Formação de equipes gestoras: uma proposta em favor da humanização e da
diversidade
Daianny Madalena Costa
Ana Cristina Ghisleni
Resumo: Esse trabalho apresenta uma experiência de formação de gestores de uma rede municipal da Região
Metropolitana do Vale do Paraíba, no estado de São Paulo. A ação empreendida parte da problemática
encontrada pelos técnicos da sede da Secretaria Municipal de Educação de escutar as equipes gestoras das
escolas
- como grupos responsáveis pela dinâmica de cada estabelecimento
- e de compreender os reais
problemas enfrentados por elas. Disso decorreram as formações, que tiveram como propósito contribuir para o
conhecimento daquilo que efetivamente compõe as faltas produzidas pelo não saber. Os temas escolhidos
(humanização e diversidade) trouxeram à tona críticas ao modelo de gestão instituído, ao mesmo tempo em que
se coadunaram com perspectivas inovadoras em termos de formação de gestores. Metodologicamente, propõe-se
uma abordagem qualitativa de inspiração hermenêutica sobre a prática educativa, em um movimento de análise
que supõe a ação-reflexão-ação. O resultado da formação realizada neste formato foi a produção de reflexões, de
alteridade e de fazeres coletivos que qualificaram a atuação pedagógica, constituindo uma experiência inovadora
tanto no que tange à concepção quanto à prática educacional.
Palavras-chave: Gestão da educação. Inovação educacional. Formação de diretores.
Formation of management teams: a proposal for humanization and diversity
Abstract: This work presents an experience of principal formation of a municipal network at the Metropolitan Region of
the Paraíba Valley, in São Paulo state. The action undertaken is part of the problems encountered by technicians
at the headquarters of the Municipal Department of Education to listen to the management teams of schools - as
groups responsible for the dynamics of each school - and to understand the real problems they face. From this
the formations took place, whose purpose was to contribute to the knowledge of what effectively composes the
faults produced by non-knowledge. The chosen themes (humanization and diversity) have raised criticism of the
management model, while at the same time being in line with innovative approaches to training managers.
Methodologically, it proposes a qualitative approach of hermeneutic inspiration on the educational practice, in a
movement of analysis that supposes the action-reflection-action. The result of the training carried out in this
format was the production of reflections, alterity and collective actions that qualified the pedagogical
performance, constituting an innovative experience both with regard to conception and educational practice.
Keywords: Management of education. Educational innovation. Principal formation.
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humanização e da diversidade.
O lugar da pergunta
No planejamento da Diretoria Técnico Pedagógica (DTP), órgão da Secretaria Municipal
de Educação
(SME), responsável pela formação, acompanhamento e supervisão da rede
municipal de educação, realizado no início do ano letivo de 2013, encontramos o conjunto das
diretrizes que conduzem os seus fazeres, a concepção para a formação e os estudos que deveriam
ser promovidos.
Proporcionar uma formação continuada visando a qualificação dos profissionais da
educação, por meio de um formato que considere referenciais teóricos alicerçados na
reflexão, no processo, na realidade, na cultura, resguardando a identidade de cada
segmento (JACAREÍ, 2013-2016, p. 1).
A partir desse compromisso foi realizado um convite para que as escolas pudessem
responder sobre os principais problemas que enfrentavam em seu cotidiano. Tal levantamento
partiu da compreensão ancorada em Saviani (1980), que pressupõe que um problema só é uma
questão imprescindível, se estiver amparada no sentido de ser algo necessário a ser conhecido. O
autor nega que uma equação matemática, por si só, seja um problema. Ou então, não saber
quantas e/ou quais são as ilhas do Caribe seja uma boa pergunta - se tal conhecimento não fizer
diferença para a vida de seu formulador.
Assim, uma questão, em si, não caracteriza o problema, nem mesmo aquela cuja resposta
é desconhecida; mas uma questão cuja resposta se desconhece e se necessita conhecer,
eis aí um problema. Algo que eu não sei não é um problema; mas quando eu ignoro
alguma coisa que eu preciso saber, eis-me, então, diante de um problema
(SAVIANI, 1980, p. 21 - grifos nossos).
Desta forma, exercer criticamente a capacidade de aprender é poder reconhecer o não
saber e o que queremos saber, ou o que precisamos saber. Conhecimento esse, calcado no não
saber, e na consequente decisão de precisar saber de si. O que é mesmo que nos falta conhecer
para melhorarmos ainda mais o nosso viver? Quais são os saberes que faltam à escola, do qual ela
não pode abrir mão? E nesse sentido, Brandão (2000) aponta que essa é a inusitada tarefa da
educação: aproximar do não sabido, o qual necessita compreensão para se saber na cultura.
