de Daisy, Cida, Dulce e Aparecida, a pobreza das crianças constitui
um problema mais moral e higiênico do que social. Nas reminiscências de determinado tempo de
suas trajetórias e carreiras, quando se referem aos anos de vivência emoldurados pelo trabalho
nos parques, é possível notar a particularização de um problema de natureza social, a pobreza,
sob a forma da ausência de interesse das famílias pelos cuidados higiênicos e pelo asseio das
crianças. Essa forma de ver o outro, em que pese o fato de ser edulcorada pela atribuída qualidade
do acompanhamento médico e odontológico, em muito confere com a focalização do problema
social no indivíduo pobre e em sua família, cujos mecanismos de produção discursiva foram
apontados desde os anos 1970 no conhecido estudo de Maria Helena de Souza Patto (1999).
Paradoxalmente, os parques eram incluídos de modo paralelo entre os serviços públicos
de assistência à saúde infantil existentes no município: os gabinetes odontológicos neles
existentes, o acompanhamento pelos pediatras, as salas de enfermagem, as aulas de escovação
bucal e de higiene, a alimentação e os banhos somavam como práticas onde incidiam as
orientações e propósitos de políticas de atenção à saúde e à educação da criança em voga desde
os anos 1940 (pelo menos) em São Paulo e no Brasil, cujo foco era o combate à desnutrição e à
mortalidade infantil e à expansão das instituições escolares de educação infantil, como se pode
verificar nos estudos de Fonseca e Almeida (2016), Sposati (1987) e Rosemberg (1997; 2002).
Recreação
Pode parecer que o parque era um centro prestador de assistência médica e odontológica,
além de suprir a carência alimentar das crianças pobres. Na verdade, como fora pensado desde o
início, o parque tinha pretensões educativas voltadas para o aspecto físico, alcançando da atenção
médica ao desenvolvimento, em combinação com a intervenção educativa na sociabilidade das
crianças; por isso, o valor dos jogos e da recreação. O corpo e sua educação eram o núcleo duro
da pedagogia parqueana elaborada pelo DEFESP, o que, por sua vez, justificativa contar com
recreacionistas, professoras, merendeiras, diretora, médicos, dentistas e enfermeiros a fim de
fazer funcionar uma escola o mais completa possível.
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 19, n. 2, p. 307-327, ago. 2017.
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FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
Ribeirão Preto: um pouco de sua história contada por relatos e documentos.
Portanto, além de alimentar e nutrir, o parque devia aplicar a ferramenta pedagógica
central da pedagogia do DEFESP: a ênfase na cultura dos jogos e da recreação.
Aparecida, quando perguntada se o parque infantil era como qualquer escola regular,
esclareceu que no parque
“era mais recreação”, embora houvesse “a parte de educação
propriamente dita”, cujo objetivo era formar “a criança como um todo”. Dulce explica que a
recreação era muito importante, sobretudo, para as crianças mais velhas:
Inclusive eu dei recreação pra garotos de 10 a 15 anos. Recreação. E dava assistência ao ensino também.
Porque eles frequentavam a escola e depois iam na recreação. Nós fazíamos olimpíadas, na época. Porque
tinha o Parque do Bosque e o Parque da Vila Tibério e o parque do Barracão, né? Eram esses três parques
e nós fazíamos olimpíadas nesses três parques: natação, atletismo, era uma coisa muito bem elaborada.
Porque era meio período, né? Quem estudava de manhã, frequentava o parque à tarde. Por isso que não
tinha tanta molecada na rua, né? Frequentava o parque de manhã. E vice-versa. Quem tava de manhã ia à
tarde para a escola.
Dulce, acrescenta, fazia as vezes de recreacionista e educadora física.
Da recreação se chegava aos esportes e daí a animadas competições. Nos anos 1950 havia
jogos que envolviam todos os parques da cidade, muitas vezes noticiados na imprensa local como
“Olímpiadas parqueanas”. Prandi
(2015, p.
54) explica que se tratava de
“eventos que
mobilizavam os parques infantis”, a exemplo de “olimpíadas e campeonatos de futebol”, sendo
que na “maioria das vezes o Parque Infantil Peixe Abbade ganhava, a ponto de permanecer sem
derrotas durante 26 partidas”, como noticiou o jornal A Tarde (PARQUE Infantil..., 28 out. 1953,
p. 5).
Pelo fato das práticas recreativas e esportivas serem priorizadas nos parques, porque eram
parte importante do seu programa educativo, havia a necessidade de difundir essa orientação
entre diretores e professores. Em razão dessa necessidade, o Departamento de Educação Física do
Estado seguia na orientação pedagógica dos parques ao ministrar periodicamente cursos de
formação de recreacionistas. Durante os oito anos que esteve no parque infantil como
recreacionista, Dulce lembra que fez “vários cursos de recreação em São Paulo”, para onde “ia
duas, três vezes por ano pra atualização”. Daisy atesta esse papel formativo exercido pelo
pessoal do DEFESP:
A gente tinha treinamento em São Paulo no DEF, que era o Departamento de Educação Física do Estado.
Nós ficávamos lá uma semana pra saber trabalhar com as crianças de educação física. E então, não era
chegar, jogar bola, não. A gente primeiro, antes de dar bola, dava exercícios de flexibilidade, agilidade,
para depois chegar no grande jogo. Então o professor participava. Eu aprendi a nadar com eles, que eu
não sabia, mas eu tinha que fingir que sabia. Aí, fiz o treinamento, num instantinho aprendi a nadar com
eles, porque eles nem percebiam que eu estava aprendendo, eles achavam que eu estava ensinando.
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 19, n. 2, p. 307-327, ago. 2017.
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FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
Ribeirão Preto: um pouco de sua história contada por relatos e documentos.
