Artigo
A República e o cidadão: propostas para o ensino de Educação Moral e Cívica
no Paraná - (1906 a 1910)
The Republic and the citizen: Proposals for the teaching of Moral and Civic Education in Paraná - (1906 to 1910)
La República y el Ciudadano: propuestas para la enseñanza de la Educación Moral y Cívica en Paraná (1906-1910)
Marcia Ferreira Pinto Bogoni - Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná | Professora |
Maringá | PR | Brasil. Contato: marciafpbogoni@gmail.com
Elaine Rodrigues - Universidade Estadual de Maringá | Programa de Pós-graduação em educação - PPE/UEM |
Maringá | PR | Brasil. Contato: elaineppeuem@gmail.com
Resumo: O objetivo deste artigo é fazer circular os resultados de investigação desenvolvida por meio de projeto de pesquisa
associado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá. O procedimento
definido para a pesquisa considerou as metodologias cunhadas no campo da História da Educação que tomam a
Imprensa Pedagógica como foco de estudos. A análise se inseriu no campo da Nova História Cultural, mais
precisamente, vinculou-se aos conceitos de Representação e Apropriação, desenvolvidos por Roger Chartier. Os
resultados apontaram, nos discursos publicados no periódico, em consonância com os resultados de outros estudos
divulgados pela historiografia da educação, sobretudo nos últimos 20 anos, o destaque ao ensino de Educação Moral e
Cívica como elemento primordial na formação dos “recpm-nascidos” cidadãos republicanos paranaenses.
Palavras-chave: História da educação. Cidadão republicano. Imprensa pedagógica.
Abstract: The purpose of this article is to circulate the results of research developed through a research project associated with the
postgraduate program in Education of the State University of Maringá. The procedure defined for the research
considered the methodologies coined in the field of History of Education that take the Pedagogical Press as focus of
studies. The analysis was inserted in the field of New Cultural History, more precisely, it was linked to the concepts of
Representation and Ownership, developed by Roger Chartier. The results pointed out, in the discourses published in
the journal, in line with the results of other studies published in the historiography of education, especially in the last
20 years, the emphasis on the teaching of Moral and Civic Education as a primordial element in the formation of
"newborn" citizens Republicans from Paraná.
Keywords: History of education. Republican citizen. Pedagogical press.
Resumen: El objetivo de este artículo es difundir los resultados de la investigación desarrollados a través de un proyecto de
investigación asociado con el programa de posgrado en Educación de la Universidad Estatal de Maringá. El
procedimiento definido para la investigación consideró las metodologías acuñadas en el campo de la Historia de la
Educación que toman la prensa pedagógica como un foco de estudios. El análisis se insertó en el campo de la Nueva
Historia Cultural. Por lo tanto, el análisis está vinculado al concepto de representación y apropiación de Roger
Chartier. En los discursos publicados en la revista, en consonancia con los resultados de otros estudios publicados por
la historiografía de la educación en los últimos 20 años, los resultados apuntan a la enseñanza de la Educación Moral y
Cívica como un elemento primordial en la formación de los "recién nacidos" ciudadanos republicanos paranaenses.
Palabras clave: Historia de la educación. Ciudadano republicano. Prensa pedagógica.
• Recebido em 29 de junho de 2018 • Aprovado em 02 de maio de 2019 • e-ISSN: 2177-5796
DOI: http://dx.doi.org/10.22483/2177-5796.2019v21n2p397-417
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BOGONI, Marcia Ferreira Pinto; RODRIGUES, Elaine. A República e o cidadão: propostas para o ensino de educação moral e
cívica no Paraná - (1906 a 1910).
Introdução
Neste artigo foi abordada a renovação educacional, bem como as propostas para a
inclusão de Educação Moral e Cívica, presente nos artigos publicados pela revista “A ESCOLA”,
no período de 1906 - 1910. A pesquisa considerou as metodologias do campo da História da
Educação, que tomam a imprensa Pedagógica como foco de estudos. A análise foi baseada nos
conceitos de Representação e Apropriação, desenvolvidos por Roger Chartier.
Desde
1870, diversos projetos referentes à instrução pública foram apresentados
(1870/1873/1874/1879/1882/1883/1888), evidenciando que, para a sociedade e para os políticos,
a educação já era tema de debates dpcadas anteriores ao lançamento do periódico “A Escola”, no
ano de 1906, em Curitiba.
Num contexto anterior a publicação da revista “A Escola”, a historiografia demonstrou
que houve um movimento brasileiro intenso, no que se refere à instrução pública. Sobre esse
contexto, Maria C. G. Machado (2005) explorou o Decreto 7.247 de Leôncio de Carvalho (1879)
e os Pareceres de Rui Barbosa (1882 - 1883) destacando que os debates defendiam que o
investimento da educação “estava relacionado à importkncia da formação do cidadão-eleitor”
(MACHADO, 2005, p. 93). De acordo com Machado (2005), as mudanças sociais e econômicas,
com o fim da escravidão e a Proclamação da República, criaram uma demanda por trabalhadores
e cidadãos.
“A Escola” foi concebida nesse contexto. Não p nosso intuito discorrer sobre as
características dos decretos. Nosso propósito foi destacar que, nesse período, houve uma
propagação dos debates, para a reformulação do ensino e que o modelo considerado adequado
privilegiava “projetos para modernização da sociedade”. Ou seja, entendiam que a instrução
renovaria a sociedade, ao difundir valores morais, civis e patrióticos, além da instrução
intelectual.
No Paraná, uma das revistas dirigidas aos professores foi “A Escola”, impressa em
Curitiba, que esteve em circulação no Estado do Paraná, entre os anos de 1906 - 1910 e 1921.
Contudo definimos, como recorte temporal, de 1906/1910. Durante este período, o periódico foi
dirigido pelos mesmos membros, que era uma iniciativa da diretoria do Grêmio dos Professores
do Paraná, e tendo como redator chefe Dario Vellozo. Já na edição de 1921, observamos
mudança na direção do Grêmio dos professores e dos redatores da revista, e, por esse motivo, não
foi considerado as edições do ano de 1921.
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Seu primeiro exemplar foi impresso pela tipografia a vapor “Impr. Paranaense”, em
fevereiro de 1906, sendo que o valor da assinatura possibilitava a aquisição por 1 ano ou por 6
meses, o valor era de 6$000 anual e 4
$000 para o pedido semestral, porém não há dados sobre a
tiragem.