Pois no mundo cultural da escola e da educação é o que não se sabe, é o que os alunos
desconhecem e a professora ainda não sabe, aquilo que constitui a própria substância
viva do trabalho de aprender-e-ensinar. Por que é sobre o que não-se-sabe que se abre ao
trabalho docente o desafio da prática da procura e da pesquisa (BRANDÃO, 2000, p. 2).
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Partindo dessas premissas, ao pensarmos nos desafios que se colocam à educação,
estamos falando também daqueles que têm a ver com a maneira como a educação está
organizada, neste caso, relativamente à rede de educação. Não pode ser somente a escola, a
instituição que deve ter o compromisso de lidar com os não saberes. Pelo contrário, toda a
estrutura dos sistemas1 educacionais tem a tarefa essencial de reconhecê-los e enfrentá-los,
dinamizando o lugar da escola como produtora de uma prática pesquisadora, inserida na cultura e
que se faz, a partir da problematização.
Dessa maneira, parece-nos que a pergunta esteja precedida do desassossego, pois é a
inquietude do não-saber que nos remeterá aos primordiais problemas, os quais servirão para a
reflexão acerca das questões inevitáveis à vida - da escola, dos sistemas educacionais e daqueles
que os compõem. Isso significa pensá-los a partir de uma pedagogia que afirma pergunta - como
condição imponderável. Buscar o sentido da escola como promotora de conhecimentos que
sirvam aos interesses de quem a integra diretamente; daqueles que a vivem cotidianamente. Dito
isso, estamos enfatizando o ato de problematizar como aquele que se origina da interrogação, da
pergunta e, por isso, reportamo-nos a Faundez num diálogo com Freire -
Eu insistiria em que a origem do conhecimento está na pergunta, ou nas perguntas, ou no
ato mesmo de perguntar; eu me atreveria a dizer que a primeira linguagem foi uma
pergunta, a primeira palavra foi a um só tempo pergunta e resposta, num ato simultâneo
(FREIRE; FAUNDEZ, 1985, p. 48).
Assim sendo, é preciso buscar pelo tempo-espaço da problematização na escola, no
sistema educacional. Para isso, insistimos como pertinente investigar sobre quais seriam os não
saberes, os problemas, as questões - necessários àquela realidade? Se, como anteriormente nos
ajudou Brandão (2000), é a partir do que querem saber os alunos, aquilo que o professor pode
também não saber, que deve ser feito o cotidiano da educação. Dessa forma, também uma
secretaria de educação - que tem como pressuposto, promover a formação continuada de sua rede
- tem a responsabilidade de buscar sobre as faltas que lhes acometem.
Desse modo, podemos compreender que o movimento realizado pela Diretoria Técnico-
Pedagógica levou em consideração tais evidências, pois de acordo com os instrumentos
analisados (planejamento interno, memorandos enviados para as escolas e avaliação do trabalho)
1 Para este trabalho os Sistemas Educacionais serão entendidos na perspectiva da articulação entre as escolas
municipais e a Secretaria Municipal de Educação, por meio de sua Diretorias Técnico-Pedagógica, dessa rede, em
específico.
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constatamos um levantamento que partiu da premissa e da busca em torno de quais seriam os não
saberes existentes na rede municipal de educação - na perspectiva de algo que necessariamente
fosse aprendido e descoberto para que a escola se realizasse da maneira desejada. O quê, em se
tratando de formação, deveria ser fundamental para uma secretaria de educação se ocupar para
promover um conhecimento imprescindível e fecundo para aqueles que vivem o seu cotidiano?
Metodologia
O presente estudo buscou o aprofundamento de duas questões caras às políticas
educacionais nos conceitos de humanização e de diversidade: a primeira questão diz respeito à
necessidade dos órgãos do topo da hierarquia dos sistemas educacionais reconhecerem o saber
existente na escola, quanto ao reconhecimento de seus problemas. A segunda está pautada pela
possibilidade de manejo de temas que estão intimamente ligados às práticas intersociais que são
deflagradas no interior das unidades educativas. Nesse sentido, humanização e diversidade
carregam um arcabouço imprescindível para o (re)conhecimento da realidade escolar.
A metodologia utilizada neste trabalho partiu da compreensão de que os ambientes
educativos estão marcados pelas interações sociais na sua relação com o tempo-espaço em que
acontecem as políticas educacionais, em especial, no que tange à formação das equipes gestoras
escolares. Dito de outra forma, estamos propondo um olhar acerca da formação continuada, a
partir das inquietações existentes entre aqueles que compõem o quadro de profissionais de uma
rede municipal de educação. Isso pode deflagrar um movimento de compromissos e
responsabilidades entre todos os órgão e setores que compõem o sistema educacional.
