“Pode um homem negro carregar um homem branco?”
colonialidades, cárcere estético e imagens de controle na fotografia de Patrick Hutchinson em atos antirracistas de Londres, em 2020
DOI:
https://doi.org/10.22484/2318-5694.2022v10id5024Palavras-chave:
racismo, fotografia, George Floyd, colonialidades, imagens de controleResumo
Neste artigo, busca-se compreender as disputas políticas na construção dialética da imagem, publicada pela BBC Brasil, de Patrick Hutchinson: homem negro, que carrega um homem branco ferido, nos atos antirracistas realizados em Londres, na Inglaterra, em junho de 2020. Faz-se o debate a partir da reivindicação de olhares negros que decolonizem discursos, inclusive visuais, sobre os corpos de pessoas negras, a partir da crítica às imagens de controle e reflexões sobre cárcere estético. Conclui-se que a fotografia de Patrick Hutchinson, ainda que confira ao negro o lugar ético diante da violência, que não pode ser conferido à branquitude que o violenta, cria amarras sensíveis que atam a negritude à dialética de morte ao acionar imagens que remetem ao passado colonial. Entende-se a importância de reivindicar o rompimento com imagens de controle que, usadas pela branquitude, continuam a desumanizar pessoas pretas na produção de sentidos.
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