O redator-chefe, em
1906, era o inspetor da capital, o Dr. Sebastião Paraná, que
permaneceu até o mês de julho. A partir de agosto assumiu o cargo Dario Vellozo, profissional da
educação, que permaneceu como redator chefe até a última edição da revista, no ano de 1910. Os
demais integrantes do grupo, que estavam envolvidos com a publicação do periódico, eram
ligados à educação e ao grêmio dos professores do paraná. Observamos que o periódico, apesar
de ser apresentado inicialmente como uma publicação mensal, na prática não houve uma
regularidade no intervalo de tiragem entre as publicações.
Esse periódico compartilhava a concepção da educação para o progresso da nação e
defendia a necessidade de renovação do ensino. Além da educação intelectual, o ideal era que as
crianças aprendessem os valores morais, cívicos e desenvolvessem o sentimento de patriotismo.
Numa abordagem mais recente da História Cultural, o autor Roger Chartier (1991, 2002)
apresentou a interpretação do mundo como representação, constituído pelas noções de Prática,
Representação e Apropriação. Esses princípios podem ser entendidos como conceitos que se
relacionam e se complementam.
Para Chartier (2002), a Cultura abrange as relações entre os objetos culturais, que são
produzidos pelas práticas e representações existentes, e os sujeitos que produzem e recebem essa
cultura. Nas palavras de Chartier, o estudo da cultura teria por objetivo “[...] identificar o modo
como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída, pensada,
dada a ler” (2002, p. 16-17).
As práticas culturais, conforme as palavras Chartier (1991, 2002), se configuram por
serem os objetos culturais produzidos por uma sociedade e pelos modos como essa sociedade
interpreta as relações e costumes gerados. A sua representação se configura pela forma como a
realidade social foi dada a ler e pelo modo como foi vista. A representação é inseparável da
prática e a apropriação é a forma como os sujeitos leem e veem o mundo e, desta forma, atribuem
sentidos.
A revista “A Escola” se caracterizou como uma prática cultural, não só por ser um objeto
de cultura produzido por um grupo de determinada sociedade, mas também, pelos usos e
costumes que o periódico pretendeu produzir. Alpm de ser um produto cultural, “A Escola”
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também gerou cultura (ao proporem padrões de comportamento, costumes, atitudes etc.). A
observação dessas práticas complementa o entendimento das representações, ou seja, a
representação do grupo, em relação ao ensino, gerou práticas para defesa de adequações nas
instituições escolares de ensino público primário no Paraná, na primeira década do século XX.
A representação do ensino para
“A Escola” estava associada ao civismo1 e ao
engrandecimento da pátria, havendo a necessidade de novas práticas para consolidar a nova
sociedade republicana e seus costumes. Ou seja, a revista “A Escola” p um objeto de cultura que,
para ser produzido, mobilizou um grupo que compartilhava de práticas e representações que, por
sua vez, ao ser distribuído o periódico, também pretendeu difundir novas representações e
influenciar novas práticas.
Chartier (1991) destacou que sua reflexão metodológica considera o estudo crítico do
texto, a história dos livros e a análise das práticas. Para Chartier (1992), o processo de produção
de sentido dos impressos deve considerar as relações entre o texto gerado pelo autor, as intenções
do editor (suporte e edição do impresso) e o leitor (ato que gera a apropriação). De acordo com
Chartier (1991), é na leitura que se constrói sentidos e os vários significados. A leitura possui
seus modos de ler, que, de acordo com Chartier, é múltiplo, como se pode verificar em:
[...] os que podem ler os textos, não os leem de maneira semelhante, e a distância é
grande entre os letrados de talento e os leitores menos hábeis,
[...]. Contrastes
igualmente entre normas de leitura que definem, para cada comunidade de leitores, usos
do livro, modos de ler, procedimentos de interpretação. Contrastes, enfim, entre as
expectativas e os interesses extremamente diversos que os diferentes grupos de leitores
investem na prática de ler. De tais determinações, que regulam as práticas, dependem as
maneiras pelas quais os textos podem ser lidos, e lidos diferentemente pelos leitores que
não dispõem dos mesmos utensílios intelectuais e que não entretêm uma mesma relação
com o escrito (CHARTIER, 2002, p. 17).
Em outras palavras, para compreender a construção do sentido, devemos considerar as
relações entre o texto (estratégia da escrita do autor), o impresso (estratégia do editor e suporte) e
a leitura para a compreensão da apropriação. “A apropriação, a nosso ver, visa uma história social
dos usos e das interpretações, referidas a suas determinações fundamentais e inscritas nas práticas
específicas que as produzem” (CHARTIER, 1991, p. 180).
1 O civismo presente nos discursos remetem ao fortalecimento da República e a necessidade da formação de
cidadãos que, além de reconhecerem as instituições também estejam cientes dos seus deveres e direitos, pois desta
forma estariam contribuindo para o progresso social.
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Na perspectiva de Chartier (1991), o intuito é compreender as representações e práticas
que constroem e dão significado ao mundo social, evidenciando as posições e interesses dos
grupos ou indivíduos.
Os interesses debatidos na revista “A Escola” já estavam sendo abordadas por outros
autores, décadas antes do seu lançamento, como, por exemplo, a obra “A Educação Nacional”,
escrita por José Veríssimo (1985). Em sua análise, Veríssimo destacou a importância da educação
para reformar e restaurar o povo e a nação. Compreendia que era necessário conhecer outras
experiências, para analisar o que poderia ser aplicado no Brasil.
Nesta primeira publicação, de 1890, Veríssimo demonstrou entusiasmo com a República,
porém, alertava que o novo regime não garantiria a regeneração da pátria. Para o autor, o
elemento, capaz de renovar e melhorar o país, era o povo. Neste sentido, seria necessário
reformar e restaurar o povo, por meio da educação para o bom desempenho da República.
Contudo, Veríssimo (1985), em sua análise da situação do país, alegava que no Brasil
seus cidadãos eram alheios à pátria e que o sentimento regional era maior que o sentimento
nacional. Segundo o autor, contribuíam para esta situação, não só a grande extensão do território
brasileiro, pois havia poucas vias de comunicação e a população ficava isolada em suas
localidades, mas, também, a falta de uma educação pública nacional e de um jornalismo atento às
questões da nação.
A falta de patriotismo, afirmava Veríssimo (1985), era um risco para a unidade da
República. Para afastar o espírito separatista, defendia que a educação deveria ser nacional.
