Educação e política
uma análise dialética da educação em tempos de “neutralidade” política
DOI:
https://doi.org/10.22483/2177-5796.2020v22n3p873-891Palavras-chave:
Política, Dialética, EducaçãoResumo
Uma das discussões de maior visibilidade no momento atual na educação brasileira é a proposta de separação, ou defesa da “neutralidade” na relação entre educação e política, levada adiante pelo movimento Escola Sem Partido. Esse artigo se insere nessa discussão com o objetivo principal de problematizar as contradições inerentes a esse debate. Para tanto, utilizamos como metodologia de análise os princípios do materialismo histórico dialético, que nos permitirá explicitar que educação e política como entes separados mostra-se como algo impossível. A educação escolar é política em sua essência, ao ser o espaço de introjeção de normas, conhecimentos e, no modo de produção vigente, é um espaço de lutas. Com isso, vemos que a defesa de uma escola “apolítica” é de interesse de uma política que busca a domesticação de um povo, que, mais do que conseguir criar uma lei específica sobre esse tema, busca inibir qualquer foco de resistência que possa surgir num espaço como a escola.
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