Artigo
Pesquisa científica: uma abordagem sobre a complementaridade do método
qualitativo1
Scientific research: an approach to the complementarity of the qualitative method
Investigación científica: un enfoque de la complementariedad del método cualitativo
Simaria de Jesus Soares - Universidade Estadual de Montes Claros | Centro de Educação Profissional e
Tecnológica | Montes Claros | MG | Brasil. E-mail: simaria.soares@hotmail.com
Valter Machado da Fonseca - Universidade Federal de Viçosa | PPGE-UFV | Viçosa | MG | Brasil. E-mail:
pesquisa.fonseca@gmail.com
Resumo: Este artigo aborda que a pesquisa qualitativa caracteriza-se pelo desenvolvimento conceitual, de fatos, ideias ou
opiniões, e do entendimento indutivo ou interpretativo, com caráter exploratório, subjetivo e espontâneo, por
meio dos métodos utilizados, à luz dos referenciais teóricos. A análise documental e de conteúdo colaboram
como atribuidores para crítica e seleção de documentos, pelos dados, pelas categorias de análise, para
evidenciação do discurso e do tratamento das informações por meio de indicadores que indiquem a inferência do
pesquisador e da triangulação das informações, com opinião de outros autores. Utilizou-se como metodologia a
análise por meio da revisão de literatura. Os resultados se justificam na afinidade das pesquisas qualitativas e
quantitativas e seu uso para explicação de dados e fenômenos sociais.
Palavras-chave: Análise documental. Análise de conteúdo. Pesquisa qualitativa. Pesquisa quantitativa.
Abstract: This article discusses that the qualitative research is characterized by the conceptual development, of facts, ideas
or opinions, and of the inductive or interpretative understanding, with exploratory, subjective and spontaneous
character, through the methods used, in the light of theoretical references. Documentary and content analysis
collaborate as assigners for critique and selection of documents, by data, by categories of analysis, for discourse
disclosure and information treatment by means of indicators that indicate the inference of the researcher and the
triangulation of information, with opinion of other authors. The literature review was used as methodology. The
results are justified in the affinity of the qualitative and quantitative researches and their use to explain data and
social phenomena.
Keywords: Documentary analysis. Content analysis. Qualitative research. Quantitative research.
Resumen: Este artículo discute que la investigación cualitativa se caracteriza por el desarrollo conceptual, de hechos, ideas
u opiniones, y la comprensión inductiva o interpretativa, exploratoria, subjetiva y espontánea, a través de los
métodos utilizados, a la luz de los referenciales teóricos. El análisis documental y de contenido colaboran como
definidores para crítica y selección de documentos, por los datos, por las categorías de análisis, para evidenciar
el discurso y el tratamiento de las informaciones a través de indicadores que indiquen la inferencia del
investigador y de la triangulación de las informaciones, con opinión de otros autores. Se utilizó, como
metodología, el análisis a través de la revisión de literatura. Los resultados se justifican por la afinidad de las
investigaciones cualitativa y cuantitativa y su uso para explicación de datos y fenómenos sociales.
Palabras clave: Análisis documental. Análisis de contenido. Investigación cualitativa. Investigación cuantitativa.
1 CAPES. PROSUP.
• Recebido em 27 de agosto de 2018 • Aprovado em 02 de maio 2019 • e-ISSN: 2177-5796
DOI: http://dx.doi.org/10.22483/2177-5796.2019v21n3p865-881
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SOARES, Simaria de Jesus; FONSECA, Valter Machado da. Pesquisa científica: uma abordagem sobre a complementaridade do
método qualitativo.
A pesquisa qualitativa, quase sempre, é avaliada como o tipo de metodologia na qual os
conceitos levantados são imensuráveis. De fato, a pesquisa qualitativa se expressa mais pelo
desenvolvimento de conceitos a partir de fatos, ideias ou opiniões, e do entendimento indutivo e
interpretativo que se atribui aos dados descobertos, associados ao problema de pesquisa. Tais
observações também estão no entendimento de Pope e Mays (2005), quando os autores entendem
que a pesquisa qualitativa se vincula às vivências e à interpretação compreendida destes
fenômenos sociais:
A pesquisa qualitativa [...] está relacionada aos significados que as pessoas atribuem às
suas experiências do mundo social e a como as pessoas compreendem esse mundo.
Tenta, portanto, interpretar os fenômenos sociais (interações, comportamentos, etc.) em
termos de sentidos que as pessoas lhes dão; em função disso, é comumente referida
como pesquisa interpretativa (p. 13).
Nesse sentido, confere-se à pesquisa qualitativa, um formato que vai além do que é
previsível, mensurável ou informativo. Tal fato possibilita que, em diversas situações, os dados
quantitativos sejam analisados e contemplados sob uma ótica qualitativa. Tanto a pesquisa
quantitativa quanto a pesquisa qualitativa se erguem sob a abordagem do problema de pesquisa
ordenado, visando de forma diferenciada, à verificação das causas que lhe são atribuídas.