Tomando por base o momento histórico atual, marcado pela ideia de uma “sociedade da
aprendizagem” (ALARCÃO, 2011, p. 26), propomos uma metodologia marcada pelos conceitos
de problematização e emancipação, coerentes com uma prática educacional que fortalece e
promove movimentos de autonomia e inovação a partir do centro do sistema educacional: a
escola. Dito isso, ponderamos a necessidade de uma metodologia que leve em conta os
movimentos de ação-reflexão-ação, na direção de práticas de decisão no interior das unidades
escolares, como possibilidade de se reconhecerem enquanto sujeitos formadores de políticas
educativas.
Noutras palavras, o escopo teórico desse trabalho leva em consideração a ruptura entre
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políticas que possam se realizar enquanto normatização, fora dos contextos escolares e que
chegarem ao chão da escola como medidas salvacionistas, porque dizem o que deve ser feito. Ao
contrário disso, a prática reflexiva deste trabalho ponderou a necessidade de partir dos saberes e
da problematização realizada pela escola, por meio de seus profissionais, no sentido de promover
uma compreensão que alicerçou interações baseadas nos princípios da humanidade e da
diversidade. É dentro desse contexto que se insere a noção de inovação, igualmente trabalhada
neste artigo, que vincula a proposição da formação oferecida aos gestores a um trabalho
diferenciado oferecido e empreendido pelas equipes envolvidas.
Dessa maneira, uma abordagem qualitativa de inspiração hermenêutica sobre a prática
educativa será nossa concepção metodológica. Afinal “discutir a cientificidade de um objeto de
estudo significa buscar um modo especial de legitimar o conhecimento” (GHEDIN; FRANCO,
2008, p. 51). Sendo assim, para dar conta deste fim, buscamos nos fundamentos da prática
pedagógica experimentada, os elementos empíricos que nos ajudam a construir o conhecimento.
Serviram-nos como instrumentos de análise as fontes documentais e as observações realizadas.
Assim, as fontes de dados estiveram alicerçadas nos documentos (planejamento da DTP,
“questionários” respondidos pelas escolas e nas avaliações, após realizadas). Encontramos neles,
a possibilidade de uma compreensão acerca dos principais problemas de uma rede municipal e
pudemos dizer que as escolas têm muito a dizer sobre seus problemas, sua realidade.
O processo em que a pergunta se fez
Como vimos anteriormente, no planejamento realizado pela DTP estava inserido seu
compromisso para uma formação continuada que levasse em conta a realidade escolar da rede
municipal. A isso, os membros dessa diretoria somaram o entendimento de que seria preciso
saber o que a escola entendia como importante a ser conhecido, ou, então, seria necessário
conhecer o que a escola não sabia. A partir dessas premissas, foi construída uma reunião com
todos os membros das equipes gestoras das escolas (diretores, vices diretores, apoios pedagógicos
e orientadores pedagógicos - cerca de cento e vinte pessoas) e explicado, por meio de um
memorando entregue a cada um, o processo que envolvia a “problematização e a formação”.
Neste documento, além de uma pequena explanação sobre o que já abordamos, foi proposto um
conjunto de questões acerca do que os profissionais da escola nomeavam como problemas
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encontrados, com o propósito de organizarem as formações futuras. O objetivo desses
questionamentos era o levantamento dos principais problemas do dia a dia que mereciam ser
abordados nas formações.
Em torno de vinte dias após, as respostas começaram a chegar à DTP. Foi então que uma
pequena equipe organizou os dados respondidos pela grande maioria das escolas da rede. Ao final
do processo foram conhecidos os problemas apontados e as conclusões foram apresentadas às
equipes gestoras:
doze
(12) elencaram que seu principal problema se referia à dificuldade com a
indisciplina;
oito (08) unidades escolares apontaram o assunto inclusão;
cinco (05) manifestaram-se sobre o ensino da matemática;
cinco (05) sobre produção textual;
cinco (05) sobre contação de histórias;
cinco (05) sobre problemas sociais; e
quatro (04) levantaram questões sobre a participação dos pais.
Desse levantamento, foi possível um outro exercício de reflexão por parte da DTP. Disso
resultou um novo agrupamento dos temas levantados. Indisciplina, problemas sociais e
participação dos pais constituíram um grupo, pois foram temas compreendidos como articulados.
Os temas de contação de histórias e produção textual também foram compreendidos como sendo
parte de uma problematização a respeito da leitura e resultou noutro grupo. Os demais
permaneceram como inicialmente propostos.
Esta nova configuração ficou assim composta:
Quadro 1 - Temas agrupados
Temas
Número de escolas
Indisciplina, Problemas Sociais e Participação dos pais
21
Inclusão
8
Ensino da Matemática
5
Produção textual e Contação de histórias
10
Nota: Os temas foram agrupados a partir do levantamento realizado para compreensão dos problemas
enfrentados pelas escolas.
Fonte: Organizado pelas autoras.
