Três melancolias, três olhares: de Ofélia, da malmaridada e de Ramon Llull
DOI:
https://doi.org/10.22484/2318-5694.2016v4n8p223-237Resumo
Este texto parte de reflexões distintas que se encaminham em uma mesma abordagem teórica sobre casuísticas contendo o sentimento melancólico na literatura: 1) o fado de Ofélia no âmbito do drama hamletiano (de sabor medieval tardio), fado este que a leva à morte; 2) a cantiga popular catalã Rossinyol que vas a França, em que uma mulher malmaridada reclama de sua má sorte; e, por fim, 3) o delírio melancólico do escritor e filósofo medieval Ramon Llull. Enquanto as duas primeiras aproximações tratam da “bela sofrida” – Ofélia, a rejeitada e a outra, anônima e malcasada –, a melancolia lluliana se fundamenta na psicose megalomaníaca. A tríade exemplifica, já em períodos de fortes sabores do medievo, recorrências da crise do sujeito sintomaticamente expressas na cultura (aqui, em um escopo sempre literário, ainda que Llull seja analisado sob a ótica psicanalítica de Bassols i Puig). Assim, 1) Ofélia, esfacelada pela incerteza e o repúdio hamletiano, esse homem moderno avant la lettre; 2) a mulher sem nome e angustiada que discretamente responsabiliza o pai pela infelicidade conjugal, e 3) a genialidade de Ramon Llull, hoje o prestigiado pai da literatura da Catalunha, entrecruzam olhares díspares, como setas lançadas em direções variadas, mas que se resvalam: uma para baixo, outra para o alto e a terceira para o Outro.
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