Lüdke e André (2014) destacam que, segundo Bodgan e Biklen (1982), para a verificação
das informações, há uma preocupação com o olhar participante e comportamental do
entrevistado, diferente dos dados lógicos e expresso nas entrevistas e/ou gravações:
A pesquisa qualitativa ou naturalística, segundo Bodgan e Biklen (1982), envolve a
obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação
estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a
perspectiva dos participantes (p. 14).
Esta preocupação se torna ainda mais relevante, quando se atenta para outro ponto, não
menos importante, levantado por Pope e Mays (2005, p. 14), que se refere ao local de pesquisa,
pois “um segundo aspecto distinto da pesquisa qualitativa, e um de seus pontos fortes, p que
estuda pessoas em seus ambientes naturais e não em ambientes artificiais ou experimentais”.
Assim, ao se estudar, o observado ou entrevistado, em seu ambiente natural, possibilita-se uma
análise real dos acontecimentos.
Ao investigar o sujeito, fonte de informações e sua realidade sociopolítica, o pesquisador
encontra e permite-se dispor de métodos variados, de meios e caminhos que ampliem sua
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investigação. Desta forma, os sujeitos revelam dados e expressam o que eles mostram. Para
Minayo (2014, p. 177), “na formulação de uma pesquisa, não é suficiente compreendê-los como
operações lógicas e se estão corretamente concatenados. É preciso, além disso, estender o sentido
histórico e sociológico de sua definição e das combinações que produzem”.
Nesta perspectiva, Pope e Mays (2005, p. 14) veem o pesquisador como participante de
sua análise, imprimindo significado aos elementos quantitativos:
Outro aspecto da pesquisa qualitativa
(enfatizado por alguns autores) é que ela
frequentemente emprega diversos mptodos ou adota uma abordagem “por mptodos
m~ltiplos”. Observar as pessoas em seu próprio território implica, assim, observar,
juntar-se a elas (observação participante), falar com elas (entrevistas, grupos focais e
conversas informais) e ler o que elas escreveram.
A postura firme e coerente do pesquisador garante ao seu trabalho, a ínfima neutralidade
que se exige da pesquisa científica. Salienta-se que, ao traçar um plano de pesquisa, se o
pesquisador não respeita este planejamento, pode se perder em outros desdobramentos
provocados pelo problema e que surgem ao longo do caminho. Minayo (2014, p. 195) também
enfatiza que o perfil do pesquisador deva ser mais dinkmico, apontando que “a investigação
qualitativa requer, como atitudes fundamentais, a abertura, a flexibilidade, a capacidade de
observação e de interação com o grupo de investigadores e com os atores sociais envolvidos”.
Ao comportamento do pesquisador estima-se o grau de alcance de sua pesquisa. Ao passo
que seja capaz de cruzar elementos quantitativos e qualitativos, interpretando os dados sob sua
observação e análise participante, imprimindo em suas apreciações, o reflexo de sua postura
crítica, criativa, flexível e investigativa, imbuída de elementos significativos de sua pesquisa.
Para atingir este fim, este trabalho tem como objetivo abordar sobre a pesquisa qualitativa
como uma metodologia de pesquisa complementar (e não justaposta) à pesquisa quantitativa.
Nesta intenção, argúi-se sobre o levantamento do problema de pesquisa, que norteia esta
atividade: Quais os pontos que justificam a complementaridade das pesquisas qualitativas e
quantitativas e sua utilização para explicação de dados e fenômenos sociais? Para Severino
(1984, p. 111), “a colocação clara do problema desencadeará a formulação da hipótese geral a ser
comprovada no decorrer do raciocínio”.
Apoiando o planejamento e para que haja o delineamento deste estudo, busca-se por meio
da revisão de literatura, elucidar os conceitos, pois “estabelecendo e delimitando o tema do
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trabalho e formulados o problema e a hipótese, o próximo passo é o levantamento da
documentação existente sobre o assunto” (SEVERINO, 1984, p. 113).
Ao fazer a distinção e aproximação das pesquisas qualitativa e quantitativa, no que
consiste o levantamento da literatura sobre o tema, credencia-se o estudo e a verificação dos
elementos investigados. Assim, concorda Severino (p.116):
O papel dos elementos a serem recolhidos será fundamentalmente o de reforçar, apoiar e
justificar as ideias pessoais formuladas pelo autor do trabalho. Estes elementos retirados
das várias fontes dão às várias afirmações do autor, além do material sobre o qual
trabalha, a garantia de maior objetividade fundada no testemunho e na verificação de
outros pensadores.
Neste contexto, firma-se o propósito de se discutir, sob a análise dos teóricos, os
conceitos, as características e a relação entre pesquisa qualitativa e quantitativa, considerando a
sobreposição ou convergência de finalidades destas metodologias.
Desta forma, estabelece-se por meio desse enfoque um planejamento acerca do material
lido, com coleta de anotações e fichamentos do referencial teórico, para se estabelecer uma
interlocução com os objetivos e análise do material. Ao comportamento do pesquisador estima-se
o grau de alcance de sua pesquisa. Ao passo que seja capaz de cruzar elementos quantitativos e
qualitativos, interpretando os dados sob sua observação e análise participante, imprimindo em
suas apreciações, o reflexo de sua postura crítica, flexível, criativa e investigativa, imbuída de
elementos significativos de sua pesquisa.
