Artigo
Da racionalidade à subjetividade: educação estética e sensibilidades nas cartas
de Friedrich Schiller1
From rationality to subjectivity: aesthetic education and sensitivity in Friedrich Schiller's letters
De la racionalidad a la subjetividad: educación estética y sensibilidades en las cartas de Friedrich Schiller
Mário de Faria Carvalho - Universidade Federal de Pernambuco | Núcleo de Design e Comunicação | Recife | PE |
Brasil. E-mail: mariofariacarvalho@gmail.com
Graciele Maria Coelho de Andrade Gomes - Universidade Federal de Pernambuco | Núcleo de Design e
Comunicação | Recife | PE | Brasil. E-mail: andradegraciele@yahoo.com.br
Resumo: Neste artigo refletimos sobre a formação estética do homem a partir do diálogo estabelecido entre Friedrich Schiller e o
Duque de Augustenburg, o que conhecemos hoje como as cartas de Schiller. Busca-se problematizar alguns
pressupostos teóricos presentes nestas cartas a respeito da pessoa e de como este constrói sua subjetividade a partir de
sensações estéticas. É assumido, na presente investigação, o objetivo de compreender a (des)valorização do sensível e
o (des)equilíbrio entre natureza humana, sensibilidade e educação estética do homem, tendo as cartas de Schiller como
universo de reflexão. Trata-se de uma pesquisa de natureza bibliográfica, de caráter exploratório-descritivo. As
premissas apresentadas no presente estudo apontam que as questões suscitadas pelo filósofo continuam atuais à
compreensão sobre como a formação estética dialoga com a constituição das subjetividades, da moral e,
principalmente, com a valorização das sensibilidades enquanto mobilizadoras da existência humana.
Palavras-chave: Educação. Estética. Sensibilidades. Schiller.
Abstract: In this article, we reflect on the aesthetic formation of man from the dialogue established between Friedrich Schiller and
the Duke of Augustenburg, what we know today as the letters of Schiller. We try to problematize some theoretical
assumptions present in these letters regarding the subject and how this constructions shapes subjectivity from aesthetic
sensations. The objective of this research is to understand the
(de) appreciation of the sensitive and the
(dis)
equilibrium between human nature, sensibility and aesthetic education of man, with Schiller's letters as a universe of
reflection. It is a research of a bibliographic nature, of an exploratory-descriptive nature. The premises presented in the
present study point out that the questions raised by the philosopher are still present to the understanding of how
aesthetic formation dialogues with the constitution of subjectivities, morality and, above all, with the appreciation of
sensitivities as mobilizers of human existence.
Keywords: Education. Aesthetics. Sensitivities. Schiller.
Resumen: En este artículo reflexionamos sobre la formación estética del hombre a partir del diálogo establecido entre Friedrich
Schiller y el duque de Augustenburg, lo que hoy conocemos como las cartas de Schiller. Buscamos problematizar
algunas presuposiciones teóricas en estas cartas sobre la persona y cómo construye su subjetividad basada en
sensaciones estéticas. Se supone, en la presente investigación, el objetivo de comprender la (des) valoración de lo
sensible y el (des) equilibrio entre la naturaleza humana, la sensibilidad y la educación estética del hombre, teniendo
las cartas de Schiller como un universo de reflexión. Esta es una investigación bibliográfica, exploratoria y descriptiva.
Las premisas presentadas en el presente estudio señalan que las preguntas planteadas por el filósofo siguen vigentes
para comprender cómo la formación estética dialoga con la constitución de subjetividades, morales y, especialmente,
con la apreciación de las sensibilidades como movilizadores de la existencia humana.
Palabras clave: Educación. Estética. Sensibilidades. Schiller.
1 Trata-se de estudo desenvolvido no âmbito do Grupo de Pesquisas Transdisciplinares sobre Estética, Educação e
Cultura (UFPE-CAA/CNPq), durante os anos de 2017 e 2018.
• Recebido em 24 de julho de 2018 • Aprovado em 11 de julho de 2019 • e-ISSN: 2177-5796
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CARVALHO, Mário de Faria; GOMES, Graciele Maria Coelho de Andrade. Da racionalidade à subjetividade: educação estética e
sensibilidades nas cartas de Friedrich Schiller.
1 Introdução
Pensar a intersecção entre educação e subjetividade se traduz no desafio de refletir as
sensibilidades enquanto trajetos de encontro entre esses dois campos. O imaginário coletivo -
mergulhado na perspectiva estática, supostamente neutra e hermética sobre a noção de verdade -
segue traduzindo a capacidade humana de sentir e de dar sentido às coisas enquanto aspecto
excêntrico. Visões de mundo plurais e inacabadas são subjugadas frente à elevação da
racionalidade positivista.