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O agrupamento proposto revelou que 48% das escolas evidenciaram como problema
principal a dificuldade em trabalhar com questões relativas a aspectos das relações sociais. Os
temas
“inclusão” e
“produção textual e contação de histórias” tiveram
18% e
23%
respectivamente. E sobre o “ensino da matemática” houve 11% de manifestações. O gráfico a
seguir demonstra a reorganização feita.
Gráfico 1 - Temas agrupados quanto ao levantamento realizado para compreensão
dos problemas enfrentados pelas escolas
Fonte: Organizado pelas autoras.
Por fim, o último entendimento realizado pelos membros da DTP propôs uma nova
divisão que evidenciou que as questões sobre inclusão poderiam estar associadas àquelas de
ordem social, pois, como veremos mais adiante, parece haver uma certa dificuldade, por parte da
escola, em reconhecer-se como um espaço efetivo para todos. Esse pressuposto, por certo, está
articulado ao problema a respeito do reconhecimento das diferenças. Afinal, por muito tempo, a
instituição escolar foi concebida para poucos, dentro de formatos e de padrões conhecidos.
Assim, foram três conjuntos de formações organizadas a partir do levantamento descrito.
Uma denominada como “Projeto Leitura” destinada a todos os professores que desejassem. Outra
que foi sobre o processo ensino-aprendizagem da matemática. E mais uma, da qual iremos nos
ocupar nesse artigo, destinada às equipes gestoras de todas as escolas municipais, a qual levou em
consideração o problema vinculado à Indisciplina, aos Problemas Sociais e à Participação dos
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pais (articulação família escola, designado como “Humanização”). O tema da Inclusão ficou
contemplado sobre a pgide da “Diversidade”. Esta nova divisão foi apresentada aos profissionais
das equipes gestoras. Desse modo, o tema “Humanização e Diversidade”, totalizou 66% do
levantamento realizado, e no ano de 2014 passou a compor as formações realizadas pelos
técnicos da DTP, juntamente com os diretores das escolas, com o objetivo de investir na reflexão
da prática cotidiana vivenciada pelos diretores, possibilitando seu reconhecimento enquanto
coordenador da organização educativa e articulador da escola como equipamento social inserido
num tempo-espaço de humanização e aprendizagem.
Para a DTP, o público das formações sobre leitura e matemática seriam os professores e
os apoios pedagógicos e jquelas sobre “Humanização e Diversidade” estariam destinadas js
equipes gestoras. Esse momento marcou uma nova condição de trabalho para essa diretoria que,
até então, preocupava-se com a formação continuada apenas para professores e os profissionais
das equipes pedagógicas das escolas. Na SME, os diretores reuniam-se somente com a Diretoria
de Planejamento, ocupando-se muito mais das questões administrativas e de planejamento
escolar. Indubitavelmente, essa Secretaria Municipal de Educação vivia um redimensionamento
no seu pensar, pois propor uma reflexão a respeito desses temas significava rever as inter-
relações que se estabeleciam entre todos que compõem o universo escolar. Também entre
profissionais das escolas e da DTP; e, obviamente, entre aqueles que ocupavam sua vida
profissional dentro da própria diretoria.
A partir daí iniciaram-se estudos sobre a temática “Humanização”, com o objetivo de
atingir questões imprescindíveis para que a escola e o sistema como um todo se viabilizassem
enquanto instituições saudáveis, acolhedoras e educadoras. As sugestões ancoraram-se em
importantes temas como a escuta, o pertencimento, o poder, a forma de lidar com os conflitos, o
líder positivo e o reconhecimento da comunidade escolar. Para isso, num primeiro momento, foi
realizado um acompanhamento mais sistemático dos diretores e organizada uma reunião mensal
(na sede da SME) e encontros com os núcleos de diretores realizados pela Gerência de
Supervisão Escolar (GSE), grupo interno à DTP, além de diversos estudos sobre as referidas
questões.
No ano de 2014, as sete supervisoras da GSE dividiam entre si o acompanhamento de
cerca de sessenta escolas, desde creches até o primeiro ciclo do ensino fundamental (do primeiro
ao quinto ano). Esse modelo, instituído ao longo do tempo, levou a DTP a contínuos
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questionamentos relativos ao seu fazer junto às escolas municipais. Foi do conjunto desse
trabalho que ficou definida uma outra organização para o ano de 2015. Essa remodelação foi
fundamental, pois passou-se a acompanhar as entidades escolares de forma mais próxima,
dialogal, mais comprometida com as dúvidas da escola do que com procedimentos burocráticos,
muitas vezes vazios de sentido.