Pope e Mays (2005) lecionam que “os mptodos qualitativos e quantitativos estão sendo
cada vez mais usados juntos para responder a questões de pesquisa” (p. 14). Tal afirmativa
defende o propósito que se apresenta neste estudo, do fato de que pesquisas quantitativas e
qualitativas são utilizadas concomitantemente para responder de forma complementar, o objeto e
problema de pesquisa. “Em vez de as abordagens quantitativas e qualitativas serem vistas como
opostos metodológicos, cada uma pode ser vista como complementar à outra” (POPE; MAYS,
2005, p. 15).
Bodgan e Biklen (1982) retratam características da pesquisa qualitativa, que confirmam
esta tese, com aspectos relacionados à forma como os dados qualitativos são coletados e da
inferência do pesquisador sobre a informação, no qual imprime sua opinião ao texto, assim como,
o fato de que a preparação e o tratamento dos dados ao longo do processo são mais significativos
que o produto da sua pesquisa. Eles relatam também que o pesquisador produz um olhar mais
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indutivo sobre a análise destes dados, o que garante que a interpretação do pesquisador siga a um
processo indutivo, de registro das suas impressões sobre os acontecimentos apreciados e o
significado resultante da sua análise.
Assim os dados recebem uma nova roupagem, quer sejam observados em seu ambiente
natural ou
(re)significados de acordo com o entendimento do pesquisador, induzindo suas
descobertas a determinados fins. “O universo da atividade humana criadora, afetiva e racional. O
universo das investigações qualitativas é o cotidiano e as experiências do senso comum,
interpretadas e re-interpretadas pelos sujeitos que as vivenciam” (MINAYO, 2014, p. 24).
Igualmente, verte-se sobre o caráter da interpretação e das relações sociais vivenciadas
pelos sujeitos. Toda pesquisa imbui-se dos fatos que a norteiam e se expressa pelos caminhos que
a constroem, surgindo uma questão iminente, sobre o que, de fato, é o método qualitativo? Para
Minayo (2014, p. 57), “O método qualitativo é o que se aplica ao estudo da história, das relações,
das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que
os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e
pensam”.
Para Casarin e Casarin (2012, p. 33), “independentemente do título e do tema pesquisado,
os objetivos de uma pesquisa qualitativa envolvem a descrição de certo fenômeno, caracterizando
sua ocorrência e relacionando-o com outros fatores”. Desta forma, relacionam-se também, objeto
e contexto, na intenção de se colaborar e em explicar o que se pesquisa. Dessa forma, Minayo
(2014, p. 22-23) defende que:
O objeto principal de discussão são as Metodologias de Pesquisa Qualitativa, entendidas
como aquelas capazes de incorporar a questão do SIGNIFICADO e da
INTENCIONALIDADE como inerentes aos atos, às relações, e às estruturas sociais,
sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação, como
construções humanas significativas.
Para inferir sobre o conceito deste método de pesquisa, Casarin e Casarin
(2012)
estabelecem algumas diretrizes sobre as características da pesquisa qualitativa. Estas
características se envergam sobre aspectos que descrevem a pesquisa qualitativa, com o caráter
de propriedade a que seus resultados se prontificam. Para Casarin e Casarin (2012):
- A ‘subjetividade’ provoca debates e adota novos significados ao assunto investigado.
- O estímulo à ‘multiplicidade’ de opiniões diversas analisa de kngulos diferentes e
esclarecem a realidade.
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- A diversidade de
‘interpretação’ relaciona-se à subjetividade e multiplicidade,
indicando como a pesquisa é investigada.
- A
‘narração’ tem um caráter discursivo, sugestivo e impositivo, o pesquisador
contextualiza e argumenta, inserindo suas convicções para convencimento do leitor.
- Não há estruturação na
‘coleta de dados’, indicando que possa ser fechada ou
padronizada.
- E, por fim, para a análise de dados, a interpretação está sujeita ao tipo de dados
coletados, tendo “como opção, por exemplo, análise de conte~do, análise do discurso e
mptodos hermenêuticos” (p. 36).
Completando as ideias destes autores, Bardin (1977 apud Minayo, 2014, p. 300) traz as
finalidades da análise do método qualitativo como proposta de investigação social, nestes termos:
a) a primeira é heurística. Isto é, insere-se no contexto de descoberta a que a pesquisa se
propõe. b) A segunda p de “administração de provas”, que se realiza por meio do
balizamento entre os achados, as hipóteses ou os pressupostos. c) A terceira é a de
ampliar a compreensão de contextos culturais, ultrapassando-se o nível espontâneo das
mensagens.
Assim, a pesquisa qualitativa vai da descoberta à compreensão dos fatos no contexto
cultural, pela interpretação dos fatos encontrados, extrapola a quantificação das informações por
meio da indução e argumentação e imprime as opiniões do pesquisador.