Essas premissas ganham forma em diversos espaços e discursos que cercam a formação
humana. Por outro lado, esse debate reflete o fracasso de se tentar compreender a diversidade da
realidade por uma visão de mundo racional-binária. Considerando o imperativo da superação do
racionalismo puro, consideramos neste estudo a necessidade de novos caminhos à formação da
pessoa, que lhe estimulem a ver/perceber o mundo por uma “razão sensível”, como sugere
Michel Maffesoli (1998).
Nesse sentido, conjecturamos e buscamos apresentar neste ensaio um esboço do que pode
ser considerada uma crítica à valorização do racional enquanto perspectiva permanente e
influenciadora na formação do modo como a pessoa percebe a realidade. Para tanto, partimos da
reflexão a respeito da educação estética do homem, e, assim, problematizamos algumas
possibilidades desse trajeto a partir da filosofia de Friedrich Schiller (1759-1805).
As discussões deste filósofo sobre estética e política, as quais não estão necessariamente
niveladas com as questões da visão kantiana do dever, fundamentaram novos horizontes para
discussões e intersecções entre a estética e as sensibilidades. Contribuíram para uma reflexão
capaz de elevar a arte a uma ciência filosófica que possui potencial de dar forma à alma humana
(SÜSSEKIND, 2011). Reposicionou a liberdade da pessoa a uma dimensão sintonizada e em
equilíbrio com sua subjetividade - condição estabelecida na medida em que este contempla o
belo a partir de seu estado de espírito momentâneo - discute-se a pessoa e o alcance das diversas
sensibilidades por meio de sua auto projeção simbólica. A discussão se torna pertinente na busca
por compreender a formação estética da pessoa e a subjetivação do mundo, aspectos que se
fragilizam frente às exigências sempiternas da racionalidade mecanicista, ainda presentes na
contemporaneidade.
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O racionalismo extremo tem traduzido a imagem de uma pessoa marcada pelo egoísmo e
pelo esquecimento do outro. Trata-se de reafirmar os impulsos pessoais - que são antagônicos à
consideração da subjetividade - enquanto ética primeira. Assim, o egoísmo, a técnica e a
racionalidade positivistas inviabilizam diversas experiências sensíveis e negam a possibilidade da
existência que prioriza os sentidos.
Essa desvalorização do sensível em detrimento da supervalorização do racional, como já
citado anteriormente, aparece de forma cíclica e já era motivo de reflexões desde o século XVIII.
Friedrich Schiller, o filósofo alemão a quem recorremos como fonte teórica para este estudo,
preocupava-se com este fenômeno. Afirmou ser a sensibilidade o ponto chave de suas
proposições (HAUSER, 1995). A sua preocupação com a desconsideração do sensível pela
pessoa e com a violência histórica - referia-se à Revolução Francesa - acaba por ser o cerne de
todo o diálogo estabelecido entre ele e o Duque de Augustenburg, o que conhecemos hoje como
as Cartas de Schiller.
As cartas apresentam aspectos ligados à sociedade da época, final do século XVIII, em
que foram escritas, os quais muito se aproximam de questões vividas na contemporaneidade.
Nessas cartas a arte é apresentada como um meio de se pensar os problemas sociais, a partir de
uma educação estética, a qual objetivaria a formação plena do ser, e que se daria por meio do
equilíbrio entre sentimentos opostos e, ao mesmo tempo, elementares à condição humana, que
são os impulsos, formal e sensível. A estética tornar-se-ia, então, o que é possível vivenciar e
construir a partir da arte, a recriação harmoniosa dos dois impulsos ligados à natureza humana.
O eterno apelo ao positivismo, à pragmática e à técnica, no qual não há espaço para a
emoção e as subjetividades, desperta sentimentos que se associam ao dispensável.
Antagonicamente, enxergamos no retorno às sensibilidades o equilíbrio entre a razão e a emoção,
acreditando ser esta uma definição mais adequada para o que é, de fato, a capacidade humana de
representar a realidade. O mundo subjetivo/emocional tem íntima relação com a construção da
percepção estética das coisas, faz refletir as experiências sensíveis e afetuosas presentes no
cotidiano.
A racionalidade a qual fomos - e ainda somos - sujeitados faz com que percebamos o
mundo sob um olhar negligente, no qual o discurso estritamente racional não nos permite
imaginar, vivê-lo e senti-lo de maneira mais plural e lúdica. Deste modo, a suposta
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imparcialidade e distanciamento frente às experiências estéticas do cotidiano não devem ganhar,
indubitavelmente, mais força.