Veríssimo também demonstrou, nesse livro, sua preocupação com a situação do país. Seu
objetivo foi mostrar como a instrução pública precisava desenvolver o espírito brasileiro e indicar
como deveria ser o ensino que favorecesse o desenvolvimento da pátria.
Na reedição, em 1906, foi incluído pelo autor o prefácio
“A Instrução no Brasil
Atualmente”, de grande relevkncia para a História da Educação no Brasil, pois nele apresentou
sua visão sobre a situação do ensino nos primeiros anos da República. Veríssimo (1985) revelou
sua decepção com o novo regime, ao lamentar que, apesar do primeiro governo da República ter
criado um Ministério Especial da Instrução, as reformas realizadas não trouxeram melhorias
necessárias para o ensino p~blico. “Precisamos acabar de uma vez com a espetaculosidade de
regulamentos, programas, instituições e organizações que ficam na prática sem nenhuma
realidade” (VERÍSSIMO, 1985, p. 16). Para Veríssimo, as reformas propostas pelo Ministro
Benjamim Constant eram defeituosas e poucas foram colocadas em prática.
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Entendemos a decepção do autor, se considerarmos que, para ele, a educação nacional
teria uma função de ordem moral e promoveria a elevação da nação, ao desenvolver na população
sua capacidade física, intelectual, moral e o sentimento pátrio. Na sequência foi destacado o
debate em relação à renovação educacional no contexto do início da República.
2 Renovação educacional
Rosa Fátima de Souza (1998) destacou que, desde o final do século XIX já havia debates
em relação ao ensino público. A escola para os educadores do final do século XIX, de acordo
com Souza (1998), representava a valorização da racionalidade e uma forma de consolidar o
regime republicano. Neste sentido, houve a articulação das ideias de uma educação integral, com
a necessidade de homogeneização cultural.
Para intelectuais e reformadores, a formação do homem moderno exigia uma soma
maior de conhecimentos. Ancorados nos princípios da ciência, da valorização da
educação moral e cívica e nas exigências da preparação para o trabalho, iniciaram a
construção de um projeto cultural a ser operacionalizado pela escola (SOUZA, 1998, p.
170-171).
Assim, acrescentou Souza (1998), o conhecimento literário, predominante no Brasil, foi
sendo substituído pela ideia de uma educação baseada no conhecimento científico. Com a
valorização da ciência, permitiu-se que a escola fosse leiga, substituindo a moral religiosa pelo
civismo e a formação do cidadão. Os grupos de intelectuais compartilhavam a ideia de que a
educação, baseada na ciência, prepararia o homem moderno e, conforme a analise de Souza
(1998), esses preceitos já estavam presentes na reforma da instrução pública de São Paulo, em
1892. O projeto previa três grupos de matérias: saberes elementares, matérias da natureza e a
formação moral, cívica e instrumental.
A Educação Cívica neste programa daria a base da formação do cidadão republicano,
fazendo o indivíduo compreender o significado e o papel do cidadão em relação ao Estado. Com
relação à educação moral, destaca Souza (1998), aplicavam-se os princípios de civilidade e bons
costumes. Essas modificações demonstravam que o projeto estava em sintonia com os anseios da
sociedade da época e nas décadas seguintes, esse projeto modernizador baseado na cientificidade,
continuou em debate.
Souza (2000) observou que essas discussões, ocorridas durante o século XIX, facilitaram
a circulação das ideias e a propagação dos modelos educacionais oferecidos pelos países
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considerados os mais civilizados daquele período. Buscavam o melhor modelo para a
organização pedagógica, métodos de ensino, currículos, livros, formação dos professores,
organização do tempo e dos espaços escolares mais adequados, bem como a melhor forma de
implantá-las.
Sobre o tema da renovação educacional, Machado (2004) destacou que, no final do século
XIX, Rui Barbosa já defendia uma reforma no ensino popular associado à noção de
transformação social, destacando a responsabilidade do Estado na organização do ensino. “Por
meio da reforma educacional, afirmava nos pareceres sobre a educação, seria possível formar o
indivíduo apto para o trabalho livre” (MACHADO, 2004, p. 75). Para isso, era necessária uma
reforma do currículo, incluindo conteúdos direcionados a formação para o trabalho.
Cabe ressaltar que, de acordo com Souza
(2000), a proposta de Rui Barbosa já
apresentava a reforma curricular. Inspirado nas ideias que circulavam em âmbito mundial, os
projetos se direcionavam para o desenvolvimento da nação, para a modernização do país e para
disciplinar e moralizar o povo. Souza (2000) e Carvalho (1998) partilham da ideia, que foi
durante o século XIX que ocorreu o processo de substituição de uma cultura literária para uma
cultura científica.
Contudo, Souza (2000) e Carvalho (1998) entendem que a renovação pedagógica e
curricular continuou a reproduzir uma distinção entre a educação para a elite e para os
trabalhadores. “No secundário o debate girou em torno da cultura humanística ou clássico-
literário e a cultura moderna, cujas referências se ancoravam no progresso científico e no caráter
nacional
(língua e literatura do país, história e geografia)”
(SOUZA, 2000, p.
14-15).
Observamos que a proposta de reforma educacional dos artigos da revista
“A Escola”
(principalmente nas propostas de Dario Vellozo para o curso de formação de professores
primários e a proposta da Escola Moderna) compartilhava das ideias desenvolvidas desde o final
do século XIX, com Rui Barbosa, e ainda presentes nos debates no início do século XX.
Devido a esse debate, a crença no poder da escola para o progresso, para a modernização
do país e para a mudança social, adequada à nova sociedade industrial e urbana, o tema da
renovação do ensino teve grande aceitação. No Paraná, no início do século XX, este tema esteve
presente em debates, sendo a revista “A Escola” um dos veículos de divulgação dessas ideias. Em
1906, a necessidade de providenciar uma renovação no ensino paranaense foi abordada por
Sebastião Paraná, em seu artigo inaugural afirmo que a prioridade da escola deve ser:
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[...] alevantamènto do caracter da criança, desenvolver-lhe o raciocínio, pouco se
importando com a memória, filtrando-lhe no espirito sentimentos de piedade e de
probidade e preparar-lhe o coração para vibrar quando necessário fôr: quer lamentando
os desastres nacionaes, quer exultando com os triumphos, com as alterosas conquistas da
Pátria. E' assim que se erige a educação cívica, tão necessária e imprescindivel mesmo
para o progresso geral da nação (PARANÁ, 1906, p. 1-2).