Dentre os diversos formatos da pesquisa qualitativa, ressaltam
“a pesquisa do tipo
etnográfico e o estudo de caso” (LÜDKE; ANDRÉ, 2014, p. 15), o “roteiro de entrevista, roteiro
para participante e roteiro para discussão de grupos focais”
(MINAYO, 2014, p. 189), “a
observação direta, entrevistas, análise de textos ou documentos e de discursos de comportamento
gravados (fitas de áudio/vídeo)” (POPE; MAYS, 2005, p. 17).
As entrevistas, segundo Pope e Mays (2005), podem ser estruturadas na medida em que os
entrevistadores são treinados e as entrevistas são padronizadas; entrevistas semiestruturadas,
conduzidas mais livremente, com questões abertas, dando espaço para divergências ou
aprofundamentos; entrevistas em profundidade, ainda menos estruturadas e em maior detalhe no
tipo de questionamento.
Pope e Mays (2005) ainda alertam sobre a postura dos entrevistadores, que se esforçam
para serem interativos e sensíveis à linguagem do entrevistado, adaptando-se aos horários e
disponibilidade dos mesmos. Nesta perspectiva, tendem a ir além do que está sendo discutido
naquela lista de questões centrais de temas a serem cobertos, assim, buscam formas de detalhar
outras questões ainda não abordadas na pesquisa, baseando-se nos objetivos de estudo.
Patton (1987 apud Pope e Mays, 2005, p. 23-24) confirma esta ideia, apontando
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[...] que as boas perguntas nas entrevistas qualitativas devem ser abertas, neutras,
sensíveis e claras para o entrevistado. Listou seis tipos de questões que podem ser
perguntadas: aquelas baseadas no comportamento ou na experiência, na opinião ou no
valor, no sentimento, no conhecimento, na experiência sensorial e aquelas sobre detalhes
demográficos ou de formação.
Sendo assim, o pesquisador pode estampar em sua entrevista e no decorrer de seu estudo
qualitativo, outros apontamentos que acreditar necessários ao tema discutido, fomentando novas
discussões e maior mergulho no estudo, agora mais familiarizado. Holstein e Gubrium (1995)
apontam a entrevista como dinâmica, uma vez que o entrevistado recebe apoio ativo do
entrevistador, coletando informações diretas e se construindo narrativas a partir de suas
narrativas.
Patton (1987) revela três táticas para sustentar o controle numa entrevista: “conhecer o
objetivo da entrevista, fazer as perguntas certas para obter a informação necessária e oferecer
feedback verbal e não-verbal adequado” (apud POPE; MAYS, 2005, p. 25-26).
Para ajudar na memória das entrevistas qualitativas são previstos diversos registros, tais
como anotações imediatas, anotações posteriores e gravações em áudio (POPE; MAYS, 2005, p.
26).
Um melhor resultado se procede quando as investigações se dão em grupos e segmentos
delimitados e focalizados, de histórias sociais sob a ótica de atores, de relações e para análises de
discursos e documentos” (MINAYO, 2014, p. 57). Desta forma, ao reunir pensamentos de uma
pessoa ou grupo(s) [grupos focais], elaboram-se conhecimentos que auxiliarão na proposição e
solução aos problemas de pesquisa (LÜDKE; ANDRÉ, 2014).
Os grupos focais são lembrados por Pope e Mays
(2005) como uma forma de
comunicação que favorece a comunicação entre os participantes. Nesse sentido, ao responderem
juntos a uma mesma questão, quebra-se o gelo, os entrevistados interagem ente si, divergem,
debatem e comentam experiências e pontos de vista. O entrevistador atento e de posse de todos os
registros possíveis, pode ressaltar expressões, culturas e normas comuns ao grupo.
Estas observações e registros indicam a sensibilidade do pesquisador e credenciam os
“grupos focais uma técnica de coleta de dados particularmente sensível em termos culturais,
sendo essa a razão pela qual são tão frequentemente na pesquisa intercultural e no trabalho com
minorias ptnicas” (POPE; MAYS, 2005, p. 32).
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As observações e inferências do entrevistador pesquisador não podem acontecer de forma
aleatória ou imprecisa, pois, se houver divergência entre os pesquisadores, a pesquisa perde sua
credibilidade, conforme alertam Pope e Mays (2005, p. 95):
Na pesquisa qualitativa, a indexação dos dados e o desenvolvimento de categorias
analíticas em geral são desempenhados por um único pesquisador. Entretanto, alguns
pesquisadores qualitativos têm prestado atenção à noção de que análises qualitativas
podem carregar um peso maior quando são consistentes entre pesquisadores.
Sendo assim, a pesquisa qualitativa emprega “categorias analíticas para descrever e
explicar fenômenos naturais” (POPE; MAYS, 2005, p. 89). Isso possibilita maior coerência e
consistência na forma como os dados são obtidos.
Um bom pesquisador se coloca como um instrumento de pesquisa e documenta tudo que
observa, sendo que isso transmite a ele maior responsabilidade. Na pesquisa observacional, o
pesquisador de qualidade produz descrições detalhadas daquilo que coleta e da análise dos dados.