É com base em tais pressupostos que encontramos a necessidade de se refletir sobre a
educação estética, noção que nos permite pensar um ser livre e completo, integrado
sensivelmente ao mundo. Partindo desta perspectiva, este estudo assume como problemática de
pesquisa o seguinte questionamento: quais as premissas teóricas presentes nas cartas sobre
educação estética e sensibilidades? Ainda, outras questões secundárias se somam a problemática
eleita, tais como: é possível refletir, a partir das cartas de Schiller, a (des)valorização do sensível
e da educação estética? Que questões são suscitadas sobre a díade racionalidade/sensibilidade no
pensamento do autor? Assim, o objetivo geral do presente estudo é de refletir, a partir das cartas
de Schiller, a (des)valorização do sensível e da educação estética.
Propomos, assim, os seguintes objetivos específicos: discutir os conceitos estéticos
presentes nas Cartas de Friedrich Schiller; e propor um debate crítico-estético, a respeito da
(des)valorização do sensível na sociedade contemporânea.
A justificativa por estudar os temas educação estética e (des)valorização do sensível, com
ênfase na obra epistolar sobre estética de Schiller, se deve, principalmente, à necessidade de
equilibrar, problematizar o racional frente ao sensível, pensando a sensibilidade enquanto trajeto
à superação do racional como paradigma fundante da existência humana, ressaltando a
compreensão do mundo a partir das subjetividades e do sensível.
2 Estética e sensibilidade nas cartas de Friedrich Schiller
Pensar o espaço/tempo no qual Friedrich Schiller viveu suas experiências de vida, levando
em consideração as possíveis visões de um momento de agitação política tão intensa como foi o
da Revolução Francesa (1789-1799), leva-nos a compreender o desconforto do filósofo quanto à
depreciação do sensível e, logo, sua defesa pela reconciliação entre racionalidade e sensibilidade
como caminho ao enobrecimento do humano.
Essa reconciliação tratar-se-ia de uma condição refletida enquanto tarefa infinita, jamais
findada no decorrer do processo de formação da pessoa, este que, muitas vezes, segundo Schiller
(2002, p. 36): “ergue-se aquém e além para tomar pela violência aquilo que em sua opinião lhe é
injustamente recusado”. O filósofo compreende a sobreposição da sensibilidade pela
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irracionalidade/força como resultado de um despertar em relação à sua condição de “longa
indolência, [...] ilusão infligida a si próprio” (SCHILLER, 2002, p. 36). Sobre essa condição
Greuel (1994) alude que a pessoa, em sua busca pela autonomia e plenitude, revogaria a si
mesmo e sua subjetividade a partir de uma alienação e um modo de vida repartido.
As premissas schillerianas indicam que a compreensão do ser se faz pelo entendimento da
importância de sua própria existência em congruência com o reconhecimento de sua natureza
mista, percebida a partir de impulsos distintos e elementares à própria condição humana, sendo
eles: o impulso sensível e o impulso formal (SCHILLER, 2002). Tais impulsos fundamentam a
tensão entre a sensibilidade e a razão como constituidoras do ser. Esse conflito é parte presente
no processo de busca pela completude do humano, no modo como se concebe a exterioridade e,
especialmente, sobre como aquele se submete à realidade fora de si, às leis da necessidade.
Esse trajeto perfaz a natureza mista da pessoa. Nele o reconhecimento do ser parte de sua
trajetória histórica e social, assumidas em permanente diálogo. Na tentativa de se compreender o
ser humano a estética pode conduzir o fluxo dos pensamentos. Sob um olhar schilleriano, trata-se
do modo de construir o mundo subjetiva e objetivamente, de estabelecer o que Silva (2001)
denomina de uma teoria baseada em fases evolutivas, a qual busca, a partir da beleza, instituir um
ser livre e em estado de equilíbrio, em harmonia quanto a sua essência sensível e racional, como
aduz Suzuki (2014).
De acordo com Schiller, a natureza sensível da pessoa parte da realidade e da ampliação
de sua percepção sobre o que é visível ou não. É o “estar em nós” e não o “nós no tempo”. É
transformar em mundo o que não passava de forma. Esse trajeto desperta as disposições da
humanidade e constitui outros mundos, uma sensação que afirma quem a pessoa é em um dado
momento e sob um dado olhar (BARBOSA, 2004). Esta noção de tempo é o que Schiller (2002)
denomina como estado, a saber, momento no qual se une, de forma universal, a multiplicidade
das pessoas e de suas particularidades, a imaginação alcançada e construída a partir do olhar
sensível. Naquela dimensão conceitual transborda a natureza da pessoa enquanto ser infinito,
pessoa, e, no estado, eleva-se o
“si mesmo” e suas determinações. Proposição acerca da
convivência entre o racional (pessoa) e o mutável de seu estado, o que Schiller (2002, p. 61) aduz
ao mencionar que “o homem, pois, representando em sua perfeição, seria a unidade duradoura
que permanece eternamente a mesma nas marps da modificação” e “na medida somente em que
se modifica, ele existe; na medida somente em que permanece imutável, ele existe” (SCHILLER,
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2002, p. 56). Em posição oposta, a natureza racional exige a formalidade absoluta desse quadro.