Em 2015, a formação foi desenvolvida com todos os profissionais que compunham as
equipes gestoras (diretores, vice-diretores, apoios e orientadores pedagógicos), no sentido de
alargar a participação, o envolvimento e a corresponsabilidade pela escola. O trabalho adotado
contou com todos os profissionais da DTP - cerca de quarenta pessoas e com uma assessoria do
Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária) junto aos
técnicos da DTP. E estes realizaram encontros com todas as equipes gestoras ao longo do ano. Os
encontros em grande grupo aconteceram em três momentos de formação/estudos/reflexões e
totalizaram três grandes seminários que contaram com aproximadamente duzentos professores
mais a participação de todos os membros da DTP.
Outros momentos aconteceram com encontros com o grupo referência da escola (ao todo
foram 14 - catorze grupos), tendo dois ou três assessores da DTP como responsáveis por um
grupo de quatro a cinco escolas. O grupo referência era responsável pelo acompanhamento de
cada unidade escolar individualmente, e essas reuniões aconteciam mensalmente, ou como cada
equipe necessitava. Essas reuniões tinham por intenção realizar uma discussão com todos os
membros da equipe gestora da escola, no sentido de valorizar uma “parada” e refletir sobre o que
estava acontecendo no cotidiano. Além disso, quatro vezes durante o ano, reuniram-se todos os
diretores, divididos em outros sete grupos (“grupos propositivos”), para que pudessem discutir
sobre suas questões, coletivamente.
A esse terceiro momento, chamado de “grupos propositivos” percebemos o esforço para
viabilizar uma formação, efetivamente, entre os pares. Na lógica de reunir dois grupos referência
quatro vezes ao longo do ano com todas as equipes gestoras de seus grupos de referência,
ampliando estudos e discussões.
No total havia catorze grupos referência e sete grupos propositivos que estiveram
engajados com a formação e a assessoria às equipes gestoras e às escolas como um todo durante
todo o ano de 2015. Vale a pena destacar que esses encontros eram planejados de forma coletiva
entre a equipe DTP e depois cada grupo desenvolvia as reuniões com suas equipes gestoras-
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referência. Obviamente, aconteceram muitos outros encontros de assessoria e formação, porém,
de forma individual, com cada equipe da escola.
Humanização e Diversidade: uma proposta de formação
Como visto anteriormente, a Diretoria Técnico-Pedagógica da Secretaria Municipal de
Educação ocupou-se da tarefa de refletir acerca dos problemas enfrentados no cotidiano das
unidades escolares e de buscar forma de lidar com eles. A análise que trazemos nesse momento
estabelece algumas relações entre os padrões e as justificativas que se estabeleceram no trabalho
com estas questões. Tudo isso precisa ser entendido como princípios da escola e do conhecimento
e como um trabalho de aproximações entre os entes do sistema educacional. Deve, ainda, ser
visto como uma provocação ao tipo de formação desenvolvido em boa parte dessas mesmas
lógicas, onde ainda impera o modelo de que uns ensinam a outros que não sabem. Daí advém a
ênfase garantida aqui à noção de inovação, posto que o trabalho desenvolvido se ancorou em
novas premissas e na ideia de buscar alternativas a modelos, formato e ações já existentes, com
base no trabalho desenvolvido pelas próprias escolas.
Assim, podemos iniciar com uma ideia de que a instituição escolar, calcada sob o
paradigma dominante
(SANTOS, 2001), desenvolveu uma pedagogia alicerçada sobre os
pressupostos da modernidade
(classificação, dicotomias, hierarquias) com suas regras
estabelecidas pelos donos do mundo - o centro hegemônico do poder. Historicamente, podemos
afirmar que a instituição escolar teve a necessidade de investir em aprendizagens que pudessem
tornar as pessoas capazes de responder positivamente à produção capitalista do século XIX
(FOUREZ, 2008). Desse modo, compreendemos que o avanço técnico-científico, durante a fase
do capitalismo industrial que se sustentou sobre o modelo taylorista - fordista, afirmou o controle,
a fragmentação, a supervisão, a especialização e a hierarquização e introduziu a concepção de
uma escola voltada para o mercado, usando os mesmos métodos empresariais para desenvolver a
aprendizagem, criando o que Azevedo denomina “mercoescola” (AZEVEDO, 1997).
Isso nos possibilita dizer que há uma cultura escolar cristalizada
(VIÑAO, 2002) a
respeito do que vem a ser esta instituição, para que serve, como deve funcionar, o que deva
ensinar, como devem se comportar todos aqueles que estão em seu interior. Assim, pode-se
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concluir que a instituição escolar é anterior aos sistemas e, consequentemente, às políticas
educacionais propriamente ditas. Esta anterioridade garante a lógica instaurada até a atualidade,
visto que a cultura escolar carrega desde sua gênese, os seus modos de difusão (VIÑAO, 2002).