Para Pope e Mays (2005), isso exige bem mais que capacidade de observação, exige “boa
memória e um registro claro, detalhado e sistemático” (POPE; MAYS, 2005, p. 46).
A escolha de um tipo de pesquisa não importa na necessidade de exclusão de outrem.
Quanto mais se aprofunda na identidade dos dados, mais análises são possibilitadas e mais
confrontos com a realidade social dos fatos discutidos.
“As pesquisas científicas podem
apresentar aspectos qualitativos e quantitativos, sendo que um pode complementar ou subsidiar o
outro no momento da análise dos resultados obtidos” (CASARIN; CASARIN, 2012, p. 31).
Pope e Mays (2005, p. 15), concordam com o sentido da similaridade e intenções afins
entre estes mptodos, pois “a pesquisa qualitativa não p ~til apenas como o primeiro estágio da
pesquisa quantitativa. Tambpm tem um papel a desempenhar na
“validação” da pesquisa
quantitativa ou no oferecimento de uma perspectiva diferente sobre os mesmos fenômenos
sociais”. Para estes autores, “os insights fornecidos pela pesquisa qualitativa ajudam a interpretar
ou a compreender mais completamente os dados quantitativos” (POPE; MAYS, 2005, p. 15).
Além de a pesquisa qualitativa completar o trabalho quantitativo, ela pode incrementar estudos
sociais, não alcançados pela pesquisa quantitativa.
Esclarece Minayo (2014) que, nesta comparação, não há prioridade de um método sobre
outro. Cada um “tem seu papel, seu lugar e sua adequação”, sendo que “ambos pode conduzir a
resultados importantes sobre a realidade social” (MINAYO, 2014, p. 57). Já para Casarin e
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Casarin (2012), na pesquisa qualitativa não há priorização da contagem dos dados e informações,
há maior preocupação com a descrição sobre modelos matemáticos e estatísticos e conforme
Minayo (2014), “a dialptica assume que a qualidade dos fatos e das relações sociais é sua
propriedade inerente e que quantidade e qualidade são inseparáveis e interdependentes” (p. 25).
Sendo assim, para Severino (1984), a interpretação é também apropriação das ideias, é o diálogo
com o autor e com sua produção, é explorar a produção e transformá-la em outros
desdobramentos.
Em síntese, Minayo (2014, p. 76) indica que a experiência de trabalho com as abordagens
qualitativas e quantitativas indica que:
1) elas não são incompatíveis e podem ser integradas num mesmo projeto de pesquisa;
2) uma investigação de cunho quantitativo pode ensejar questões passíveis de serem
respondidas só por meio de estudos qualitativos, trazendo-lhe um acréscimo
compreensivo e vice-versa; 3) que o arcabouço qualitativo é o que melhor se coaduna a
estudos de situações particulares, grupos específicos e universos simbólicos; 4) que todo
o conhecimento do social (por método quantitativo ou qualitativo) sempre será um
recorte, uma redução ou uma aproximação; 5) que em lugar de se oporem, os estudos
quantitativos e qualitativos, quando feitos em conjunto, promovem uma mais elaborada
e completa construção da realidade, ensejando o desenvolvimento de teorias e de novas
técnicas cooperativas.
Enfim, apesar de as abordagens qualitativas e quantitativas confluírem ao interesse do
estudo e, se completarem em questão de sentido, informação e conhecimento mais elaborados,
para contribuir com essa análise outras formas de investigação são necessárias para melhorar o
entendimento da peculiaridade de integração entre os métodos de pesquisa. A saber, serão
descritas as intenções de análise do material coletado, em forma de análise documental e de
conteúdo e da necessidade de seleção e categorização dos dados informados nos documentos
pesquisados.
A análise documental inicia quando se decide quais fontes serão utilizadas no trabalho.
Sendo assim, os dados contidos nos materiais, ainda não foram tratados como informação são
dados crus, considerados matéria prima. Cabe ao pesquisador, analisar os documentos e retirar
deles as informações e fazer as inferências sobre o mesmo. Por este motivo, promove-se uma
relação de observação e projeção do que pode ser feito a partir da escolha e dos elementos
extraídos a partir deles.
Sendo assim, observaram-se quais materiais estavam disponíveis ao acesso e exploração
para a pesquisa e se estabeleceu com estes documentos, as possíveis interpretações e análises,
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assim como a eleição das categorias para as reflexões a que esse trabalho se propõe. A pesquisa
em documentos pode revelar aspectos e gerar diversas categorias de interpretação. Os
documentos podem se apresentar em forma escrita, visual ou audiovisual, registradas, por meio
de filmes, fotografias, anotações, que possam ser utilizados como recurso de informação sobre o
comportamento humano (LÜDKE; ANDRÉ, 2014; CASARIN; CASARIN, 2012; MINAYO,
2014).
A fim de analisar os dados que os documentos encerram, torna-se necessário estabelecer
uma sequência de ações planejadas, nas quais se determinam técnicas, procedimentos e fases do
planejamento, a fim de organizar os dados, as categorias de análise e extrair as informações, por
meio da análise. Para Lüdke e André (2014, p. 45), “a análise documental pode se constituir
numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando e informações à
luz dos referenciais teóricos obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um
tema ou problema”. Isso porque os dados ali guardados ainda não receberam quaisquer
tratamentos, sendo consideradas fontes primárias de pesquisa.