Procura formar o exterior ao mundo de um suposto modo que se permita a constituição de leis
válidas e imutáveis, quebrando a “lógica” do sensível.
Schiller (2002) propõe pensar a racionalidade sem negar a sensibilidade. Defende que esta
seja a tônica da formação humana e que por ela a pessoa seja capaz de alcançar outras visões de
mundo, atribuindo a ele novos significados. A sensibilidade deve provir de uma formação estética
que valorize o humano, a qual deve ter por objetivo desenvolver, simultaneamente, sensibilidade
e razão a partir do belo. Afirma-se, com isso, a importância do saber estético para a formação do
indivíduo e para a superação da técnica positivista e da racionalidade hermética enquanto
máximas do modo pelo qual se conhece e se recria o mundo (BARBOSA, 2004).
Schiller concebe a beleza como ideal superior platônico - eterna e indivisível - que estaria
num ponto de equilíbrio entre o olhar e a experiência (realidade). A beleza platônica tem um
revérbero na obra de arte, nela se constitui e se arranja diversas realidades. Considera a beleza
ideal como único referencial capaz de guiar a sensibilidade e o humano. Valoriza a obra de arte
ao afirmar que: “[...] a beleza no plano da experiência será pelo contrário, eternamente dupla,
porque numa oscilação pode ser perturbado o equilíbrio de duas maneiras” (SCHILLER, 2002, p.
65). Este equilíbrio proposto pela estética surge como uma fusão cuidadosa de dois elementos
que mobilizam o indivíduo: o sentimento e o entendimento.
Ao pensar a estética estamos discutindo a percepção pelos sentidos. De tudo o que afeta o
modo como percebemos as coisas e que ajuda a construir significados capazes de interligar o
campo da razão ao das experiências. Conforme Süssekind (2011), seu potencial está no mundo
sensível, para além da razão, no qual toda experiência cotidiana é potencial e subjetivamente,
uma existência estética. Nesse sentido, é capaz de desafiar o nosso intelecto e formar uma
resposta quanto ao que foi observado ou vivido. Logo, a estética se consolida na sensibilidade do
ser. É, para Schiller, associada ao caminho que leva ao aperfeiçoamento ético-sensível da pessoa.
Quando se pensa os valores estéticos superiores - o belo, o feio, a verdade e outros - que
conseguem instigar a percepção emocional do mundo no espírito do ser, a pessoa alcança um
estado de liberdade irrestrita e se torna equilibrado (SÜSSEKIND, 2005).
Schiller defende reconstituir a unidade da natureza humana e chegar à liberdade pela
unificação dos impulsos antagônicos (SÜSSEKIND, 2011), considerando como nobre aquele que
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desperta para essa possibilidade. Acrescentando, ainda, que no ‘estado estptico’ todos os cidadãos
são livres, independentes. Considerando assim que, neste estado, existe um ‘ideal de igualdade’.
O envolver das sínteses social e política, assim como o caráter simbólico da arte, são
traços mais amplos da beleza e são construídos pela natureza humana, sendo, a beleza, a
dimensão essencial e mais pura de nossa natureza. Para Schiller (2002, p.141): “Só a beleza faz
feliz a todo mundo; e todos os seres experimentam sua magia e todos esquecem a limitação
própria”.
Pela cultura estética a pessoa, além de alcançar mais liberdade, torna-se mais humana e
atinge certo equilíbrio (SÜSSEKIND, 2011). Para Schiller, é por meio da beleza que a pessoa se
aproxima da liberdade, a qual permite o surgimento da ideia de humanidade e une o singular ao
múltiplo, o indivíduo à espécie e o subjetivo ao objetivo. Podemos compreender que todas essas
combinações da beleza são o que influenciam a perceber, na visão de Schiller, que a beleza é ato
(SILVA, 2001), diferentemente da percepção presente na filosofia kantiana em que é algo
puramente metafísico.
Tem-se a beleza como a unificação da natureza sensível e formal (SÜSSEKIND, 2011),
como o entendimento racional da impressão que se tem pela leitura da forma. Assim: “[...] o belo
permite ao homem uma passagem da sensação ao pensamento” (SCHILLER, 2002, p. 96). Trata-
se do ideal de beleza do ser, o que o faz ser completo em si mesmo e o que o liberta da disputa
entre a precisão de espírito e a escassez da matéria. Deste modo, a pessoa em estado de liberdade
é constituída em sua própria subjetividade. Logo, a pessoa é seu próprio fundamento,
permanentemente, e onde apenas pelo desempenho conjunto das suas duas naturezas - racional e
sensível - pode encontrar a existência plena.