Sebastião Paraná (1906) demonstrou sua opinião, de que o conhecimento adquirido na
escola deveria ser mais útil e a formação deveria ser completa (intelectual, física e moral) para
proporcionar o desenvolvimento da sociedade. Nesta preparação, a Moral e o Civismo seriam
responsáveis por desenvolver o sentimento patriótico, considerado essencial numa República.
Um dos colaboradores da revista, Dario Vellozo, defendia a renovação educacional no
Paraná e atuou ativamente para a concretização de novos projetos, e utilizou outros periódicos,
além da Revista “A Escola”, como uma das ferramentas para divulgação das propostas e defesa
da necessidade de renovar o ensino. Conforme observa Andrade (2007), a trajetória de Dario
Vellozo demonstra que tinha contato com os vários debates educacionais.
Neste primeiro exemplar, além do discurso de Sebastião Paraná, houve mais textos com
discursos a favor da renovação educacional como, por exemplo, o texto de Olavo Bilac (1906),
que defendeu que a escola republicana, para atender às necessidades dessa nova sociedade,
precisava ser diferente, pois a instrução pública era considerada como fundamental para o
desenvolvimento da nação.
De acordo com o texto de Bilac (1906), a finalidade era preparar as crianças para serem
adultos conscientes e preparados para a vida. Bilac, em seu artigo, ainda afirma que o ensino até
então era considerado muito teórico e inútil para a vida prática. Em seu entendimento, a moral era
importante para a vida adulta e, nos artigos da revista, houve uma preocupação na propagação das
virtudes, do nacionalismo e patriotismo para incutir nas crianças o bom caráter, o nacionalismo e
o amor à pátria.
Contudo, a revista “A Escola” não foi o ~nico veículo de divulgação de um novo projeto
educacional em Curitiba, no início do século XX. Conforme assinala Andrade (2007), os projetos
do campo educacional, desenvolvidos em Curitiba, concomitante ao período de circulação da
revista “A Escola”, construíram “[...] um espaço de reflexão e contestação em relação às questões
educacionais” (p. 192). Como exemplo de revistas, a autora destacou alpm da revista “A Escola”,
a revista “O Cenáculo”, “Pátria e Lar” - (Essa revista foi estudada por Rosany Joicy Melo (2016)
- conforme consta nas referências), “Fanal” e “Brazil-Civico”.
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cívica no Paraná - (1906 a 1910).
Andrade (2007) afirmou que as revistas pedagógicas foram um veículo eficiente para a
divulgação dessas novas ideias e Dario Vellozo se utilizou delas para atrair mais jovens. Andrade
ainda destacou que, no início da República, a imprensa adquiriu importância pela sua aceitação
social e, devido a isso, o uso da imprensa gerou uma “[...] disputa acirrada entre diferentes grupos
pela circulação de suas respectivas representações de mundo” (p. 194).
Conforme destaca Eleutério
(2012), durante a Primeira República
(1889-1930), a
imprensa brasileira vivenciou um período de transformações. Em seu estudo afirmou que a
diversificação da imprensa decorreu das inovações tecnológicas, que permitiram inserir
ilustrações e aumentaram a capacidade das tiragens. As novas técnicas auxiliaram para a
melhoria da qualidade de impressão e diminuição do custo, consequentemente, aumentaram o
público consumidor dos impressos, importante veículo de comunicação que informavam, faziam
propaganda etc.
Além da inovação técnica, Eleutério (2012) acrescentou que para o crescimento da
imprensa foram importantes os investimentos na alfabetização e na produção de papel, que
ocorreram nos primeiros anos da República no Brasil. Contribuíram para a produção editorial
outros meios de comunicação, como o telefone e telégrafo, pois adiantava o acesso da redação às
notícias para serem publicadas.
A revista pedagógica “A Escola” foi um periódico contemporkneo a este período de
efervescência da imprensa republicana e o seu conteúdo privilegiava questões relacionadas ao
ensino público primário no Estado do Paraná.
Em 1907, edição n. 5, maio, encontramos o artigo Subsídios Pedagógicos, escrito por
Dario Vellozo, no qual enalteceu a opulência do país, da natureza, cultura agrícola, comércio e
indústrias, falou das raças e da miscigenação, destacando as virtudes. Após essas colocações, o
autor afirmou que no Brasil há condições para o progresso e o que faltava era a escola. Em seu
discurso, defendeu a urgência na reforma da instrução popular para o Brasil atingir a hegemonia
sul-americana: “Precizamos de ENSINO NACIONAL que faça brazileiros, que faça cidadãos,
que faça homens; não seres exgottados por excessivo trabalho mental, em cursos quasi inúteis na
lucta pela existência” (VELLOZO, 1907b, p. 48). Dario Vellozo defendeu que o ensino tinha que
ter conhecimentos utilitários e destacou necessidade de desenvolvimento da agricultura para o
desenvolvimento do comércio e da indústria.
A defesa de uma reforma na instrução popular foi retomada no exemplar de 1907, n. 6-7,
junho/julho da revista, no artigo: Epístolas Pedagógicas IV, escrito por: Francisco. Ribeiro de
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 21, n. 2, p. 397-417, maio/ago. 2019.
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Azevedo Macedo. Neste artigo Macedo defendeu a educação popular numa carta destinada ao
Presidente do Estado, o Sr. João Candido Ferreira. Em seu conteúdo, Macedo reconheceu que o
Governo não negligenciava a educação e tentou sensibilizar para a necessidade de estimular leis e
instituições: “[...] aperfeiçoar o individuo para aperfeiçoar a coletividade” (MACEDO, 1907, p.
68). Em seu entendimento, a educação seria o caminho para solucionar os problemas do futuro e
que essa educação não poderia negligenciar as mulheres e os operários, ou seja, para esses
Macedo propôs que houvesse escola noturna.
O tema da necessidade de modificações no ensino era recorrente no periódico. Em 1907,
n.8-9, agosto/setembro, o tema foi retomado com Dario Vellozo, que abriu a edição com o artigo:
Subsídios Pedagógicos; da Instrucção Pública. Neste texto, Vellozo destacou a função do
professor e do Estado para melhorar a educação e assim melhorar a sociedade: “O Estado faculta
e facilita a instrucção e a educação; o indivíduo transforma-se em cellula consciente na
collectividade” (VELLOZO, 1907c, p. 108). Com este raciocínio, afirmou que se os governantes
não proporcionassem boa instrução para a população estariam prejudicando os cidadãos e
contribuindo para a decadência do país.