Pimentel (2001, p. 180) considera “estudos baseados em documentos como material
primordial, sejam revisões bibliográficas, sejam pesquisas historiográficas, extraem deles toda a
análise, organizando-os e interpretando-os segundo os objetivos da investigação proposta”. Isso
demonstra que cabe ao investigador extrair diversas informações do documento em questão, no
qual se pode inferir sobre o documento e categorizar a sua análise sob uma pluralidade de
olhares, ou seja, a observação dos dados quantitativos somadas às análises quantitativas e pela
inferência do pesquisador, que tratam os dados e os transforma em informação científica.
Nesses termos, Pimentel (2001, p. 180) destaca que:
[...] trata-se de um processo de garimpagem: se as categorias de análise dependem dos
documentos, eles precisam ser encontrados, extraídos das prateleiras, receber um
tratamento que, orientado pelo problema proposto pela pesquisa, estabeleça a montagem
das peças, como num quebra-cabeça.
Desta forma, a análise do documento torna-se um importante instrumento nas mãos do
pesquisador que pode prospectar informações e burilar os seus achados conforme o interesse de
sua pesquisa, ao qual se somam os resultados e se encontram novas respostas aos dados que antes
poderiam ser chamados de dados primários. A análise documental pode, então, ser definida como
“uma operação ou um conjunto de operações visando representar o conte~do de um documento
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método qualitativo.
sob uma forma diferente da original, a fim de facilitar num estado ulterior, a sua consulta e
referenciação” (BARDIN, 1977, p. 45).
A pesquisa em documentos é assim, por dizer, a extração da informação por trás dos
dados, seguida da inferência do pesquisador no tratamento da informação, o que atribui ao estudo
um caráter inovador e expressivo da identidade do investigador, capaz de retirar dos documentos,
as impressões e sentidos que o mesmo possibilita. Nesse sentido, Bardin (1977, p. 46) afirma que
“a análise documental p, portanto, uma fase preliminar da constituição de um serviço de
documentação ou de um banco de dados”. Desta forma, enverga-se sobre os documentos
selecionados uma lista de ponderações e possíveis hipóteses para trabalhar sobre o material
recolhido.
Faz-se necessário, assim, que o investigador, de posse dos dados retirados dos
documentos, se proponha a organizar o material coletado. Para Pimentel
(2001, p.
184),
“organizar o material significa processar a leitura segundo critprios da análise de conte~do,
comportando algumas técnicas, tais como fichamento, levantamento quantitativo e qualitativo de
termos e assuntos recorrentes, criação de códigos para facilitar o controle e manuseio”. De posse
destes dados, há enfim, a necessidade de tratá-los, pela interpretação e pela inferência nas
informações. Para tanto, ampara-se em outra forma de análise para dar continuidade ao
tratamento dos dados, por meio da eleição de categorias de análise, das inferências sobre tais
categorias e pela análise de conteúdo.
Por meio da análise de conteúdo, busca-se interpretar os dados, estruturar informações a
partir dos dados coletados, elencar as categorias de análise, construir conhecimento a partir
dessas categorias e analisar o discurso, informado no material pesquisado. Ao pesquisador cabe a
tarefa de criar etapas para esta análise, cujo processo possa servir de interlocução entre a
mensagem e o documento, e que surjam desta reflexão, os indicadores para a análise do discurso.
Segundo Franco (2003), a análise de conteúdo tem como base a criticidade e o dinamismo
do discurso, interpretados como expressão e representação social, cultural e existencial da
linguagem, pensamento e ação de uma sociedade. Os dados dos documentos são interpretados à
luz do que acontece na sociedade, ou seja, com base no reflexo sociocultural em que os dados e
as informações se instalam.
Sendo assim, “a análise de conte~do requer que as descobertas tenham relevkncia teórica”
(FRANCO, 2003, p. 16). Pois, de nada adianta, que se faça apenas uma leitura de dados, torna-se
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necessário que as informações dali retiradas sejam carregadas de representações que dialoguem
com outros autores e fomentem discussões e aprofundamento dos conhecimentos, características
da análise qualitativa. “Uma informação puramente descritiva não relacionada a outros atributos
ou às características do emissor é de pequeno valor. Um dado sobre o conteúdo de uma
mensagem deve, necessariamente, estar relacionado, no mínimo, a outro dado” (FRANCO, 2003,
p. 16).
Desta forma, a análise de conteúdo deve conversar com os dados dos documentos e
concomitantemente, se interpor com os referenciais teóricos, pois a “análise de conte~do p um
procedimento de pesquisa que se situa em um delineamento mais amplo da teoria da
comunicação e tem como ponto de partida a mensagem” (FRANCO, 2003, p. 20). A mensagem
subentendida nos documentos exige do pesquisador o olhar indutivo que permite por meio do
registro e da interlocução entre o que o documento informa e o significado da mensagem que
resulta da sua análise.
