O protagonismo da Comissão Brasileiro-Americana de Educação Industrial (1946-1962)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22483/2177-5796.2021v23n3p763-784

Palavras-chave:

Escola Nova, Educação tecnológica, Hegemonia.

Resumo

Sob o ponto de vista do materialismo histórico e dialético, o presente artigo busca analisar o protagonismo da Comissão Brasileiro-Americana de Educação Industrial (CBAI) entre 1946 e 1962, em suas ações de promoção da hegemonia burguesa. Tomando como fonte histórica o Boletim da CBAI, observa-se a ampliação do Estado na interpenetração entre público e privado. A burguesia brasileira movimentou seus intelectuais orgânicos e os empenhou na solidificação do liberalismo, de modo que a inculcação do American way of life fosse guiada pelo americanismo e o fordismo, como na análise de Gramsci. O escolanovismo na educação técnica industrial foi a estratégia que os donos do poder usaram para operar a manutenção da ordem liberal burguesa. O princípio da unificação diferenciadora foi divulgado nestas escolas para entranhar estes pressupostos na mentalidade dos trabalhadores, a fim de manter a sociedade organizada em classes antagônicas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Talita Francieli Bordignon, Universidade Federal de Goiás

Professora Adjunta de História da Educação na Universidade Federal de Goiás (UFG). Doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Mestra em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Bacharel e licenciada em História pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP-Franca) e pedagoga pelo Centro Universitário de Araras "Dr. Edmundo Ulson". 

Referências

AMORIM, Mário Lopes. Da escola técnica de Curitiba à escola técnica federal do Paraná: projeto de formação de uma aristocracia do trabalho (1942 - 1963). São Paulo: USP, 2004.

AZEVEDO, Fernando de. A cultura brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1971.

BECKER, Nair Maria. Seleção e Aquisição de Móveis. Boletim da CBAI, Rio de Janeiro, v. 7, n. 9, p. 1112-1113, set. 1953.

BITTAR, Marisa; FERREIRA JUNIOR, Amarilio. Ativismo pedagógico e princípios da escola do trabalho nos primeiros tempos da educação soviética. Revista Brasileira de Educação, Brasília, v. 20, n. 61, p. 433-456, abr./jun. 2015.

BORDIGNON, Talita F. As ações do Estado brasileiro para o desenvolvimento do ensino industrial no Brasil (1946-1971). 2012. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012.

BORDIGNON, Talita F. Revolução burguesa e ensino profissional: o protagonismo da Comissão Brasileiro-Americana de Educação Industrial (1946-1961). 2018. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2018.

BUCI-GLUCKSMANN, Christine. Gramsci e o estado: por uma teoria materialista da filosofia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

CBAI. Editorial. Fim de ano. Boletim da CBAI, Curitiba, v. 12, n. 3, p. 1, dez. 1958.

CHILDS, Jhon. A democracia e o método educacional. Boletim da CBAI, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 578-580, jan. 1950.

DE DECCA, Edgar. 1930: o silêncio dos vencidos. 4. ed. SP: Brasiliense, 1981.

DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia. Petrópolis: Vozes, 2014.

FERNANDES, Florestan. A revoluçao burguesa no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

FERRIÈRE, Adolphe. A escola ativa. Boletim da CBAI, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 600-601, fev. 1951.

GALVÃO, Jesus Belo. Editorial – Mais um ano de vida. Boletim da CBAI, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 577-577, jan. 1951.

GOMES, Jarbas Maurício. Religião, educação e hegemonia nos Quaderni del Carcere de Antonio Gramsci. 2012. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Maringá, Programa de Pós-Graduação em Educação- Maringá, 2012.

GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos. 2. ed. São Paulo: Schwarcz, 2009.

IANNI, Octavio. O colapso do populismo no Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1975.

JOLL, James. As ideias de Gramsci. São Paulo: Cultrix, 1979.

LOURENÇO FILHO, Manuel Bergstrom. Introdução ao estudo da Escola Nova. São Paulo: Melhoramentos, 1978.

MACHADO, Lucília. R. de S. Politecnia, escola unitária e trabalho. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1989.

NOSELLA, Paolo. A escola de Gramsci. São Paulo: Cortez, 2016.

SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007.

TOTA, Antonio Pedro. O imperialismo sedutor. São Paulo: Cia. Das Letras, 2000.

WESTBROOK, Robert; TEIXEIRA Anísio. John Dewey. Recife: Fundação Joaquim Nabuco; Editora Massangana, 2010.

Downloads

Publicado

05-11-2021

Como Citar

BORDIGNON, Talita Francieli. O protagonismo da Comissão Brasileiro-Americana de Educação Industrial (1946-1962). Quaestio - Revista de Estudos em Educação, Sorocaba, SP, v. 23, n. 3, p. 763–784, 2021. DOI: 10.22483/2177-5796.2021v23n3p763-784. Disponível em: https://periodicos.uniso.br/quaestio/article/view/3813. Acesso em: 3 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos de Demanda