Em seu discurso, Vellozo (1907c) demonstrou que seus argumentos foram baseados nas
obras de Edmond Demolins e Rocha Pombo, referente à sua obra escrita em 1900, “Grande
Problema”, na qual destacou que a crise das profissões liberais seria resultado da organização do
sistema de ensino. Neste mesmo número, Dario Vellozo (1907c) transcreveu um capítulo da obra
de Rocha Pombo, no qual falou sobre a Escola Modelo na Inglaterra.
Vimos em alguns discursos que as experiências educacionais e progressos de outros
países foram usados para comparar o nível de desenvolvimento, associando com a forma
educacional. Esse tipo de argumento foi apresentado por Armandio Sobral, que escreveu um
artigo destacando o exemplo do Japão, na edição n. 2, ago/set. (1907). De acordo com Sobral
(1907), o Japão era uma das nações mais adiantadas, pois teve a influência da educação. Ao
descrever a situação da instrução pública no Japão, defendeu que no Brasil o governo deveria
melhorar a instrução pública para tornar-se um país próspero.
A discussão sobre a urgência em uma renovação educacional foi retomada em 1908,
edição n. 2, maio/junho. O artigo: O Ensino Nacional, escrito por Manoel P. Frazão, discorreu
sobre a importância do ensino para a salvação da pátria. Seus argumentos sugeriam a aplicação
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 21, n. 2, p. 397-417, maio/ago. 2019.
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cívica no Paraná - (1906 a 1910).
da pedagogia moderna2 e seus autores para atingir o desenvolvimento do Brasil, conforme as
experiências de outras nações mais avançadas que atingiram o desenvolvimento. Frazão (1908),
em seu discurso, afirmou que era o momento para tentar um esforço de melhorar o ensino para
garantir a prosperidade.
Ainda em 1908, n. 6-8, outubro/dezembro, no artigo: A Escola Moderna, Vivaldo
Coaracy fez uma crítica aos pais que desejavam que o filho tivesse o título de bacharel, pois,
segundo o autor, esse tipo de ensino impedia o progresso da economia, dos comércios, agricultura
e indústria. Coaracy (1908) afirmou que a escola atual encaminhava o país para a burocracia.
Neste sentido, o autor defendeu a necessidade da Escola Moderna que privilegiasse os
ensinamentos utilitários, teóricos e práticos, preparando o aluno para a agricultura, comércio,
indústrias e as artes.
Os artigos acima relacionados abordaram a necessidade da reforma do ensino, associando
ao progresso social. Segundo Dario Vellozo (1909a), a Escola Moderna teria por finalidade
preparar a juventude para a sociedade e para o trabalho. A indiferença com a instrução pública
era o motivo de sua crítica aos governantes: “[...] Os Estados pertencem aos povos; e estes
possuem o direito de pedir contas aos seos commissionados. Os governos não teem direitos, teem
deveres; a soberania só pertence ao povo” (VELLOZO, 1909a, p. 10). Nesse seu artigo A Escola
Moderna, publicado na edição n.1/ junho, Dario Vellozo (1909a) demonstrou a preocupação e a
revolta com a situação do país, visto que, em seu entendimento, sem a educação adequada o
desenvolvimento do país se prejudicaria.
Com essa afirmação, Dario Vellozo (1909a) lamentava o fato do Governo não implantar
novas metodologias de ensino da Escola Moderna e criticava os políticos pelo abandono da
instrução pública. Citou Paulo Tavares, na obra Questões de Ensino, na qual alegava que a
República precisava de cidadãos e não de súditos. Conclui que a Escola Moderna faria bons
cidadãos.
Vellozo criticou a escola daquele período e novamente defendeu a necessidade de reforma
do ensino, no exemplar de 1909, n. 2-3, julho/agosto, no texto Subsídios Pedagógicos, no qual
argumentou sobre as vantagens do ensino cívico. Observe leitor:
A instrucção popular viza a educação cívica. Armar o futuro cidadão para vencer na vida
e promover a prosperidade do Estado, é primordial dever dos governos.A ignorância
leva à decadência. Sem instrucçao utilitária e sem educação cívica o homem não se pode
2 Sobre as noções de pedagogia moderna no final do século XIX e inicio do século XX ver: Rosa Fátima de Souza,
Templos de civilização: a implantação da escola primária graduada no Estado de São Paulo, 1890-1910.
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 21, n. 2, p. 397-417, maio/ago. 2019.
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BOGONI, Marcia Ferreira Pinto; RODRIGUES, Elaine. A República e o cidadão: propostas para o ensino de educação moral e
cívica no Paraná - (1906 a 1910).
transformar em factor de riqueza, nem saberá cumprir sua missão patriótica.
(VELLOZO, 1909b, p. 55).
Para Dario Vellozo (1909b) a educação e o civismo foram os principais argumentos para
justificar a urgência de reformular o ensino, que levaria ao desenvolvimento do Estado. Nesta
mesma edição, Dario Vellozo apresentou outro artigo, Ainda a Escola Moderna, no qual além de
reafirmar a necessidade da renovação educacional para o progresso, o autor destacou as
vantagens da Escola Moderna. Segundo Vellozo (1909c), a Escola Moderna seria adequada às
necessidades, pois foi pensada de acordo com os preceitos da pedagógica moderna e experiências
de outros países.
Em 1910, n. 4-6, abril/junho, observamos que além do ensino cívico também foi
mencionado a educação esthetica para a melhoria educacional. Foi transcrito uma parte do texto
de Veríssimo de Souza, O Prisma da Educação Com Suas Quatro Cores, que foi lido na sessão do
dia 23 de dezembro, no Congresso dos Professores. Na revista, o título dado foi Educação
esthetica e com a proposta de inclusão do ensino estético, observamos que a renovação do ensino
esteve na pauta do evento. Veríssimo de Souza destacou, nesse texto, as vantagens da estética
para a vida do homem e também afirmou que o povo brasileiro tem uma tendência natural para a
arte, à estptica e o belo. “Somos um povo patriota, heroico, intelligente e propenso ás artes
plásticas” (SOUZA, 1910, p. 211).