Por isso, a experiência estética, ao dar liberdade à pessoa, apresenta-se como terreno fértil
ao conhecimento, permitindo a partir do gosto alcançar a plena subjetividade. Pensamos, assim
como Barbosa (2005), que o gosto consegue favorecer a moralidade ao eliminar obstáculos
externos que evitariam a determinação lógica da vontade. Uma vez que levemos em conta o que
Schiller
(2002) institui como liberdade física, aquela onde apenas se segue a vontade.
Diferentemente da liberdade moral, que nasce como uma nova aspiração, relacionada com a
prudência, a qual seria alcançada nesse trajeto de contemplação e vivências.
Assim pensemos no gosto como particularidade das pessoas consideradas sensíveis e que
são capazes de controlar seus impulsos. É nessa capacidade de manter-se firme e de conter-se,
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que floresce racionalmente a vontade livre e que, conforme Barbosa (2005), desenha as nuances
de Schiller sobre esse ato/potência. O autor ainda define essa noção como liberdade estética,
sendo por essa cultura que a sensibilidade toca a pessoa e esta se recompõe frente a vontades
vazias de sentido decorrentes de sua condição humana em si.
Schiller (2002) distingue a subjetividade da pessoa e sua existência a partir de um acordo
interior, ou seja, consigo mesma, uma vez que ao reconhecer o fato daquela ser fundamentada em
si, não seria possível tentar ser o que não se é, na experiência. Somos também o que sentimos,
sem haver espaço para o ‘estar fora de si’. A pessoa entenderia seu ‘ser sensível’ e o seu ‘ser
formal’. É por meio da interação entre esses impulsos que Schiller (2002) alude a um terceiro, o
que seria capaz de trazer harmonia para os citados anteriormente. Trata-se do ‘impulso l~dico’,
algo exterior à pessoa e à arte e que surge pela estética. O lúdico, segundo Nunes (2006, p. 55),
“liberta o homem do julgo da natureza exterior e das exigências racionais exclusivistas”. É uma
força livre, de ordem espiritual, que harmoniza a matéria que está nos sentidos com a forma que é
ação do pensamento.
Deste modo, a educação estética da pessoa parte do equilíbrio dos impulsos presentes em
nossa natureza mista, colocados por Schiller em suas cartas sobre a estética, nas quais o autor
pensa o uso do recurso estético em nossa constituição enquanto indivíduos. Esta acontece por
meio da intermediação do belo. A obra de arte é o instrumento de aperfeiçoamento, é vista como
um instrumento em transformação constante, que assimila e ressignifica o mundo. Trata-se de um
ser formado por prazeres, que são vividos a partir dos sentimentos e dos sentidos construídos pela
e na própria pessoa, em seu refinamento, que transcende sua condição técnica e racional.
3 O retorno do sensível: formação estética do homem e outras nuances schillerianas
Aprofundando-se na discussão trazida nas cartas de Schiller de número cinco e número
seis, que abordam o desligamento ou a falta de entrosamento que existiria entre o mundo e os
sujeitos à margem dele, consegue-se visualizar alguns reflexos da consideração desses indivíduos
como o outro, aspectos que se fundamentam em uma visão de mundo hegemônica, burguesa e
ocidental. Este modelo de relação não poderia permitir que os seres humanos tivessem trilhado
um caminho menos amargo tal qual o que se tem percorrido, nem permitir, também, que as leis
fossem tão mal recebidas pela população como são hoje em dia, resultado característico das
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discrepâncias sociais permitidas por representantes do povo, que não pensam a multiplicidade
social que compõe a sociedade.
Assim, as sociedades - marcadas pela desvalorização do que é ligado à subjetividade -
tendem a realçar o egoísmo frente às virtudes, como o amor e o altruísmo (HAUSER, 1995). A
formação sensível, decorrente do trajeto estético, torna-se uma maneira possível de repensar o
viver em coletividade e proporcionar novas perspectivas para lidar com os problemas advindos
do modelo de vida racional-binário que nos foi imposto. Contribui com a compreensão das
múltiplas identidades das pessoas, tal como as encontradas nas cartas schillerianas, representadas
pelo autor como selvagens, bárbaras ou cultivadas.