A instituição educativa, portanto, gerou sua própria cultura e, dessa forma, reproduziu os
preceitos da modernidade, solidificando seu devir na sociedade. O conhecimento marcado pela
técnica e pela rigidez científica aos poucos foi evidenciando profundas contradições. O progresso
que se instalou a partir dos principais pressupostos do liberalismo: razão
(cientificidade) e
liberdade (promovida pela tecnologia e pelo consumo), ao invés de materializarem a igualdade,
produziram níveis elevadíssimos de exclusão e forjaram uma sociedade prisioneira do mercado,
da propriedade e do consumo.
A tensão instalada neste modelo de sociedade também fez gerar colapsos nos sistemas
educacionais, já que estes passaram a não responder mais aos seus grandes pressupostos que lhes
serviram durante anos. Dessa forma, a crise pela qual passa o modelo de sociedade atual
intensificou o descontentamento com esta instituição. E há, por isso, críticas de muitos lados,
desde os fins da educação
- sua seletividade, sua meritocracia, a desvalorização de seus
certificados (os diplomas nem sempre servem para conseguir um bom emprego); também, um
descontentamento pela forma como opera - sua burocracia, seu sistema; ainda, pelas relações que
se estabelecem - sua autocracia, a falta de respeito entre todos os grupos que a compõem, a
exclusão; e pela crítica à má-formação de seus profissionais. Tudo isso revela um conflito de
identidade pelo qual passa (FOUREZ, 2008).
Se, a escola foi produzida para formar para o mundo do trabalho, e este vive momento de
conflitos, o estabelecimento escolar, por isso, é compelido a se repensar. Ou fica encarcerado,
ocupando-se dessa tarefa como se fosse sua única e possível responsabilidade, ou se propõe a se
procurar, a se refazer, a se reinventar, numa perspectiva de rompimento com velhos paradigmas
buscando uma educação que responda às necessidades desta época.
Diante deste quadro, para que não se caia numa profunda desmotivação, a opção pelo
enfrentamento dos seus problemas foi uma possibilidade necessária. Reconhecendo que ao
contrário de ser a “grande redentora” dos problemas da humanidade, é, incontestavelmente, uma
instituição importante na contribuição da superação do modelo vivido, para outro mais humano, a
partir do reconhecimento da diversidade e diferenças.
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A inovação, neste contexto, surge para além da variante conceitual da mudança
(ROLDÃO, 2001), entendida como um conjunto de possibilidades capazes de superar limitações
ou necessidades, de forma a possibilitar ou qualificar o trabalho docente e pedagógico realizado
pelas instituições. Tem-se, desta forma, um conceito de inovação
“a partir de dentro”
(IMBERNÓN, 2013), com buscas e construções para dar conta de insuficiências ou de situações
problemáticas.
A construção de situações inovadoras, no entanto, pode prescindir, em alguns momentos,
de regramentos ou construções externas, configurando um “protagonismo coletivo e, portanto
institucional” (IMBERNÓN, 2013, p. 23). Daí a importância dada, no modelo de formação
desenvolvido, ao protagonismo e às experiências trazidas pelas escolas e pelos gestores
participantes. Tal situação tangencia referenciais institucionais mais ampliados sem, no entanto,
burlar os ditames legalmente estabelecidos. Como nos lembra Lima (2001), é preciso
estar atento aos diferentes planos, estruturas e regras organizacionais. Consoante se
privilegiar o estudo de algumas delas, se optará por um certo tipo de focalização no
estudo da escola como organização. O que aqui se admite é a importância de uma
focalização diversificada, sem a qual não parece possível dar conta da diversidade dos
fenómenos organizacionais - uma focalização normativa (estruturas e regras formais),
uma focalização interpretativa (estruturas ocultas e regras não-formais e informais) e
uma focalização descritiva (estruturas manifestas e regras efectivamente actualizadas).
Neste sentido, se recusa, de um ponto de vista teórico, uma abordagem de tipo
determinista, que elegeria a ordem burocrática da conexão e das orientações formais-
legais como exclusiva. Pelo contrário, admite-se a existência de outras ordens
concorrentes e a produção organizacionalmente localizada de outros tipos de regras.” (p.
56 - grifos do autor).
E, ainda nas palavras de Lima (2001), é pertinente a provocação acerca das sutilezas que
povoam o cenário organizacional das escolas e que estabelecem a busca por soluções inovadoras
As escolas ‘funcionariam’ se os diversos actores se limitassem a um cumprimento zeloso
de regras formais. Os modelos organizacionais podem dispensar os actores, as suas
decisões, interpretações, interesses? As práticas concretas, a nível escolar, dos modelos
decretados, podem ser consideradas traduções legítimas? E no caso de não o serem,
devem ser simplesmente entendidos como desvios, disfunções ou ilegalidades? Afinal,
quem organiza as escolas? (p. 112 - grifos do autor).