Esta mensagem serve de gatilho para os significados presentes no discurso. Uma única
mensagem pode trazer embutida uma diversidade de significados, pois pode traduzir os
sentimentos do investigador ou de cada indivíduo que a interpreta, analisando itens ou pontos
distintos dentro de uma mesma estrutura. Para Bardin (1977, p. 38), “a intenção da análise de
conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou eventualmente,
de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não)”. As inferências ou
deduções elaboradas pelo pesquisador debruçam-se, pois, sobre o rol de elementos de análise até
a forma como os conteúdos são selecionados e sobre os quais o investigador versa elementos
próprios e de outros autores.
Assim, “a análise de conteúdo aparece como um conjunto de técnicas de análise das
comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das
mensagens” (BARDIN, 1977, p. 38). Compreende-se então, que os resultados obtidos por meio
da análise devam responder aos objetivos, problemas ou finalidades do discurso e avançar sobre a
contextualização das inferências delimitadas pelo sujeito da análise, ou ainda, implícitas no
discurso.
Nessa mesma perspectiva, Franco (2003, p. 49) também afirma que:
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Da mesma forma que acontece com o conteúdo latente, podem existir temas não
explicitamente mencionados, mas subjacentes às mensagens, passíveis de observação
por parte do investigador e cuja frequência de ocorrência passa a ser, também, um
elemento indispensável para que se possa efetuar uma análise mais consistente e uma
interpretação mais significativa.
Para que a interpretação seja mais significativa, o pesquisador deve estabelecer categorias
de análise que classifiquem partes do todo, seguindo a uma lógica de organização e pensamento.
“A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por
diferenciação seguida de um reagrupamento baseado em analogias, a partir de critprios definidos”
(FRANCO, 2003, p. 51). Bardin (1977, p. 30-31) também corrobora com esta ideia ao afirmar
que “a análise de conte~do [...] p um mptodo muito empírico, dependente do tipo de “fala” a que
se dedica e do tipo de interpretação que se pretende como objectivo”. As categorias podem se
elencar no início do trabalho, ou surgirem ao longo e no avanço das leituras, de acordo com os
objetivos, com os problemas ou hipóteses da pesquisa.
Assim, Franco (2003, p. 54), argumenta que é por meio do conteúdo que vem do discurso
uma vez que:
As categorias vão sendo criadas, à medida que surgem nas respostas, para depois serem
interpretadas à luz das teorias explicativas. Em outras palavras, o conteúdo, que emerge
do discurso, é comparado com algum tipo de teoria. Infere-se, pois, das diferentes
“falas”, diferentes concepções de mundo, de sociedade, de escola, de indivíduo, etc.
Desta forma, os discursos que se manifestam pela análise, são indicativos de que outros
discursos possam surgir por meio das inferências do pesquisador. Franco (2003, p. 55) defende
que “as categorias iniciais, fragmentadas e extremamente analíticas, passaram a ser indicadoras
de categorias mais amplas que, ao serem formuladas, passaram igualmente, a incorporar
pressupostos teóricos”, isto p, “compreendeu-se que a característica da análise de conteúdo é a
inferência (variáveis de inferência ao nível da mensagem), que as modalidades de inferência se
baseiem ou não, em indicadores quantitativos” (BARDIN, 1977, p. 116). A ampliação da
discussão, novos debates e novos olhares expressam aprofundamento da análise e parecem
inesgotáveis ou sujeitos a novos parâmetros de análise.
Verifica-se, mais uma vez, a necessidade de criar categorias de análise na tentativa de
cercar a análise à exaustão de discussão. “A categorização é uma operação de classificação de
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elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento
segundo o gênero (analogia), com os critprios previamente definidos” (BARDIN, 1977, p. 117) e
“tem como primeiro objectivo (da mesma maneira que a análise documental) fornecer por
condensação, uma representação simplificada dos dados brutos” (BARDIN, 1977, p. 119).
A partir dessas colocações, Bardin (1977, p. 137) também comenta que:
Por outras palavras, a análise de conteúdo constitui um bom instrumento de indução para
se investigarem as causas
(variáveis inferidas) a partir dos efeitos
(variáveis de
inferência ou indicadores; referências no texto), embora o inverso, predizer os efeitos a
partir de factores conhecidos, ainda se esteja ao alcance das nossas capacidades.
Importante salientar que, durante todo o processo de categorização, é imprescindível que
se conecte e se dialogue com os teóricos relacionados com a investigação, discurso e contexto,
para que as bases teóricas deem significado e credibilidade ao estudo, o que possibilita provável
relação de sentido e confiança ao estudo.
Analisar aspectos qualitativos não é uma mera atividade. Para sua execução, precisa-se
ater com rigor, método e ordem para se atingir o grau de reflexão esperado para os dados
coletados. A capacidade, o treinamento e a experiência do pesquisador definirão a análise do
trabalho a ser desenvolvida. O entendimento qualitativo é indutivo, interpretativo e
argumentativo, o que possibilita ir além do mensurável ou meramente informativo, escapando
daquilo que seja previsível. Outra característica marcante deste processo é que além de analisar
fenômenos sociais, busca em forma de pesquisa interpretativa, os significados, enfatizando mais
intensamente o processo que o produto.