A ideia de ‘selvagem’ p representada pela postura humana na qual o sentimento impera
sobre os princípios, que eleva a natureza e despreza a arte. É como pensar naquele que, no
convívio social, põe seus anseios acima do equilíbrio cósmico, assemelhando-se a um ser
irracional e assim sendo conhecido pela sua selvageria. Enquanto a imagem do
‘bárbaro’
corresponde àquele que destrói em função de seus egoísmos e assim acaba por macular a natureza
e o sensível. Aproxima-se do ser capaz de cometer atrocidades e justificá-las a partir de uma
racionalidade exacerbada, exterminando os que vão em desencontro a ela. Diferencia-se do
‘selvagem’ a partir da ação movida pela racionalidade, enquanto o primeiro age pela emoção. E,
por fim a pessoa ‘cultivada’, se traduz naquele que consegue pôr rédeas ao seu arbítrio, é capaz
de honrar a liberdade e é amigo da natureza (SCHILLER, 2002). É, este último, o ser forjado no
equilíbrio entre o que existe em excesso nos dois primeiros.
Cada ser humano se insere e participa do contexto social de um modo diferente. Suas
visões particulares sobre o mundo e o modo como o desejo surge em cada indivíduo acabam por
marcar esse trajeto. Assim, o paradigma do ‘estar junto’, certamente, reside na sobreposição da
razão e na priorização dos desejos e vontades particulares a partir da convivência coletiva
harmônica e sensível (HAUSER, 1995). Tem-se por vontade, a “faculdade de se determinar a si
mesmo o agir em conformidade com a representação de certas leis” (KANT, 2007, p. 67), e
considerando, também, que “a vontade não está, pois, simplesmente submetida à lei, mas o está
de tal maneira que possa ser também considerada legisladora ela mesma, e, precisamente por
isso, então submetida j lei, (de que ela mesma pode ser considerada como autora)” (KANT,
2007, p. 72). Para o autor, vislumbramos o agir pela razão - ou o agir moral - enquanto
premissas ao ‘estar no mundo’. Desta forma, a razão kantiana, como guia para a vontade
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propulsora do sucesso na perspectiva de uma vida ética, conforme o pensamento aristotélico,
encontraria nas sensibilidades a possibilidade de convergência entre o que é comensurável e o
que é ligado à subjetividade.
Agora, pensamos na moral como aquela que se constitui exteriormente à pessoa, e que o
ser moral é aquele que age a partir de seu julgamento de valor responsável. Assim, age-se a partir
da consciência que se tem sobre o que é equitativo ou não, mal ou bom, e pode-se dizer que a
moral não segue o impulso do desejo e, portanto, a pessoa fora da moral obedece irracionalmente
à sua força de realização e aceita e participa de atos egoístas, chegando, desta forma, cada vez
mais longe da liberdade que tanto almejamos. Para Kant (2007), a moral é responsável por
regular a maneira como cada um age, tanto em conjunto como individualmente dentro da
sociedade, por enquanto a ética estaria ligada ao dever, principalmente o de liberdade, assim
como a coexistência com a felicidade e a virtude.
Compreender a liberdade é começar a entender nossas vontades e o modo como elas são
conduzidas frente à vontade do outro, o que, ao ser malconduzido, pode promover conflitos. De
acordo com Porta (2002, p. 122), experimentamos algumas possibilidades de liberdade e de
vontade, a partir das quais:
O ser livre não é aquele que age sem lei alguma, mas aquele que impõe a si mesmo a sua
própria lei. Em consequência, um ser livre é um ser racional e vice-versa. A vontade é
um modo de causalidade próprio dos seres racionais. A liberdade é uma propriedade da
vontade. O que é livre ou não é a vontade. A vontade é livre quando se autodetermina.
Uma vontade livre é uma vontade autônoma. Vontade livre e vontade submetida às leis
morais são para Kant a mesma coisa. A lei moral não é outra coisa que a legalidade de
uma vontade livre.
A formação ética e moral está baseada na intenção do agir. Necessitam refletir valores. É
nesse contexto que Vaz (1988) define a ética (ethos) como sendo o espaço no qual se constrói o
ser humano, um lugar sólido e estável erguido pela própria pessoa por meio das leis, dos
costumes e das normas. A ética é, ao mesmo tempo, marcada pela subjetividade e firma um
conhecimento por meio do qual somos capazes de diferenciar e dar sentido às coisas e à
realidade. Logo, ela circunda o caráter de cada pessoa e rege o comportamento do ser, não o
deixando ser influenciado frente às condutas que não condizem com seus padrões morais.
Assim, a pessoa moral é diferenciada de acordo com sua capacidade de julgar e se
posicionar a partir destes valores. Em relação ao modo do ser humano se situar na sociedade,
Schiller ainda levanta a questão de se fazer uma Constituição, para pessoas que não foram
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educadas para compreendê-la, e vivê-la sem sair de sua liberdade tanto política quanto social,
reforçando o enobrecimento do caráter como base para essas discussões:
A liberdade política e social é e será sempre o mais sagrado dos bens, o mais digno
objectivo de todos os esforços e a ideia essencial de toda a civilização. Mas este
grandioso edifício só poderá ser construído sobre o terreno firme de carácter enobrecido,
e será preciso começar por criar cidadãos para uma constituição, antes de poder dar a
esses cidadãos uma constituição (SCHILLER, 2002, p. 169).