De acordo com Veríssimo de Souza (1910), a intenção do ensino estético não seria de
formar artistas, mas sim desenvolver nas crianças o sentimento pela arte e o belo. Em sua
compreensão, influenciados pela estética, os hábitos do povo seriam modificados e aumentaria a
sua inteligência, fazendo do Brasil um país hegemônico e admirado universalmente, pois era
dotado de muitas belezas naturais e superiores aos outros países. “Que grande influência os bellos
panoramas da Suissa e da Hollanda não exercem nos destinos daquelles povos que são a
admiração do mundo!” (SOUZA, 1910, p. 211). Para concluir seu discurso, afirmou que o Brasil
seria a primeira nação do mundo, quando a educação nacional fosse a prioridade para o povo e
para os governos. Afirmou ainda que o povo brasileiro tem todas as condições para fazer do país
a primeira nação do mundo, e que faltaria: “Só ensinar o civismo á infkncia, trabalhar pela
educação do povo, tornando assim o Brazil a nação que terá ainda a hegemonia universal no
concerto das nações” (SOUZA, 1910, p. 211).
As críticas ao ensino daquele período e a defesa de uma renovação educacional abriu a
última edição de 1910. O texto inicial escolhido foi uma das palestras de Dr. Claudino dos Santos
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 21, n. 2, p. 397-417, maio/ago. 2019.
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BOGONI, Marcia Ferreira Pinto; RODRIGUES, Elaine. A República e o cidadão: propostas para o ensino de educação moral e
cívica no Paraná - (1906 a 1910).
(1910), realizada em conferência sobre a instrução pública no ano 1910, intitulada: Ligeira
Excursão Pelos Domínios da Psychologia do Ensino, o Dr. Claudino dos Santos criticou a
instituição escolar operante até aquele momento. A argumentação do autor foi a de que a escola
não proporcionava instrução que pudesse fortalecer o nacionalismo e fazer o povo mais
homogêneo. Argumentava que a escola não havia recebido os cuidados necessários pela
República e as várias reformas não contemplavam um plano seguro e benéfico para a instrução
pública. Com base nisso, destacou a necessidade de melhorar o padrão do ensino, pois no seu
entendimento, as desigualdades decorrem das diferenças na educação recebida e a preparação da
nova geração deveria considerar o pleno desenvolvimento do indivíduo, o que fica esclarecido
em:
Que o ensino assim cuidado desça sobre a alma da creança, approximando quanto
possivel da natureza, illuminando-a, como um halo de luz resplandecente, cortando,
como essa extraordinaria nebulosa, a que pertencemos, toda a curvillinea, toda a esphera,
que elle possa abranger, na vida nacional, para que a creança de hoje, seja amanhã, no
convívio da communhão brasileira e de todo mundo, não o joguete das pequeninas
paixões desencontradas, mas o arbitro consciente dos seus, dos nossos destinos.
(SANTOS, 1910, p. 269).
Dr. Claudino dos Santos (1910) ainda acrescentou na conclusão de sua palestra que, para
se concretizar a formação adequada, a criança deveria receber o preparo de um lado por sua mãe
e por outro por seu mestre.
Com os discursos mencionados acima, percebemos que circulava naquele momento em
Curitiba o ideal de construir um projeto educacional moderno e que contribuísse para que as
crianças fossem preparadas para a vida adulta, sem desvincular da mulher a sua função social de
cuidar do lar e dos filhos.
Conforme apontado por Rossi (2009) houve no Brasil, durante a Primeira República, uma
apropriação dos princípios de projetos educacionais da modernidade. Rossi observou que desde a
época da Revolução Francesa, a escolarização foi considerada como uma forma de construir a
nacionalidade, e para isso, recorreram às ideias iluministas.
Da mesma forma no Paraná, e com a revista “A Escola”, observamos que houve a
circulação desses ideais da modernidade, que foram apropriados e serviram como uma referência
para um projeto de renovação educacional. Rossi
(2009) enfatizou como nesse período a
educação adquiriu um caráter regenerador por muitos intelectuais que buscavam a unidade da
nação, e a escola neste sentido foi um veículo para construir os símbolos e legitimar a República.
“A renovação educacional buscava homogeneizar as referências sociais do país” (ROSSI, 2009,
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 21, n. 2, p. 397-417, maio/ago. 2019.
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BOGONI, Marcia Ferreira Pinto; RODRIGUES, Elaine. A República e o cidadão: propostas para o ensino de educação moral e
cívica no Paraná - (1906 a 1910).
p. 92). Em outras palavras, ao ensino caberia a tarefa de criar “[...] uma nova cultura nacional,
fundamentada nas noções de civismo” (p. 93).
Ainda acrescentou em seu estudo que essa preocupação de desenvolver a democracia
estava presente em vários intelectuais. “[...] a educação cívica era entendida não apenas como um
meio para se instruir sobre a Pátria e seus símbolos, mas para habituar os escolares à prática da
moral cívica” (ROSSI, 2009, p. 94). Assim, podemos visualizar esse contexto em Curitiba com a
revista “A Escola”, no qual intelectuais defenderam um projeto de renovação educacional. Este
projeto tinha como intenção fazer da escola pública primária uma instituição civilizadora, que
disseminaria entre os alunos o sentimento pátrio e os valores civis e morais. Na sequência foram
abordados os discursos que demonstram esta concepção de que a escola deveria desempenhar um
papel na formação do cidadão.
3 A instrução pública e o dever do cidadão
Conforme estudo de Rossi (2003), com o advento da República, e a laicização do ensino,
a moral religiosa foi substituída pela disciplina de Instrução Moral e Cívica. Esta disciplina se
destacou nos relatórios dos agentes escolares, do estado de São Paulo, conforme a escola primária
se associou ao caráter civilizatório das crianças e jovens. “[...] o ensino de Moral e Cívica
pretendia, por um lado, a formação moral no que se refere aos costumes e à civilidade e, por
outro, legitimar e exercitar os sujeitos na vida republicana [...]” (ROSSI, 2003, p. 175). Desta
forma, a escola pública primária foi vista como meio de viabilizar um projeto civilizador e
desenvolvedor do sentimento pátrio, formando os alunos em cidadãos cientes de seu deve.
Na revista “A Escola”, o primeiro exemplar apresentou o artigo A Missão da Escola,
escrito por Lourenço de Souza. Neste artigo esteve presente a associação da escola com o projeto
civilizador, pois Lourenço de Souza (1906) defendeu a importância da escola primária. De acordo
com Souza, a escola primária seria uma instituição civilizadora e compartilha a visão de que a
escola era um fator poderoso do progresso e felicidade social. Sua missão seria de desenvolver as
crianças, norteando o seu caráter para a moral, a ciência. Nas palavras de Souza temos:
Mas para que essa preexcelsa instituição produza esses magnificentíssimos resultados de
aperfeiçoamento e regeneração das collectividades sociaes, é forçoso que ella se não
desvie jamais da estrada ampla e luminosa que a deve conduzir triumphantemente ao
termo da sua superrima e civilizadora missão (SOUZA, 1906, p. 3).