Como proposta de enfrentamento aos problemas, podemos contar, ainda, com a
contribuição de Freire (1998), que em sua crítica à escola capitalista, denominada de “bancária”,
identificou, como princípios de sustentação, a dicotomia entre quem sabe (o professor) e quem
não sabe (o aluno); a desvalorização dos conhecimentos já produzidos e acumulados pelas
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humanização e da diversidade.
comunidades; o lugar da escola como uma instituição onde o conhecimento é transferido; o lugar
das certezas e do conhecimento pronto e acabado.
Freire e Faundez (1985) compreendem que a aprendizagem, assim, não se efetiva porque
o professor impõe as normas e a maneira de acontecer, mas ao contrário, porque o aluno
transgride a este método e busca respostas ao que quer conhecer. Com esta inversão, os autores
compreendem que a escola estará contribuindo para uma sociedade mais igual e democrática, não
mais reforçando a separação entre quem sabe e quem não sabe.
Baseado neste entendimento, Freire (2000) defende a reconstrução da escola voltada à
satisfação das necessidades de seu povo.
A educação tem sentido porque mulheres e homens aprenderam que é aprendendo que se
fazem e se refazem, porque mulheres e homens se puderam assumir como seres capazes
de saber, de saber que sabem, de saber o que ainda não sabem. De saber melhor o que já
sabem, de saber o que ainda não sabem. A educação tem sentido porque, para serem,
mulheres e homens precisam de estar sendo. Se mulheres e homens simplesmente
fossem não haveria porque falar em educação (p. 40).
Nesta mesma direção, para a construção de uma educação mais comprometida com a
vida, é trazido o aporte baseado em Morin
(2000) que estabelece a reflexão dos saberes
necessários à educação do futuro. O raciocínio do autor inicia com uma crítica sobre o papel do
conhecimento na evolução histórica das nossas sociedades, devendo ser construído por seus
atores/protagonistas, tudo isto numa perspectiva planetária-espécie-indivíduo, resgatando a ética
da solidariedade entre o globo e o humano. Parece inegável afirmar que, mais do que nunca, se
faz necessário recuperar o sentimento e o sentido nas relações que se estabelecem em sala de
aula, nos Sistemas Educacionais, rompendo com o paradigma dominante, que sustenta a
arrogância de quem tudo sabe ensina a quem tudo ignora.
Baseado nesta visão, Nóvoa (1995) pondera que estes são tempos em que a escola
bancária não mais se justifica. É imperioso buscar novas formas de desenvolvimento, de inclusão,
de humanização, para que a educação escolar possa oferecer condições à descoberta do
conhecimento indispensável aos avanços que urgem neste contexto.
Sobre esse novo paradigma, Gohn (2001) pondera que isso significa uma escola solidária,
emancipatória e ética. Que se torna viável e possível a partir do envolvimento de seus
participantes. Contará com princípios democráticos, como elementos fundantes de
empoderamento da comunidade, pois a partir da divisão de responsabilidades e poderes haverá
um compromisso com a vida das pessoas.
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Assim, humanização e diversidade são elementos que podem viabilizar a construção de
uma escola comprometida com seu tempo-espaço. São temas que emergem na condição de uma
ética que rompe com os grandes princípios do início da modernidade, como já vimos. Acontecem
num ambiente bastante favorável a conceber uma equipe gestora da escola, como grupo que ao
mesmo tempo escute o que todos e cada um têm a dizer sobre seu cotidiano, reflita a respeito de
seus problemas e corresponsavelmente reinvente os fazeres existentes em seu cotidiano.
Avaliação das equipes gestoras sobre o processo vivido
No final de 2015, a DTP enviou para as escolas o pedido para que o processo de
reorganização (os grupos referências, os grupos propositivos e a formação “Humanização e
Diversidade” das equipes gestoras) fosse avaliado.
De uma maneira geral as pessoas se sentiram mais responsáveis pelos desafios.
Consideraram que houve um entrosamento muito maior entre a sede da secretaria e a unidade
escolar; ponderaram que houve uma maior articulação entre a gestão e o pedagógico - havendo
um distanciamento da dicotomia e ruptura entre administrativo-pedagógico; apreciaram de forma
favorável as formações que ocorreram durante o ano sobre a temática humanização e diversidade
e se viram problematizando diversas situações acontecidas no interior das escolas.
Sobre os aspectos a melhorar, analisaram que, em muitos momentos, o distanciamento
entre os membros da sede e da escola ainda persistiu, parecendo que não havia um completo
envolvimento dos primeiros com a equipe gestora; consideraram que os registros realizados ainda
não são claros, fortalecendo a ideia de cumprirem com uma formalidade maior do que sua
importância no sentido de incentivar que práticas sejam refletidas; solicitaram que as reuniões
sejam sempre marcadas, pois ainda ocorreu dos grupos referência chegarem à escola de surpresa,
sem agendamento, o que dificultou sua acolhida pela equipe gestora, demonstrando talvez um
desrespeito com a vida e a organização da escola.