Ao pensar a imagem enobrecida do ser humano - a qual não é imposta, mas apreendida
no diálogo entre o eu, a realidade e o outro - percebemos, a partir da visão nietzschiana, que cada
pessoa termina por inibir seus instintos para sobreviver à burocracia do Estado, sendo por meio
do medo que ela abdica de elementos de sua natureza humana. Observa-se que a maldade, por
exemplo, desconsiderada enquanto parte de nossa natureza, não é trabalhada, e, logo,
materializada em atos. Assim, a repreensão acaba por domar a pessoa, mas não a torná-la melhor,
fazendo do bem um resultado da falta de oportunidades de exercer o mal e não um estado de
espírito que se sente, ou, em outros termos, a bondade enquanto parte da existência. Trata-se de
uma cultura que se molda a partir da ideia de um Deus credor e do homem como eterno devedor,
que é levada adiante nesta domação do ser e da má formação de sua consciência, o que Nietzsche
(1998) relatou ao afirmar que tal prática deixou o ser humano fraco e doente, arrebatando suas
forças, sua liberdade e, por fim, sua subjetividade.
A pessoa desenvolve duas tendências psíquicas diante da constatação da impossibilidade
do existir sem ser: a primeira é a submissa, onde se obedece a contragosto o que lhe é imposto,
possível de expressar rebeldia sobre o fato consumado, o que levaria a sociedade ao caos. A
segunda tendência é domada, aquela que foi vencida pelo cansaço doloroso da vida no mundo.
Segundo Lukács (2003), Schiller em suas reflexões estéticas superiores acaba por chegar a mais
essencial das questões da filosofia clássica, que é compreender a necessidade de se recriar
intelectualmente a pessoa em si própria, e que acabou por ser socialmente aniquilado ou
subdividido em princípios parciais. Nesse processo de recriar, podemos perceber a necessidade
da arte, conforme trazido por Silva (2001), na qual, a partir de princípios éticos, é capaz de levar
a um mundo menos repartido e confuso, um acabamento sensível do ser humano, o qual se
apresenta na própria beleza.
É com base nessa visão sensível que as subjetividades e as representações de mundo são
consideradas. A pessoa começa a entender e a dar sentido ao que faz e ao que seria o seu dever.
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e sensibilidades nas cartas de Friedrich Schiller.
Assim, a educação estética se encaminha a um entendimento cada vez mais assente em relação à
sua contribuição para que cada ser se veja pertencente ao mundo
(SUZUKI, 2014). É a
sensibilidade dessa proposta que nos faz aceitar e tambpm compreender que “Quando surge a luz
no homem, deixa de haver noite fora dele; quando se faz silêncio nele, a tempestade amaina no
mundo, e as forças conflituosas da natureza encontram repouso em limites duradouros”
(SCHILLER, 2002, p. 126). Refletindo nessas palavras, a dualística situação da pessoa reside em
encontrar-se em si mesmo ou sucumbir às forças externas a ele e então suprimir suas paixões e os
desfeches tanto de uma quando de outra das situações destacadas.
Considerando a pessoa em sua necessidade de ampliar plenamente suas potencialidades,
pensamos a sensibilidade como sendo o caminho mais seguro e condizente para tal desfecho, uma
vez que essa premissa permite que estabeleçamos uma ponte entre nossa essência e o que é
externo a nós, de modo a obtemperarmos excitações, pensando no que há fora de nós, o que
fazemos todo tempo, com base sempre no que a temporalidade nos tornou. Sendo esse, talvez, o
ponto por onde “sabemos que a sensibilidade da mente depende, segundo seu grau, da vivacidade
e, segundo sua extensão, da riqueza da imaginação” (SCHILLER, 2002, p. 39) e pelo qual
reconhecemos sua desvalorização no mundo ligada diretamente ao fato de que “o homem sem
forma menospreza toda graça no discurso como sendo suborno, toda finura no trato como sendo
dissimulação, toda delicadeza e grandeza no comportamento como sendo exagero e afetação”
(SCHILLER, 2002, p. 54).
Kant
(1980) em sua obra Crítica da Razão Pura, discute sobre a necessidade da
reconciliação do sensível e do inteligível, perfazendo a beleza tanto o que a pessoa sente quanto o
que ela pensa. A natureza é bela quando parece ter sentido para quem a observa. Não há beleza
sem sensação e sem entendimento. Logo, o belo está presente na natureza e na arte e é a pessoa, a
partir de sua formação estética, que patrocina a aproximação do sensível e do inteligível ao
conciliá-las a partir do olhar.