Este significado pode ser atribuído à análise de conte~do, pois “a análise de conte~do
pode ser uma análise dos “significados” (exemplo: a análise temática), embora possa ser tambpm
uma análise dos “significantes” (análise lpxica, análise dos procedimentos)” (BARDIN, 1977, p.
34). Do pesquisador qualitativo exige-se uma postura firme, seu caráter é dinâmico e se expressa,
participante de sua análise. Embora haja um embate entre alguns autores que apontam um
paradigma distinto à pesquisa qualitativa contra aqueles que defendem a inexistência da
separação entre as filosofias, o que se percebe é que a pesquisa quantitativa pode ser analisada
sob a ótica qualitativa e que as pesquisas qualitativas e quantitativas, são comumente utilizadas
concomitantemente.
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Em suma, pode-se dizer que, ao compararmos as pesquisas, percebe-se que as mesmas são
complementares, indicando interação na abordagem de pesquisa; as pesquisas podem fornecer
insumos para explicar a outra, dando maior compreensão e reflexão sobre os dados; a pesquisa
qualitativa está mais voltada para compreender realidades de grupos sociais, mas ainda assim
indicará uma parte do todo, uma amostra aproximada da situação real vivenciada; e, enfim, que
ao invés de se justaporem, as pesquisas, juntas, podem traçar um ideário mais completo e
aproximado do que é real, o que é positivo ao completo desenvolvimento da pesquisa.
Sendo assim, vê-se presente também, a análise documental que realiza a varredura dos
termos em forma de categorias de análise dos documentos, sob a análise de conteúdo que observa
o discurso e as inferências sobre esse tipo de mensagem. Sendo que, enquanto a análise
documental representa um resumo da informação, sem o tratamento dos dados, a análise de
conteúdo, ressalta o tratamento do discurso para que seja evidenciada a inferência sobre os
indicadores e não da mensagem
(BARDIN,
1977). Mais uma vez se demonstra a
complementaridade de dados, análises e informações, na convergência e triangulação das
abordagens identificadas para esta análise.
Por fim, a alternativa mais esclarecedora da afinidade existente entre estas vertentes é
quando se completam, com a intenção de sistematizar e concatenar ideias, corroborando
resultados, a partir da elaboração e da prospecção de documentos, por meio da leitura flutuante,
da escolha dos documentos, da formulação das hipóteses e dos objetivos, da elaboração dos
indicadores e da preparação do material (BARDIN, 1977). Isso caracteriza o confronto entre a
intenção de pesquisa e a realidade da análise documental, no qual ainda se fará a análise de
conteúdo segundo as categorias definidas.
Conclusões
Partindo dos apontamentos provocados por este estudo, pode-se concluir que tanto a
pesquisa qualitativa quanto a pesquisa quantitativa, necessitam uma da outra. Os métodos não são
excludentes e ambas partem de um problema, em busca de solução ou resposta.
No entanto, analisar aspectos qualitativos não é uma mera atividade. Para sua execução,
precisa-se ater com rigor, método e ordem para se atingir o grau de reflexão esperado para os
dados coletados. A capacidade, o treinamento e a experiência do pesquisador definirão a
qualidade da análise e do trabalho desenvolvido.
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O entendimento qualitativo é indutivo, interpretativo e argumentativo, o que possibilita ir
além do mensurável ou meramente informativo, escapando daquilo que seja previsível. Outra
característica marcante deste processo é que além de analisar fenômenos sociais, busca em forma
de pesquisa interpretativa, os significados, enfatizando mais intensamente o processo que o
produto.
Do pesquisador qualitativo exige-se uma postura firme, seu caráter é dinâmico e se
expressa, participante de sua análise. Embora haja um embate entre alguns autores que apontam
um paradigma distinto à pesquisa qualitativa contra aqueles que defendem não existir separação
entre as metodologias, o que se percebe é que a pesquisa quantitativa pode ser analisada sob a
ótica qualitativa e que as pesquisas qualitativas e quantitativas, são comumente utilizadas
concomitantemente.
Em suma, pode-se dizer que, ao compararmos as pesquisas qualitativas e quantitativas,
percebe-se que as duas são complementares, indicando interação na abordagem de pesquisa;
ambas podem fornecer insumos para explicar a outra, dando maior compreensão e reflexão sobre
os dados; a pesquisa qualitativa está mais voltada para compreender realidades de grupos sociais,
mas ainda assim indicará uma parte do todo, uma amostra aproximada da situação real
vivenciada; e enfim, que ao invés de se justaporem, as pesquisas qualitativa e quantitativa, juntas,
podem traçar um ideário mais completo e aproximado do que é real, o que é positivo ao completo
desenvolvimento da pesquisa. Por fim, a afinidade existente entre estas vertentes, é o que se
apresenta pela triangulação de métodos com a intenção de sistematizar e concatenar ideias,
corroborando resultados.
Referências
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