De maneira geral, as escolas puderam dizer o que viveram e isto demonstrou o quanto
acreditam em seu trabalho e numa parceria viável com a sede da secretaria. Do contrário, não
teriam assumido a tarefa de considerar críticas e conquistas. Afinal, a avaliação serve
necessariamente para isto: “analisar os contornos da crise, perceber os fatores que estão na sua
gênese, congregar esforços e intervir sistêmica e coerentemente” (ALARCÃO, 2011, p. 16).
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Assim, por meio dos temas humanização e diversidade foi promovido um conjunto de
significados a partir da premissa de como as pessoas podem dirigir o estabelecimento escolar de
maneira a promover a busca pelos problemas ali existentes e consequentes alternativas a eles.
Essa maneira encontrada, contou com a participação dos membros de toda a escola, na direção de
resolverem seus dilemas, seus conflitos, por meio da prática de um diálogo reflexivo e exaustivo.
Isso ao fim proporcionou para o grupo o sentido da coletividade e da alteridade.
Conclusões possíveis
A ideia de contar com uma reflexão dos reais problemas da escola, por meio da escuta dos
seus gestores, por si só, já é um contraponto importante, quando pensamos na formação dos
dirigentes escolares. Isso porque há, no interior da cultura gestão educacional, a cristalização de
que a sede das secretarias de Educação, seja no âmbito que for, sabem propô-las, porque
conhecem a estrutura escolar.
E, obviamente, ninguém conhece tão bem a escola senão aqueles que efetivamente a
vivem no seu cotidiano. Isso não significa que aqueles que estão inseridos no seu dia a dia, sabem
responder a todas as questões que surgem. Nem tampouco quer dizer que os que estão mais
afastados dela, não têm nada a considerar. Este tipo de construção, pelo contrário, permite,
compreender que há a necessidade de um diálogo constante que busque reconhecer os problemas,
refletir sobre eles, agir para novas soluções e outras percepções, num movimento intenso e
sequencial.
O método ação-reflexão-ação, portanto, contribuiu para esse processo dialógico. O tema
escolhido “Humanização e Diversidade”, por isso, foi o estopim para que os profissionais da DTP
e os gestores escolares se ocupassem com questões como indisciplina, relação escola-família e
professor-aluno, inclusão, gestão democrática, participação etc.
No que diz respeito à dimensão da inovação, reforçou-se, na prática analisada por este
artigo, que a perspectiva orientadora da noção de inovação compreendeu sim a construção da
eficácia. Essa dimensão, porém, não se dá pela performance, mas pela capacidade das instituições
resolverem os problemas que lhes são colocados (FIGARI, 1999). Outra consideração que nos
parece importante aqui diz respeito a um necessário debate ético-político-cultural que precisa ser
fomentado a partir da discussão sobre a inovação que vem dominando o cenário educacional
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(principalmente diante do insistente - e no mais das vezes real - diagnóstico da insuficiência da
ação escolar). Cada vez mais parece configurar-se esta necessidade como a única forma de
tangenciarmos o foco no desempenho, no caráter normativo e na ausência da capacidade de
atuação frente a demandas recebidas.
Práticas e metodologias inovadoras precisam ser discutidas e consideradas desde o
processo de formação docente e de gestores. Não concordar com os resultados existentes não nos
exime de termos a consistência necessária para debatê-los e constituir as alternativas necessárias.
Termos a consciência crítica de que a atuação das escolas deixa de “requerer o estabelecimento
de critérios ou ‘standards’, dimensões e níveis, regras e normas em relação aos quais compara
as ‘performances’, julga a importância das discrepâncias e a sua adequação, suficiência,
sucesso ou excelência”
(RODRIGUES, 1999, p. 56 - grifos do autor) torna ainda mais
necessário o estabelecimento de princípios ético-político-culturais que balizem tais determinações
e as alinhem a princípios educacionais e não de competição de mercado. Romper com o status
quo implica incluir o aluno como sujeito (LUCARELLI, 2004), considerando sempre, nas
palavras de Lucarelli que “la experiencia inovadora implica una relación dinâmica entre teoria y
práctica, más allá de la simple relación de aplicación a la que esta última parece destinada em la
rutina curricular o a~lica” (p. 513).
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COSTA, Daianny Madalena; GHISLENI, Ana Cristina. Formação de equipes gestoras: uma proposta em favor da
humanização e da diversidade.
Daianny Madalena Costa - Universidade do Vale do Rio dos Sinos
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Unisinos. São Leopoldo
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Brasil. Contato:
daiannycosta@hotmail.com
Ana Cristina Ghisleni - Universidade do Vale do Rio dos Sinos -
Unisinos.
São Leopoldo
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Brasil.
Contato:
anacghisleni@gmail.com
Artigo recebido em: 12 dez. 2016 e
aprovado em: 14 jun. 2017.
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