Assim, a formação estética contribui para constituição moral da pessoa a partir da
intermediação dos recursos sensíveis pelo belo. Nesse trajeto a arte é o instrumento de
aperfeiçoamento das sensações, no qual cada pessoa é assumida como um ser em transformação
constante em relação à forma como percebe a realidade - o que é afirmado não apenas por
Schiller, mas que, também, é afirmado nas palavras de Greuel (1994, p. 154), que: “A arte, em
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todas as suas extensões, é, nesse sentido, o caminho da realização do homem e da transformação
da natureza como suporte da liberdade humana”.
Considerações finais
A conduta do ser humano se constrói e se constitui a partir de sua noção de valores e
julgamentos éticos. Educar-se esteticamente conduz ao agir de acordo com juízos dignificantes de
cada ser em seu convívio com o (a) outro(a). A educação estética é um caminho para a formação
moral, sensível e política de cada homem e mulher; ela oferece suporte para que cada um assuma
e contemple o mundo a partir da sensibilidade, o conhecimento de si mesmo, e perceba seus
desejos de maneira responsável.
A arte, assim como as experiências estéticas advindas de sua contemplação, é como um
suporte à reflexão mais profunda de mundo e de nossa identidade. O impulso lúdico que Schiller
apresenta, por exemplo, é uma importante premissa à compreensão sobre o modo de ver e sentir o
mundo ao libertar-nos da ligeireza e da desvalorização que lhe damos e sobre o modo vazio com
que o sentimos.
As experiências sensíveis, ao movimentarem a natureza subjetiva do homem e o modo
pelo qual constrói suas vivências, podem trabalhar memórias prazerosas, livres e ligadas à outra
percepção da pessoa e da realidade. Assim, o racional passaria a compreender as impressões que
o sensível ocasiona em um mesmo instante de tempo. Essa ação seria capaz de retirar a pessoa de
um estado de dormência, de desvalorização de sua essência sensível, sempre tão subjugada por
hermenêuticas que reduzem o ser, seu olhar e suas paixões a noções cada vez mais herméticas.
Ao sentir o belo na arte, permitimo-nos liberar e construir novas ideias a respeito do
mundo. Assim como problematizado por Schiller em suas cartas, esse trajeto nos levaria ao
autoconhecimento a partir da convergência do racional e do sensível que o belo é capaz de
provocar sobre quem contempla. Enxergamos o quão intrigante é o caráter enigmático da vida, e
o quanto se faz necessário no aprender a olhar e a sentir as coisas a nossa volta, onde os
comportamentos vão se revelando ao passo que vamos conseguindo ver além do alcance da razão
- das primeiras impressões, consegue-se aprofundar o olhar sobre as subjetividades do ser, sendo
imperioso perceber que não há como se construir tal ato de deleite apenas sendo movidos pela
razão reducionista do ato.
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A contemplação se enriquece ao tornar possível ao observador captar em si mesmo forças
capazes de lhe refinar, a tal ponto que consiga alcançar seu estado de liberdade moral. Desta
forma, homens e mulheres passam a conhecer tanto a sua vontade quanto o espaço do(a) outro(a)
e perceber que deve haver um limite seguro na realização destas vontades, o que só é possível por
meio do conhecimento de nossa própria natureza. Que deve estar bem definida e elevada
eticamente, para que assim possamos compreender as dimensões plurais das sociedades.
Mesmo não tendo sido preocupações de Schiller em suas cartas, a problematização desses
escritos repercute, na contemporaneidade, na leitura do modelo de sociedades capitalistas em que
vivemos, onde o individualismo e a competição podem restringir, significativamente, as ações de
liberdade do prazer das ações humanas. Não nos permitimos sentir o mundo, não nos deixamos
ser afetados(as) pelo que nos sensibiliza.
Logo, observamos que onde não há espaço para o diálogo, a intolerância se sobrepõe,
reina e potencializa o conflito e os antagonismos como marcas do espaço coletivo. Essa premissa
reafirma a busca incessante pela formação estética da pessoa, a qual pode contribuir com o
processo de formação moral de uma sociedade rodeada de vivências binárias e conflituosas.
O ser humano necessita da arte não por ser um exemplo de sofisticação, mas por
reconhecer a pessoa como ser repleto de paixões e que a arte lhe confere a sensibilidade
necessária para lidar com as vicissitudes da existência. Compreender o valor da alteridade, das
trocas, para um(a) se sentir no(a) outro(a), assim como o(a) outro(a) nele(a). Trata-se de, cada vez
mais, afastar-se de noções/pensamentos individual-racionais e pensar o equilíbrio entre o coletivo
e o subjetivo.
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