Os cursos citados por Daisy e Dulce, oferecidos no tempo em que trabalhavam nos
parques entre 1956 e 1967, evidenciam a contínua ingerência do DEFESP nos parques ribeirão-
pretanos. Desde o modelo de projeto, que referenciou a organização do espaço e a estrutura física
dos parques na cidade, tão determinante para as atividades praticadas neles, até a orientação
pedagógica, com ênfase nos jogos, na recreação e na iniciação esportiva, nota-se a ação do
Departamento, ora mais direta, como é o caso da concepção dos prédios e da área, ora nem tanto,
a exemplo dos cursos de formação realizados em São Paulo.
Considerações finais
Dos anos 1950, quando a maior parte deles foi criada em Ribeirão Preto, até 1980, os
parques infantis representaram um tipo peculiar de organização educativa formal, cujas
atividades em parte aconteciam com vistas ao que se fazia na escola e, quando os alunos eram
crianças entre três e seis anos, sua atuação era semelhante à uma pré-escola. O reforço escolar, a
recreação, os jogos, a alimentação, a assistência médica e odontológica, enfim, as atividades e a
pedagogia características dos parques destinavam-se a crianças de três a doze anos e aconteciam
nos turnos posteriores à escola ou supriam a escola para os que não a frequentavam.
Durante três décadas os parques infantis se territorializaram pelos bairros da cidade e se
incluíram entre as diversas instituições educacionais públicas e privadas da cidade. E se incluíram
tanto, a ponto de fazerem parte da paisagem educacional local, de serem citados pela sua
particularidade como escola de recreação, por sua contribuição para suprir o turno seguinte à
escola, pelo fato de evitarem a presença das crianças nas ruas, por serem polos irradiadores da
educação da saúde e da difusão de práticas higiênicas entre as crianças e suas famílias.
Além disso, para professores, a experiência docente nesse ambiente era peculiar em
comparação com as escolas. As entrevistadas neste estudo assinalam a ênfase recreativa e lúdica
das atividades que desenvolviam com as crianças. Para as professores Aparecida, Daisy, Cida e
Dulce, essa é uma lembrança marcante e enfatizada quando retomam o tempo em que
ingressaram na profissão.
Do ponto de vista político e institucional, quando reconstituído a partir do estudo dos
documentos, o processo de criação dos parques infantis em Ribeirão Preto demonstra que o
modelo foi entregue quase todo pronto. Os contatos entre a prefeitura e o Departamento de
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 19, n. 2, p. 307-327, ago. 2017.
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FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
Ribeirão Preto: um pouco de sua história contada por relatos e documentos.
Educação Física do Estado de São Paulo indicam a negociação para implantar na cidade um
projeto já definido, tanto física e espacialmente quanto pedagogicamente.
Referências
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FERREIRA, Débora Menengoti. Memórias do magistério: idealização do passado e exercício da
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FERREIRA, Débora Menengoti. Os parques infantis em Ribeirão Preto: um estudo sobre sua
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FONSECA, Sérgio César da; ALMEIDA, Elmir de. A Legião Brasileira de Assistência em São Paulo e a
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LAMAS, Maria Aparecida Paulin “Cida”. Entrevista. [abr. 2010]. Entrevistadora: Gabriela Campos
Darahem. Ribeirão Preto: FFCLRP-USP, 2010. 1 arquivo .mp3 (60 min.). A entrevista na íntegra
encontra-se transcrita no CD-Rom anexo j dissertação de mestrado “Contribuição para a história da
educação infantil em Ribeirão Preto: experiências de funcionários e professoras das Escolas Municipais de
Educação Infantil (EMEIs).
LOURO, Guacira Lopes. Mulheres em sala de aula. In: PRIORE, Mary Del. (Org.). História das
Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.
MELINI, Aparecida. Entrevista. [maio 2010]. Entrevistadora: Débora Menengotti Ferreira. Ribeirão
Preto: FFCLRP-USP, 2010. 1 arquivo .mp3 (50 min.). A entrevista na íntegra encontra-se transcrita no
relatório do projeto de pesquisa “Memórias do magistério: idealização do passado e exercício da profissão
no presente”.
PARQUE Infantil 1 x 0 C.R. Cajuru. A Tarde, Ribeirão Preto, n. 8.884, 28 out. 1953.
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Quaestio, Sorocaba, SP, v. 19, n. 2, p. 307-327, ago. 2017.
327
FONSECA, Sergio César da; FERREIRA, Débora Menengotti; DARAHEM, Gabriela Campos. Os parques infantis de
Ribeirão Preto: um pouco de sua história contada por relatos e documentos.
RIBEIRÃO PRETO. Lei Ordinária n. 3.839 de 24 de outubro de 1980. Altera a denominação dos
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RIBEIRÃO PRETO. ARQUIVO PÚBLICO E HISTÓRICO. Almanaque Ilustrado de Ribeirão Preto.
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TIRABOSCHI, Daisy Apparecida. Entrevista. [fev. 2011]. Entrevistadora: Gabriela Campos Darahem.
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Sergio César da Fonseca - Universidade de São Paulo- Faculdade
de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto. São Paulo | SP |
Brasil. Contato: sergiofonseca@usp.br
Débora Menengotti Ferreira
- Universidade de São Paulo
-
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto.
Ribeirão Preto | SP | Brasil. Contato: dmenengotti@hotmail.com
Gabriela Campos Darahem
- Universidade de São Paulo
-
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto.
Ribeirão Preto | SP | Brasil. Contato: gabidarahem@gmail.com
Artigo recebido em: 21 out. 2016 e
aprovado em: 15 jun. 2017.
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 19, n. 2, p. 307-327, ago. 2017.