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 21, n. 2, p. 397-417, maio/ago. 2019.
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Lourenço de Souza (1906) não foi o único a atribuir o papel civilizatório da escola pública
primária. Em 1906, n. 6, julho, a revista “A Escola” iniciou com um artigo intitulado: Instrucção
Cívica. Grandeza de encargo que incumbe à mocidade; assinado por Droz. O texto começou com
uma reflexão sobre as gerações. Novas gerações atingem a idade de servir a pátria, participar da
vida adulta, e afirmou que para o futuro ser próspero a nação precisava receber de suas novas
gerações “os alimentos para sua grandeza e força” (DROZ, 1906, p. 103). O texto p quase um
apelo aos jovens, no qual o autor utiliza de argumentos para conscientizar a importância do
cidadão:
Moços, vós sois a esperança da pátria, vós sois o reforço de que ella tem necessidade
para preencher os vacuos abertos pela morte. A patria muito cedo vos confiará o encargo
de vigiar pelos seus destinos: pesada responsabilidade á qual vós não podereis vos
subtrahir. Vossos paes, para alcançarem a liberdade, tiveram luctas muitas vezes
sanguinolentas. E' a herança mais preciosa que elles puderam vos deixar, porque sem
ella os outros bens seriam de pouco valor. A patria conta comvosco para manter esta
herança, e tanto quanto é possível para a augmentar e desenvolver (DROZ, 1906, p.
103).
Droz (1906), neste trecho, destacou a defesa da liberdade e ressaltou os deveres e os
direitos do cidadão. Acrescentou, mais adiante, em seu discurso, que as crianças deveriam
aprender aquilo que precisariam fazer na vida adulta, e seriam várias essas atividades e deveres
(obrigações pessoais, para com a pátria, a família e Deus). E para cumprir seus deveres, ser um
cidadão útil e homem honesto, afirmava o autor, era necessário se preparar desde cedo por meio
do ensino e da instrução cívica.
Quanto à educação moral, afirmou que sua finalidade seria fazer com que o aluno
compreendesse e conhecesse seus direitos e deveres em relação à família e à nação. Seus
argumentos demonstraram uma preocupação com o futuro da nação que, no seu entendimento,
para alcançar a prosperidade era necessário cidadãos conscientes e preparados para cumprir o seu
papel social e a escola teria a finalidade de proporcionar essa formação aos alunos.
Julio D’Alva (1906) neste mesmo número da revista escreveu o artigo: O Segredo da
Victoria, no qual citou uma aula magna ministrada pelo engenheiro naval Lourenzo D’ Adda, que
conviveu com a frota naval japonesa por alguns meses, ocorrida no liceu de Bucaria em Milão. O
artigo falava sobre o povo japonês dando exemplo de como conseguiram superar os conflitos
(referindo-se à guerra russo-japonesa). Assim afirmava que a superioridade do Japão ocorreu
devido à boa instrução e caráter dos soldados, livres do alcoolismo e analfabetismo. Evidenciou
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 21, n. 2, p. 397-417, maio/ago. 2019.
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cívica no Paraná - (1906 a 1910).
que para os japoneses o mestre era o mais importante da sociedade e por isso atingiram o
progresso, vejamos:
São cinco linhas, só cinco linhas, e explicam tudo: as victorias na guerra, os progressos
nas lettras, as conquistas na sciencia, a cultura na vida social, a solidariedade na dôr, a
communhão na alegria, a disciplina nos exercitos, a honestidade na administração, o
civismo na politica. Uma nação que tudo fia na sciencia, que em cada aldeia abre um
templo á sciencia, que cerca a sciencia de todas as formulas e respeitos do ritual, que faz
do mestre-escola um levita e manda que todos os poderes, todos, inclusive o do glaudio,
lhe prestem homenagem, é evidentemente invencível; [...] uma nação assim educada
desde o berço, só pode fornecer heroes á guerra, estadistas á politica, homens limpos ás
finanças, funccionarios zelosos á administração, sábios ás escolas e exemplos ao mundo.
(D’ALVA, 1906, p. 131).
Nesse discurso, a noção de que a escola tem um papel fundamental para a construção da
nação foi abordada, utilizando um exemplo prático, o Japão, que, com a valorização do ensino,
pautado na cientificidade, alcançou um nível superior de desenvolvimento. Com esse exemplo,
intenciona conscientizar a importância da escola para formar bons cidadãos no Brasil e atingir o
mesmo resultado do Japão.
O tema da instrução pública e a preparação do cidadão foram retomados pela revista, no
ano de 1907, n. 1-4, com o artigo de Dario Vellozo: Subsídios Pedagógicos, no qual defendeu a
importância de educação para preparar todos a cumprir a missão social. Dario Vellozo (1907a)
argumentou a necessidade de uma reforma no ensino, porém criticou as reformas fragmentadas
que estavam ocorrendo, pois entendia que a prosperidade da civilização estava associada à
educação escolar. Como argumento fez analogias entre o nível de desenvolvimento dos países
europeus Espanha X Alemanha e Irlanda X Escócia.
Outro artigo que utilizou um país como argumento que demonstrasse a relação entre a
instrução pública e a formação do cidadão, para a prosperidade da nação, foi o texto de Lourenço
de Souza, com o título de: A Instrucção na Rússia, que demonstrava a concepção de Lourenço de
Souza (1907), de que a falta de instrução e o analfabetismo deixaria um país mergulhado na
escuridão. A situação da Rússia foi utilizada como exemplo das consequências negativas da baixa
instrução de um povo. A ignorância deixa o povo sem condições de perceber um governante
déspota e não há a liberdade necessária para a civilização prosperar, afirmando que:
A instruccao é a base unica do progresso social e do verdadeiro patriotismo, assim como
a escuridão do espirito tem como consequencia logica e necessaria o atrazo e a covardia
de um povo. Não pode ter a alma afervorada de civismo quem não aprendeo a amar a
patria. Chegado o momento em que lhe cumpre o dever sacrosanto de pagar á patria o
doloroso tributo de sangue, elle só tem para com ella a mais criminosa indifferença.
(SOUZA, 1907, p. 30).
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cívica no Paraná - (1906 a 1910).
Neste texto a Rússia foi descrita como uma nação atrasada e como consequência da
situação foi apontada a política e a educação. No âmbito político foi destacado o fato da Rússia
não ter um regime Republicano que, de acordo com o autor, era fundamental para a verdadeira
civilização, no que se refere ao ensino, o destaque foi o fato de existir alto índice de
analfabetismo (90% de acordo com Souza) e, para embasar seus argumentos, foram apresentados
outros índices do ensino na Rússia.
Seguindo o tema da importância da instrução pública e os deveres do cidadão, no ano de
1908, n. 2, maio/junho, no artigo: O Ensino Nacional, Manoel P. Frazão destacou a educação que
todos os cidadãos deveriam ter. De acordo com seu artigo, o ensino, o professor e os exemplos
que os alunos adquirissem na escola seriam importantes para que entendessem que a lei é para
todos e que não devem ser passivos no caso de má atitude de governantes, como explica:
E' muito difícil aos meninos (e não é raro acontecer também aos adultos) comprehender
a differença que ha entre a lei, a que todos devem obediência, começando pelas
autoridades, e o capricho dos que governam a que se deve oppor alguma resistência. Se o
mestre faz ver tudo isso por meio de exemplos, como explica por meio de problemas as
regras da arithmetica, os meninos assim educados entrarão na sociedade, não só
instruídos e ágeis, como sabendo tirar-se de um grande numero de difficuldades na vida.
(FRAZÃO, 1908, p. 44).
Frazão destacou que era necessário que a escola se preparasse para essa missão de dar
uma educação completa. Para Frazão, a escola até aquele momento estava desorientada e que a
verdadeira necessidade, da sociedade e da República, era de cidadãos cientes de seu papel social,
dos seus direitos e deveres, cientes da soberania popular e, agindo de acordo com a inteligência,
garantiriam que a República cumprisse seu papel e, consequentemente, atingiriam o
desenvolvimento social.
O dever social dos cidadãos também foi destaque no artigo de Alfredo Munhoz, em 1908,
n. 3-5, julho/setembro, com o título: O Dever. Para o autor, a ideia do dever levava o indivíduo a
agir de forma correta e digna. De acordo com Munhoz (1908), todo cidadão deveria ser ciente de
seus direitos e exercê-los para que a sua pátria tivesse o melhor governo. Essa concepção de que
o cidadão deve agir conscientemente para construção de uma sociedade próspera e uma
República forte reaparece nesse artigo, quando os argumentos de Munhoz retomam a noção de
que a escola deveria preparar o indivíduo para a vida e a Educação Moral e Cívica na escola, pois
o cidadão preparado iria exercer os seus direitos e exigiria um bom governo para sua pátria e,
desta forma, teria um desenvolvimento harmônico.
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 21, n. 2, p. 397-417, maio/ago. 2019.
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BOGONI, Marcia Ferreira Pinto; RODRIGUES, Elaine. A República e o cidadão: propostas para o ensino de educação moral e
cívica no Paraná - (1906 a 1910).
Em 1909, n. 2-3, julho/agosto, o dever do cidadão foi retomado no texto Subsídios
Pedagógicos, escrito por Dario Vellozo, no qual afirmava que com a Educação Cívica os
cidadãos se tornariam conscientes para agir pelo bem público. Porém, Dario Vellozo (1909b)
lamentou que no ensino faltassem escolas utilitárias e afirmava que o ensino, naquele momento,
era insatisfatório e apontou como solução, reformas. Seu argumento foi de que a escola deve
formar homens aptos para a vida adulta. “O Paraná, como o Brazil, não cuidou ainda em adaptar
o ensino p~blico às necessidades de sua funcção econômica e cívica” (VELLOZO, 1909b, p. 51).
Para justificar seus argumentos, destacou que a compreensão dos direitos e dos deveres sociais
faria com que na vida adulta os homens agissem pela razão e trabalhassem em prol do
desenvolvimento econômico e social.
Ainda em 1909, n. 4-5, setembro/outubro, no artigo: Ainda a Escola Moderna, Dario
Vellozo (1909c) publicou novamente uma reflexão sobre a finalidade da educação. Na sua
concepção a sociedade contemporânea precisava pensar no ensino não só nas questões
pedagógicas, mas também no seu caráter social e cívico. Utiliza o termo “missão” ao se referir
que a escola deve encaminhar os alunos para a vida adulta e lamentou novamente a falta de
iniciativa do governo em relação ao ensino público primário.
4 Considerações finais
A noção de que a instrução pública tem como finalidade proporcionar uma educação
capaz de conscientizar e capacitar as crianças para a vida adulta, visando ao cumprimento de sua
função social como bons cidadãos, esteve presente no periódico, desde o ano de 1906, e foi
retomado nos anos seguintes, até o último ano de circulação da revista, em 1910. Buscando
demonstrar a importância do dever do cidadão, utilizaram, como argumentos, a realidade de
alguns países com o intuito de demonstrar a urgência em reformular o ensino para proporcionar o
progresso do país.
Identificamos que a defesa de uma Renovação Educacional foi um dos argumentos
utilizados para a substituição do ensino religioso e a inclusão da Educação Moral e Cívica. Os
discursos demonstraram a concepção de que a instrução deveria também proporcionar uma
formação intelectual, física e moral.
Conforme observamos o advento da República foi um período no qual a escola pública
primária foi considerada como uma forma de desenvolver o sentimento pátrio e colocar em
Quaestio, Sorocaba, SP, v. 21, n. 2, p. 397-417, maio/ago. 2019.
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BOGONI, Marcia Ferreira Pinto; RODRIGUES, Elaine. A República e o cidadão: propostas para o ensino de educação moral e
cívica no Paraná - (1906 a 1910).
prática um projeto civilizador. A escola foi representada pelo periódico como uma instituição
capaz de desenvolver nos alunos a consciência de cidadãos, desta forma agiriam para o bem estar
social ao entenderem, defenderem e praticarem seus direitos e deveres civis.
Como argumentos afirmavam que a escola desempenharia um papel civilizatório e, por
esse motivo, deveria formar cidadãos conscientes de seus deveres e direitos. Considerando o
período, com o advento da República, o desenvolvimento do sentimento nacional e do
patriotismo fortaleceria as instituições republicanas e, desta forma, promoveria o
desenvolvimento nacional.
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